Um menino jovem, introspectivo e distante. Não gostava muito de manter
relações, porque pensava que ninguém poderia o compreender. Não via sentido em
se relacionar assim. Havia prometido a si mesmo que só iria se relacionar com
alguém quando encontrasse alguém que soubesse o mesmo que ele ou que, pelo
menos, estivesse buscando saber.
Ele andava com uma caderneta de capa preta segurada nos braços, sem nada escrito por fora. Dizia ele que era o seu livro de feitiços. A primeira vez que contou isso em voz alta, riram dele, chamando-o de louco. Isso o feriu profundamente, porque apesar de ser distante, ser sensível era uma das razões que o faziam agir assim.
Uma vez, conheceu uma menina, uma criança que assistia a muitos filmes. Ela acreditava em magia, achava que era real, que existia. Era uma garotinha muito curiosa, que queria entender de tudo. Ela contou a ele que, um dia, na escola, havia dito que acreditava em magia e os colegas zombaram dela.
"Talvez ela possa compreender", pensou ele, já baixando a guarda.
Curiosa, perguntou ao menino do que se tratava aquele livro negro que ele carregava nos braços.
"Acho que não terá problemas em contar, ela acredita em magia", pensou.
- É meu livro de feitiços - contou inseguro.
- Sério?! - Exclamou ela. Seus olhos agora emitiam um leve brilho. - Eu posso ver? - Disse estendendo as mãos frenéticas.
- Acho que sim - respondeu o menino meio hesitante, abrindo os braços e entregando o livro a ela.
A menina abriu o livro. Por dentro, haviam páginas em branco, como folhas de ofício. Haviam desenhos, muitas estrelas. Também tinha pessoas, castelos, fadas, varinhas e árvores. Tinha também coisas escritas, mas ela preferiu não ler, parecia muito pessoal; achou melhor não invadir a privacidade do garoto.
- Como funciona? - Perguntou a menina curiosa, contemplando aquele pequeno livreto em suas mãos.
- Você acredita que a magia é mesmo real? - Devolveu o menino esperando que ela respondesse que não.
- Acredito. Eu até evito falar sobre isso, porque parece que todos são "trouxas". Os trouxas não compreendem, e por isso riram de mim. Mas eu vejo coisas, coisas mágicas, coisas que fazem sentido. Sei que o mundo da magia está me chamando... Acho que foi ele quem te trouxe a mim...
O menino ficou surpreso com tamanho conhecimento da menina. Era só uma garotinha, deveria ter uns cinco anos. Mas lembrou que a idade do corpo não reflete a idade do espírito, então se deu conta de que aquela menina poderia ser inclusive mais experiente do que ele, mais sábia, mais velha; e que esse conhecimento apenas não tinha chegado à memória do corpo ainda.
"Tudo bem, acho que posso falar", pensou.
- Bom, se você acredita em magia, acho que não vejo porque não contar - disse ele. - O livro de feitiços funciona como um construtor mágico. Eu o uso para criar coisas através de magia. Projeto os meus pensamentos, construindo coisas com eles, construindo coisas no mundo da magia. Um bruxo sabe que as coisas nascem no mundo da magia primeiro, e que construídas lá, chegam aqui depois. Então ele pode construir o que quiser.
- O que quiser? - Repetiu ela cheia de interesse.
- Uhum, o que quiser.
Ele andava com uma caderneta de capa preta segurada nos braços, sem nada escrito por fora. Dizia ele que era o seu livro de feitiços. A primeira vez que contou isso em voz alta, riram dele, chamando-o de louco. Isso o feriu profundamente, porque apesar de ser distante, ser sensível era uma das razões que o faziam agir assim.
Uma vez, conheceu uma menina, uma criança que assistia a muitos filmes. Ela acreditava em magia, achava que era real, que existia. Era uma garotinha muito curiosa, que queria entender de tudo. Ela contou a ele que, um dia, na escola, havia dito que acreditava em magia e os colegas zombaram dela.
"Talvez ela possa compreender", pensou ele, já baixando a guarda.
Curiosa, perguntou ao menino do que se tratava aquele livro negro que ele carregava nos braços.
"Acho que não terá problemas em contar, ela acredita em magia", pensou.
- É meu livro de feitiços - contou inseguro.
- Sério?! - Exclamou ela. Seus olhos agora emitiam um leve brilho. - Eu posso ver? - Disse estendendo as mãos frenéticas.
- Acho que sim - respondeu o menino meio hesitante, abrindo os braços e entregando o livro a ela.
A menina abriu o livro. Por dentro, haviam páginas em branco, como folhas de ofício. Haviam desenhos, muitas estrelas. Também tinha pessoas, castelos, fadas, varinhas e árvores. Tinha também coisas escritas, mas ela preferiu não ler, parecia muito pessoal; achou melhor não invadir a privacidade do garoto.
- Como funciona? - Perguntou a menina curiosa, contemplando aquele pequeno livreto em suas mãos.
- Você acredita que a magia é mesmo real? - Devolveu o menino esperando que ela respondesse que não.
- Acredito. Eu até evito falar sobre isso, porque parece que todos são "trouxas". Os trouxas não compreendem, e por isso riram de mim. Mas eu vejo coisas, coisas mágicas, coisas que fazem sentido. Sei que o mundo da magia está me chamando... Acho que foi ele quem te trouxe a mim...
O menino ficou surpreso com tamanho conhecimento da menina. Era só uma garotinha, deveria ter uns cinco anos. Mas lembrou que a idade do corpo não reflete a idade do espírito, então se deu conta de que aquela menina poderia ser inclusive mais experiente do que ele, mais sábia, mais velha; e que esse conhecimento apenas não tinha chegado à memória do corpo ainda.
"Tudo bem, acho que posso falar", pensou.
- Bom, se você acredita em magia, acho que não vejo porque não contar - disse ele. - O livro de feitiços funciona como um construtor mágico. Eu o uso para criar coisas através de magia. Projeto os meus pensamentos, construindo coisas com eles, construindo coisas no mundo da magia. Um bruxo sabe que as coisas nascem no mundo da magia primeiro, e que construídas lá, chegam aqui depois. Então ele pode construir o que quiser.
- O que quiser? - Repetiu ela cheia de interesse.
- Uhum, o que quiser.