Um dos grandes equívocos no caminho espiritual é a noção de paz. Os homens buscam a iluminação baseando-se nessa noção: "estarei iluminado se estiver em paz". Mas a paz da iluminação não pode ser sentida, porque ela é algo que está além das sensações. Então buscar o caminho buscando sentir paz é uma grande armadilha e um grande desvio.
O portal é o presente, esse momento. Sentindo paz ou não, a realidade do presente é a iluminação. Se o homem conseguir aceitar o presente, a iluminação acontece. A iluminação consiste em uma confiança tão intensa no modo em que o momento se apresenta, que o homem acaba se esbarrando sem querer com Deus. Os caminhos se cruzam.
Toda a história do planeta criou esse momento, do jeito que ele é, para ser do jeito que é. O iluminado pode ver isso e o homem também pode ver se confiar. Quando o homem coloca fé nessa ideia, a porta para a visão se abre, porque o homem é obrigado a confiar. Se o homem confiar que a realidade que está se apresentando a ele de momento a momento foi arquitetada nos mínimos detalhes pela Mão divina, ele acaba enxergando o sincronismo surpreendente que leva à prova disso. Acontece como um acidente. Antes não acontecia porque o homem desconfiava. Então ficava preso e cego nas armadilhas.
Quando o homem confia que esse momento já é iluminado, todas as armadilhas são quebradas. Não há como o homem escapar, não há para onde ir. Não há como desejar algo diferente, todas as rotas de fuga se desfazem. O agora é a iluminação. O que está no peito dele agora é a iluminação. É Deus presente. Mergulhando nesse sentido, ele vai se aproximando...
A paz dos iluminados mora aí. Ela não é uma sensação de paz, é uma compreensão. Eles confiaram tão cegamente na ideia da existência e da bondade de Deus, que passaram a enxergar a sua Mão - o sincronismo absurdamente ilógico que estava passando todos os dias em frente aos seus olhos e que eram incapazes de ver. Quanto mais o homem confia no momento, mais se aproxima do sincronismo. O homem percebe que quando confia na confusão, o propósito da confusão se revela. Quando confia na angústia, o propósito da angústia se revela. O homem é conduzido, pela confiança, ao sincronismo que explica o contexto.
É assim que o homem encontra a paz que excede toda a compreensão. A paz que está na ausência de vento e que também está no meio do furacão. A paz que atravessa noites sombrias com a mesma paixão que atravessa dias tranquilos. A paz que brota da visão da mão de Deus em todos os detalhes da experiência.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~