Quanto mais uma alma sofre dores, mais compassiva ela se torna. Pelo menos é assim no curso natural das coisas, e o curso natural é o curso que segue se abrindo. Algumas almas que experimentam o sofrimento se tornam ranzinzas, mas é porque não estão seguindo o curso natural. Estão se fechando.
Tudo na natureza segue o curso natural. A semente abre e se torna muda. A árvore vai crescendo e abrindo as folhas. Depois gera um broto que se abre à flor. O embrião, depois de fecundado, começa a se ramificar e se abrir em outras direções. Os planetas também caminham se abrindo, jogando a sua energia para o espaço e se modificando. O curso natural é a abertura, e o homem não é diferente.
A grande transformação do homem, que o leva ao caminho do amor, cruza um momento de dores. Os orientais chamam isso de karma, Cristo chamava de dores de parto, os místicos chamam de "noite escura". A dor transforma o homem em um novo ser. É a dor da abertura.
A humanidade está sofrendo, essa é a realidade. Caminhando ao autoconhecimento, o homem tem de se conscientizar que se tornará parte da humanidade. Então experimentará a dor dela. É assim que aprenderá, é assim que se tornará compassivo. O espírito revelará a dor ao homem.
No curso natural, quanto mais a alma do homem experimentar a dor, mais se tornará sensível a ela. A lógica diria que quanto mais experimentasse a dor, mais ficaria resistente; mas a realidade funciona diferente. Quanto mais experimenta a dor, mais a dor se amplifica. Uma dorzinha mínima para uma alma que experimentou dores profundas, se torna insuportável. Ela não aguenta mais a dor.
Isso gera compaixão. A dor é tão forte naquele homem que ele não quer mais encontrar-se com ela em nenhum lugar. Ele não aguenta ver os outros sofrerem, pois sente na pele a memória de tudo o que já viveu. Nesse ponto, o homem começa a caminhar naturalmente para curar a dor do mundo. Aprendeu num intenso mergulho nela o sentido da cura e a natureza da dor.
Esse é o intuito da compaixão. Ela não cai do céu. Uma alma compassiva é uma alma cheia de cicatrizes.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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