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sábado, 14 de março de 2015

O Monte Sião


Apesar de todo o desencorajamento por parte do mestre, contando dos sacrifícios e da longa caminhada quando o discípulo proferiu o seu desejo por também se tornar um, o discípulo não fraquejou; manteve-se firme em sua decisão. De algum jeito, o mestre já sabia que isso ia acontecer. Desde que aquele discípulo apareceu, o mestre percebeu que o rapaz estava interessado no ensinamento, e não no mestre que os proferia. O mestre sabia que, assim como foi com ele, são esses que se tornam mestres.

O mestre então contou a grande diferença do mestre para os homens. Contou que os homens vêem as árvores, os animais e os humanos; vivendo relações com eles e sonhando com um Deus que clamam todas as noites em busca de seus desejos. Mas falou que o mestre, vê Deus, e a partir daí as árvores, os animais e os humanos. Contou que o mestre vive uma relação íntima com Deus, e a partir daí com os homens que estão em busca dele.

Contou que outra grande diferença do mestre para os homens, é que os homens têm o livre arbítrio, enquanto o mestre não tem. O mestre é instrumento. O mestre cede as suas vontades a favor da vontade da energia mestra - a energia que está em tudo ao mesmo tempo. Então ele faz o que a energia orienta, e jamais age contra ela, num outro sentido. Ele pode agir contra, todo homem pode agir por vontade própria a despeito do que a energia diz... Mas o mestre não o faz, e por isso tornou-se mestre.

Contou que o mestre vive no Monte Sião, um lugar que está além da compreensão dos homens. Contou que mestres antigos chamavam esse lugar de "nirvana", de "paraíso". Mas falou que até chegar ali, o mestre sofreu bastante na carne, desde o momento em que fez a escolha de morrer para as suas vontades e renascer na vontade da energia.

Falou que o grande erro dos discípulos é escutar os ensinamentos, assimilá-los mentalmente, acreditar que aprendeu, mas não percorrer a trilha da morte; não carregar a cruz na carne. Continuar vivendo de acordo com suas vontades, ignorando o Plano da energia. Contou que o mestre conhece cada discípulo, mas não pode interferir no processo. Ele vê o discípulo se elevando em relação aos outros, mas no fundo seguindo o seu próprio caminho, e não o do Plano.

Contou que a única diferença de um mestre para o outro, é a carne, a superfície; porque no coração, há um mesmo Plano em ação. Então falou para ele prestar bastante atenção, porque não era o mestre quem estava falando... Que se ele estava no caminho do mestre, precisava entender que estava escutando a sua própria voz. E não só na boca do mestre, em todo lugar que despertasse a sua atenção.



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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