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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Amor de Anjo


Nos braços da mãe, o anjo deve construir a sua casa. Podendo sair sempre que o coração chamar, e retornar caso o coração não se encontrar. Um refúgio seguro, longe das confusões. É o único modo de viver a fragilidade fazendo mergulhos inseguros na escuridão do mundo.

O anjo não tem defesas, e ama numa entrega total. Comumente ama mais do que é amado. Não combate o sentimento, não luta contra ele. É cuidadoso, amor de jardineiro. Não joga, não procura autobenefício. Se arrisca, amor de precipício.

Por vezes age como caçador, correndo atrás do amor. Outras vezes age com retiro, aguardando o sinal da mãe. Segue o coração como a flecha segue o alvo. Confia na vida como um homem confia na razão.

O anjo não deseja mal a nenhum ser, e por isso a mãe se aproxima dele. Não alimenta ódio, se esquiva com um movimento sutil. Se entrega ao propósito da mãe, que ensina através da fragilidade, da bondade e também através da dor.

É essencial ao anjo que se aventura, ter nos braços da mãe um refúgio. Construir junto com ela um outro mundo, um mundo pessoal, que agirá como um plano B eterno. É assim que a sua entrega aos homens pode ser vivida, sem jamais ser destruída. Se o anjo se entrega, e ninguém o carrega, ele pode retornar. O imenso vazio se preenche com o amor da mãe, o amor vertical, que vem do céu a ele e a ele do céu. A depressão dessa ausência nunca mais o atingirá novamente.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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