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segunda-feira, 6 de abril de 2015

A Aliança


Depois de longos anos perdido no mundo, o anjo de sete pétalas foi finalmente encontrado pela aliança. A aliança começou a alimentar imediatamente a sua energia e fortalecer o seu espírito. Quanto mais forte o espírito dele ficava, mais susceptível às marés ia se tornando. O seu peito estava se abrindo. Tinha uma grande missão junto à aliança, mas precisava primeiro atingir a compreensão. Só com ela poderia abrir definitivamente as asas e decolar com luz e riqueza de entendimento, abraçando o mundo de uma ponta da asa à outra.

À medida que a aliança o alimentava, ele ficava mais forte e, por contraposição, mais sensível também. Podia vagar por eras caminhando sozinho, porque a aliança estava ao seu lado nunca o deixando realmente só. O poder da aliança elevava o seu espírito, transferia-o dos planos terrenos para os planos celestes em questão de segundos. Mesmo sem as asas desenvolvidas, conseguia pegar carona nas asas da aliança e caminhar por cima das nuvens junto com os anjos.

Apesar de conseguir caminhar só e manter um coração pegando fogo mesmo assim, quando descia ao mundo, quando encontrava com os filhos do Pai; sentia um vazio extenso que contrastava completamente com a sua solidão calorosa. Não conseguia mais a solidão e a paz unidas num só evento. O preenchimento da solidão ia embora e uma intensa saudade descia do além, uma saudade que corroía e descoloria as coisas boas do mundo, não o permitindo nenhum escape.

Depois de quebrar a cabeça sem entender porque isso acontecia, encontrou com um dos anjos caídos da aliança. O anjo contou que essa é a cruz que os anjos carregam desde o início dos tempos. Disse que os anjos são protetores dos homens, e que se os homens estão sofrendo, o anjo sofre junto com eles. Contou que os anjos ganham magia, mas ganham também a cruz. Eles não podem se separar dos homens.

Falou que nas descidas ao mundo, ele se tornaria os homens, então que sentiria toda a dor oculta por trás da pele deles. Disse que isso se dava pela troca de energia. Os homens estão carentes, sentindo saudades de casa. Então o anjo, na troca, sentirá a carência e a saudade deles. O anjo, diferente dos homens que podem mascarar as dores, não pode, tem que encará-las de frente e é por isso que carrega o semblante. É o encarar da dor que o encaminhará na direção que irá salvá-los, porque estará salvando a si mesmo.

Falou para se habituar, porque era um anjo como todos os outros integrantes da aliança, então que viveria as mesmas experiências profundas que cada um deles vivia. Viveria o céu como os homens ainda não podiam viver, mas teria que descer ao inferno algumas vezes para colher almas do céu que tinham se perdido nas sombras do mundo. Contou que essas almas são as que mais estão sofrendo, porque são massacradas pela energia escura e não conseguem compreender o que está acontecendo. As sombras escurecem as suas visões e o anjo precisará ajudá-las a ver.

Falou que as descidas pressionariam as suas asas a abrir. O anjo fica mais forte na escuridão, fica mais forte atravessando a dor. É desse jeito que ele encontra as portas da cura e pode ajudar a iluminar o mundo trazendo as coisas que estão escondidas do outro lado delas.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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