Era um garoto comum, jovem e inocente. Tinha um coração profundamente apaixonado, mas que não conseguia dá-lo a ninguém como queria, porque ninguém estava disponível a um amor tão intenso.
Era um amor sonhador, sedutor, doce, que precisava ser compartilhado a qualquer custo. Amava tanto as pessoas que não poder amá-las estava criando rachaduras em seu peito, que sangravam até ir perdendo completamente o ar.
Desesperado, sem saber como lidar com isso, começou a se debater em todas as direções em busca de encontrar pessoas com quem pudesse compartilhar o seu amor. Não havia ninguém por perto disponível.
O fogo era tão intenso que estava começando a queimar a si mesmo. Precisava levá-lo adiante. Teve a ideia de escalar as árvores do campo, na esperança de conseguir ser visto pelas pessoas de longe. Não obtinha sucesso. Cada vez subia numa árvore mais alta, sem desistir, e conseguiu atrair a atenção de alguns. Mas ainda assim não era o suficiente e o fogo continuava lhe queimando.
Depois de escalar a árvore mais alta, entendeu que escalar árvores não iria levá-lo até onde queria. Começou a escalar montanhas. Não sabia como escalar montanhas, então foi pegando leve, subindo primeiro as mais baixas e depois sendo conduzido lentamente até os picos mais altos. Do alto do maior pico que conseguiu alcançar, avistou o maior pico de todos... o Pico da Morte. Era uma montanha assustadora, que atravessava por cima das nuvens não oferecendo condições de ver além disso; não oferecendo condições de ver até onde iam os seus limites.
Todos falavam para não escalar aquela montanha, dizendo que era um risco enorme, que poderia conduzi-lo até a morte. Mas alguma coisa no seu peito dizia: "é aquela. Aquela é a montanha onde conseguirei chegar a todo mundo". Já não escutava a mais ninguém... Estava sofrendo a eras, ninguém poderia entender isso. Ia escalar aquela montanha de qualquer jeito. Preferia arriscar e seguir o seu instinto. Já estava morrendo mesmo, e morrendo do pior jeito possível, uma morte lenta e dolorosa. Melhor seria morrer de vez. Melhor que isso, morrer numa aventura que nenhum homem jamais tinha se arriscado a fazer.
Então lá se foi o garoto, abandonou tudo e a todos em busca do seu sonho. Escalou a montanha mais alta de todas. Passou anos subindo-a, pedaço por pedaço, cruzando todos os tipos de climas possíveis em completa solidão. Já havia até se esquecido o significado da companhia, estava perdendo a capacidade de distinguir os seus próprios instintos. Atravessou as nuvens, atingiu o topo. Lá de cima, deu um grito. O mundo inteiro estava ouvindo.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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