Era uma garota sensitiva, uma menina muito sensível com um íntimo contato com a energia do planeta. Uma menina com um coração cheio de medo. Por alguma razão ao longo da vida, o medo se tornou muito forte naquela garota e passou a fazê-la caminhar a um dedo do céu.
Às vezes a energia dizia "saia daí". A menina ficava confusa, sua mente se preenchia de pensamentos: "o que eles vão pensar se eu sair?"; "eu não devia sair, vão achar que sou mal educada"; "só um louco sairia assim, do nada". Então o medo rapidamente tomava conta do seu corpo, a paralisando e impedindo-a de tomar uma ação. Ela ficava ali, apesar do pedido insistente da energia para sair, e isso trazia um sofrimento ao corpo que ela não conseguia explicar.
Às vezes sentia atração por algum garoto, e uma gravidade começava a puxá-la na direção dele. A energia dizia para se aproximar, para olhar para ele, para mostrar algum interesse. Mas a sua mente logo se preenchia de pensamentos: "eu vou estar me expondo... não, não devia fazer isso"; "ele vai achar que estou dando mole, vai achar que sou oferecida". Seu corpo começava a tremer, suar, ficando confusa e com medo. Mais uma vez, ficava paralisada, com pensamentos vagos e incapacitada de fazer alguma coisa. Seu corpo começava a sofrer.
Às vezes estava assistindo um filme doce, com crianças e casais apaixonados. Seu corpo se derretia e seus olhos se enxiam de lágrimas. A energia chegava nessa hora e pedia para ela se entregar e chorar. Quando a energia fazia o pedido, sua mente se enchia de pensamentos: "estou parecendo uma idiota".
Alguma coisa tinha acontecido com a garota. Sempre quando a energia fazia um pedido, a mente interferia. Disso surgia um intenso pânico e o seu corpo sofria. A conclusão era acabar agindo num sentido contrário.
A garota não sabia que a energia era um convite da terra aos seus tesouros, um chamado singelo e gentil. Um chamado de cuidado, de carinho e de amor. Sensitiva que era, escutava o chamado, porque era uma filha da terra.
A menina viveu a vida inteira assim. Sofreu até o seu último suspiro, caminhando todos os seus dias a apenas um dedo de distância do céu.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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