O mago estava conversando com o menino, naquelas costumeiras conversas que eles tinham desde que o garoto decidiu, por sua escolha, ingressar na magia e se tornar um aprendiz. O mago contou a ele que para entrar no mistério oculto aos homens, ele precisava dar passos propositais para além da zona limite que os homens costumavam seguir.
O menino não fazia a mínima ideia do que o mago estava falando, então o mago esclareceu. Contou que todos os homens vivem dentro de uma zona, com limites pré estabelecidos que poderíamos chamar de "campo confortável" - o campo onde estão seguros e onde não devem nunca atravessar o limite, porque significaria exposição pessoal.
O menino continuava sem entender, então o mago se aprofundou em exemplos. Contou para o garoto observar, nas relações sociais em grupo, em qualquer lugar, no ambiente de trabalho ou de estudo, como as pessoas agem e se movimentam dentro de um limite. É como se houvesse uma linha invisível que eles nunca atravessam. Falou que o medo existente nos homens estabelece essa linha. Falou que isso é bom porque os protegem das experiências mais profundas, e que, por outro lado, os cegam para o mundo espiritual.
Falou que se dedicasse um pouco de atenção a isso, logo ficaria claro os limites a ele mesmo. Disse que ele começaria a perceber a existência desse limite, nele. Então disse que, se quisesse mesmo conhecer o lado oculto, deveria, por vontade própria, quebrar o limite de vez em quando. Contou que isso atrairia o mistério até ele, o outro mundo.
Depois o mago parou por um tempo, pensativo...
Disse ao garoto para pensar muito bem, porque entrar no campo oculto significaria não encontrar só anjos, mas também demônios. Não encontrar só prazer, mas também dor. Não encontrar só luz, mas também trevas. Falou que os magos vivem grandes bênçãos, porque conhecem os mistérios ocultos aos olhos dos homens, mas falou que a experiência deles é bem "balançada". Falou que eles vivem muita coisa, e que não é a toa o que eles trazem aos homens. Eles vivem tudo aquilo.
O menino estava entusiasmado com a magia. Ele via o mago cheio de luz, brilhando conhecimento e beleza; então nada do que o mago dizia o fazia mudar de ideia. Mal sabia o menino que ao cruzar a porta, do outro lado, o mal seria conhecido. Conheceria a cruz de Cristo.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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