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sexta-feira, 20 de março de 2015

O Filho torto de Cristo


O garoto sentia uma grande intimidade quando ouvia as histórias de Jesus, quando o lia na bíblia. Não sabia explicar as razões, mas sentia que havia entre os dois uma grande ligação. Coisas aconteciam na sua vida coincidentemente constante com a idade de Cristo, e em raras ocasiões, teve visões onde os objetos tomavam a forma da face de Jesus.

Ele ia às igrejas, e sentia uma grande revolta interna. Os homens que falavam de Cristo não o conheciam. Jesus era um rebelde, um revolucionário, um homem que veio desmontar as classes, tirar o poder dos sacerdotes e dar a cada humano a sua própria liberdade de escolha e decisão. Os homens da igreja não conheciam Cristo, mas ele sim, conhecia.

Sua maior revolta era que estavam propagando massivamente a ideia de um Jesus que não condizia com aquele verdadeiro homem brilhante. Como sentia grande intimidade e um amor que não havia explicação por aquele homem, precisava defender a sua imagem contra aquela propagação mentirosa de um homem mansinho que andava em cima do mar e que impressionava todo mundo multiplicando comida e vinho.

Pegou uma cruz, virou ela de cabeça para baixo, e pendurou ao pescoço, passando a andar por aí se rebelando contra tudo o que levantava a ideia de um Jesus pastor de homens submissos. Como não tinha nenhum poder de força contra aqueles homens que se vestiam como santos, resolveu preservar a verdadeira rebeldia de Cristo com a música. Criou um novo estilo musical, um som forte, que propagava um intenso toque de rebeldia como nunca havia existido até então.

Em seus shows, as pessoas tiravam a camisa, soltavam berros, formavam rodas de empurra empurra. O seu som era contagiante, se propagava para as terras distantes com uma velocidade indescritível. Atraía pessoas de todos os cantos do mundo.

Os sacerdotes começaram a chamar aquele som de demoníaco, dizendo que o rapaz usava a força de satanás para possuir as pessoas e seduzi-las com aquele som profano. Reforçado pelo simbolismo que o homem carregava, vestindo cruzes de ponta cabeça, a ideia se espalhou com coesão e foi aceita.

Aquele tipo de som, conhecido como rock, ficou famoso por ser coisa do diabo - o som do anticristo. Induzia as pessoas a se rebelarem contra os alicerces da igreja e do sistema. Era coisa de bruxos, de feiticeiros, magia negra. Eles precisavam ser caçados e extintos imediatamente.



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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