O mestre havia contado ao garoto sobre a energia que poderia ser desperta no corpo, que gerava uma aura ao redor dele, com uma gravidade; e isso o deixou extremamente curioso. Ficou conferindo se havia a existência daquilo nele, mas não conseguia achar um sinal que o desse uma certeza absoluta. Resolveu consultar o mestre e conversar um pouquinho sobre o assunto.
O mestre falou a ele que esse era todo o trabalho espiritual: despertar, através de alguma estratégia, a energia espiritual no discípulo. Contou que existem dois mundos diferentes coexistindo no plano físico: o mundo dos homens e o mundo do espírito. Falou que apesar de coexistirem num mesmo plano, dificilmente eles se chocam; e que, apesar de os homens não saberem, os dois mundos estavam acontecendo bem em frente aos seus olhos.
Contou que os homens vivem num mundo incerto, sujeito a todas as forças negativas e ao mal. Que isso os conduz a sofrimentos inesperados e a incertezas sobre a vida e sobre o propósito pessoal. Contou que isso acontece porque eles não enxergam as forças espirituais. Depois disse que aquele que despertou a energia, tem um campo à sua volta, com uma gravidade. Falou que essa gravidade atrai as coisas boas do mundo até ele, coisas essas que os homens estão perdendo. Falou que essa gravidade também funciona como uma antena: em quem a atenção da pessoa repousa, mesmo que distante, atrai a energia daquela pessoa ao seu campo. Então a energia pode ser reconhecida por ele e ele pode saber o que existe naquela pessoa. Assim pode se precaver e fazer a escolha, ou não, do contato.
Contou que o trabalho da meditação, apesar de mal compreendido porque tem sido usado como uma prática dos homens e não do espírito, tem o objetivo de fazer o discípulo mergulhar em si mesmo em busca de encontrar e trazer a energia ao corpo; despertá-la, falando de outro modo. Então que, uma vez desperta, a meditação deixaria de ter sentido. Ela foi só uma ferramenta, um exame clínico, um medicamento. Depois de receber alta, o paciente não precisa mais do médico e nem do medicamento, então que pode deixar o hospital e caminhar para casa com saúde renovada.
Falou para ele não ficar se preocupando muito com isso, que se estava vendo os sinais e sentindo coisas novas em sua experiência, como movimentos internos no corpo ou na mente, às vezes confusões; a energia já estava em andamento. Falou que poderia ser bom, apenas de vez em quando, cessar um pouco as atividades e ficar prestando atenção a esses processos atuantes da energia. Disse que, colocando mais atenção nela, provavelmente estaria colocando também mais força.
Quando falou de força, o discípulo lembrou que o mestre também mencionou uma força. Então o mestre contou que a energia tem, sim, uma força. Contou que essa força é poderosa por ter características mágicas, características que vão além da razão lógica da mente. Ela dá todo o auxílio ao homem em suas buscas pessoais, no que ele precisa conquistar para ser feliz. Falou que é algo totalmente espontâneo, e que por isso ganha da força física dos homens. Falou que, com a força, o discípulo apenas desfila até os seus objetivos, sem nenhum esforço ou desgaste pessoal. Sem estresse, dizendo em outras palavras.
Disse que, além disso tudo, a energia dava uma beleza ao corpo e ao ambiente à volta dele. Falou para ele prestar bastante atenção aos animais que estavam circulando, porque eles tinham essa energia desperta. Falou para ele perceber, e que isso era fácil de ver nos cachorros domésticos, como eles pintavam o ambiente à volta do qual estavam caminhando. Falou que era algo sutil, que para ver isso o homem teria que ter já uma qualidade, mesmo que mínima, da energia nele. Falou que ele poderia ter vislumbres rápidos, mas que já daria para ter uma ideia do que estavam falando. Falou que acontece o mesmo com o homem que tem a energia desperta, porque ela é uma força da natureza e não dos homens.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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