Era um menino bem estranho. Ele era aéreo, ficava falando de energias, de coisas que ninguém via. Seu olhar estava sempre distante, como se habitasse um outro planeta que não a terra. Muitos achavam que era um louco, um homem que via coisas que não existia. Mas outros sentiam que havia algo interessante nele, curioso, um mistério que ninguém compreendia.
Ele não deixava ninguém entrar em sua casa, salvo raras exceções. Ele dizia que era porque a sua casa era sagrada, era o seu templo. Dizia que a casa estava viva e que era super sensível, frágil. Então que só almas puras poderiam entrar ali e tocar os seus objetos.
Quando ele dizia isso, era aí que as pessoas tinham mesmo certeza de que ele era um maluco, e riam dele. Ele não se importava, parecia estar acostumado com isso. Ele ria também, e dizia: "eu sei, eu sou louco". Bom, pelo menos ele sabia disso... "Menos mal", pensavam os outros.
Um dia, ele deixou uma garota entrar em sua casa. Havia se apaixonado por ela, e quando a gente se apaixona a gente começa a arriscar a gente mesmo. Arriscaria o seu templo por ela. Não era uma alma pura, mas havia amor fluindo dele em direção a ela. Ele sabia que esse amor iria mexer com a energia dela até purificá-la, se ela se abrisse a isso. Poderia ser agitado no começo, mas sabia que a transformação começa assim. Ela sacode o interior.
Quando a menina entrou em sua casa, sentiu um silêncio. Assim que cruzou a porta, tudo mudou. Era uma casa simples, mas tinha alguma coisa firme no ar dali, sustentando o ambiente. A menina não entendia o que era. Tinha umas flores em cima da mesa, um lindo arranjo de pétalas amarelas. A menina, encantada, foi em direção ao ramo estendendo as mãos.
- Espere! - disse o rapaz. A menina parou no meio do movimento.
Ele pegou nas mãos dela, colocou-as em seu peito e disse: "eu amo você". Depois deu um abraço apertado nela. Um calor surgiu à volta da garota. Ela não entendia o que era, mas era gostoso.
- Pronto - disse o rapaz. - Pode tocá-las. A menina levantou uma sobrancelha, olhando-o com um olhar de canto. Depois tocou as rosas e deu um cheiro nelas. Curiosa, perguntou ao menino porque ele tinha feito aquilo.
- Apesar de os homens não verem - respondeu o garoto -, tudo tem vida, porque tudo é energia vibrando. Os homens da ciência sabem que nada é concreto, que a nível de átomos, há muito mais espaço vazio do que cheio. As coisas são formadas por átomos, então são formadas prevalentemente por espaços vazios. Como eles estão vibrando numa velocidade muito extrema, dá a impressão de que os objetos são sólidos.
- Como são formados por energia, eles têm uma memória. Uma memória energética. Então, eu cuido de tudo o que tem aqui dentro com uma energia de amor, então está tudo "contaminado" com essa energia, vibrando ela no ambiente. A energia do amor é muito frágil, sensível, então temos que ser extremamente cuidadosos com ela.
- Era assim que os antigos homens, nossos ancestrais, criavam maldições. Eles sabiam disso. Então amaldiçoavam a energia de objetos e davam eles para quem queriam causar algum mal. O objeto contaminava o corpo daquela pessoa com a energia que o homem usou para amaldiçoar o objeto e criar a maldição.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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