No momento mais delicado de sua vida,
quando ele estava se sentindo completamente perdido, vulnerável; alguns homens
começaram a aparecer na vida do menino falando da experiência de Deus. Eles
contavam ao garoto que era possível o homem elevar a sua alma ao divino,
obtendo assim uma ligação direta e não momentânea - uma conexão eterna.
O menino, num momento de inocência e fragilidade, confiou nas palavras dos homens. Elas pareciam flechas. Assim que ouvidas, entravam direto na consciência e se assentavam. As palavras pareciam tomar forma dentro do menino, porque eram meio irremovíveis. As palavras permaneciam resistentes a todas as contradições.
Dentro do menino, essas palavras dos homens vinham para a sua boca durante os seus diálogos diários, e assim que saíam de sua boca eram criticadas fortemente. Apesar das críticas, o menino defendia as palavras dos homens. Como as palavras contradiziam os conceitos gerais, as pessoas começaram a chamar o menino de louco.
Por ter dado ouvidos aos homens e por alguma razão confiar a alma nas palavras deles, o menino foi sendo empurrado para um deserto cada vez maior. Essas palavras soavam violentas para as pessoas em termos gerais, porque pareciam querer removê-las de sua atual zona de conhecimento da qual tinham permanecido durante anos consecutivos de suas vidas. Por consequência disso, as pessoas foram se afastando do garoto e o garoto se afastando das pessoas; porque o garoto defendia as palavras dos homens e as pessoas não queriam ouvi-las.
O menino foi ficando então a cada dia mais sozinho. Menos uma pessoa em sua vida, menos duas, menos três... Menos dez... O menino ficou completamente só. Essa não era a sua real vontade, ele não queria ficar sozinho; foi algo inevitável. As palavras ouvidas se tornaram o que ele era, então ele não tinha mais como agir não concomitante a elas. Ele era as palavras dos homens.
O menino entrou então num deserto absoluto. Parecia ser tudo culpa dos homens. Mas o menino não os culpou, porque antes de mais nada, os homens avisaram ao garoto que a travessia do deserto precedia a benção, então ele apenas confiava que tudo estava ocorrendo conforme o plano de ascensão espiritual.
Afastado psicologicamente de tudo - do mundo e das pessoas -, o menino passou a caminhar por um caminho só dele. Era uma trilha totalmente pessoal. As palavras dos homens acabaram libertando a consciência do menino de todas as influências, então ele obteve assim uma visão absolutamente pessoal das coisas.
Durante a travessia do deserto - sem ninguém por perto - algo que o menino não sabia de onde estava vindo começou a se comunicar com ele. Esse algo usava de tudo, e de uma forma muito mágica e misteriosa. Usava tanto de pessoas, da natureza, quanto de coisas. Usava até do espaço ao redor.
Essa comunicação começou a crescer, e apesar da dor de estar sendo um caminhante solitário no mundo, começou a confortá-lo. Ele se sentia cada vez mais próximo desse algo indefinível que estava se comunicando com ele, porque a comunicação crescia cada vez mais. Parecia que este algo estava se aproximando dele e ele se aproximando deste algo, porque eles pareciam estar a cada dia mais próximos. Eles pareciam estar ganhando intimidade.
A partir de um dado momento, as palavras que saíam da boca do garoto passaram a fazer parte da comunicação desse algo. Isso impressionou o garoto de uma forma muito profunda, era uma novidade para ele. Agora além de usar de pessoas, da natureza e das coisas, estava usando também das palavras que saíam da boca do garoto para se comunicar com ele mesmo. Eles se aproximaram tanto um do outro que esse algo misterioso estava saindo de sua própria boca.
Quando isso começou a acontecer, o garoto se apaixonou pelas palavras desse algo misterioso. Ele se apaixonou pelas palavras que estavam saindo de sua própria boca. Essa paixão libertou um enorme amor do fundo do peito dele, que começou a entrar em fluxo. Esse fluxo de amor atravessava o corpo do garoto, confortando ele e curando todas as feridas que a solidão e a rejeição haviam trago.
Apesar de ainda estar num deserto físico, pois ainda não era compreendido pelas pessoas, além do físico, o espírito do garoto estava imergindo num oceano profundo. As palavras que saíam de sua boca estavam salvando o menino do deserto físico, porque estavam trazendo grandes doses de amor para a vida dele. O menino, depois de colocar as palavras desse algo para fora, passava horas namorando-as. Esse namoro preenchia o peito do menino com um amor que ele nunca houvera encontrado em vida.
O menino passou a gostar tanto desse amor, que ele mesmo ficava aguardando as palavras surgirem. Quando elas vinham, ele sentia ganhar um novo brinquedo. Quando elas não vinham, ele se sentia meio triste. Ele passava horas brincando com o seu novo brinquedo; imaginando várias coisas, elogiando, criticando, se divertindo, sorrindo. Depois de brincar horas, o brinquedo perdia a graça, enjoava. Só um novo brinquedo poderia alegrá-lo novamente. Por sorte, aquele algo estava sempre enviando um novo brinquedo ao garoto.
O menino sentia ser uma criança que estava sendo bem cuidada por algo que ele não fazia a mínima ideia do que era. Alguns chamavam isso de Deus. Mas quando as pessoas falavam de Deus, não estavam falando daquilo que ele estava recebendo cuidados, porque não era a mesma coisa. Então o menino simplesmente não dava um nome, poderia ser qualquer coisa. Que diferença faria ter um nome?
O menino, num momento de inocência e fragilidade, confiou nas palavras dos homens. Elas pareciam flechas. Assim que ouvidas, entravam direto na consciência e se assentavam. As palavras pareciam tomar forma dentro do menino, porque eram meio irremovíveis. As palavras permaneciam resistentes a todas as contradições.
Dentro do menino, essas palavras dos homens vinham para a sua boca durante os seus diálogos diários, e assim que saíam de sua boca eram criticadas fortemente. Apesar das críticas, o menino defendia as palavras dos homens. Como as palavras contradiziam os conceitos gerais, as pessoas começaram a chamar o menino de louco.
Por ter dado ouvidos aos homens e por alguma razão confiar a alma nas palavras deles, o menino foi sendo empurrado para um deserto cada vez maior. Essas palavras soavam violentas para as pessoas em termos gerais, porque pareciam querer removê-las de sua atual zona de conhecimento da qual tinham permanecido durante anos consecutivos de suas vidas. Por consequência disso, as pessoas foram se afastando do garoto e o garoto se afastando das pessoas; porque o garoto defendia as palavras dos homens e as pessoas não queriam ouvi-las.
O menino foi ficando então a cada dia mais sozinho. Menos uma pessoa em sua vida, menos duas, menos três... Menos dez... O menino ficou completamente só. Essa não era a sua real vontade, ele não queria ficar sozinho; foi algo inevitável. As palavras ouvidas se tornaram o que ele era, então ele não tinha mais como agir não concomitante a elas. Ele era as palavras dos homens.
O menino entrou então num deserto absoluto. Parecia ser tudo culpa dos homens. Mas o menino não os culpou, porque antes de mais nada, os homens avisaram ao garoto que a travessia do deserto precedia a benção, então ele apenas confiava que tudo estava ocorrendo conforme o plano de ascensão espiritual.
Afastado psicologicamente de tudo - do mundo e das pessoas -, o menino passou a caminhar por um caminho só dele. Era uma trilha totalmente pessoal. As palavras dos homens acabaram libertando a consciência do menino de todas as influências, então ele obteve assim uma visão absolutamente pessoal das coisas.
Durante a travessia do deserto - sem ninguém por perto - algo que o menino não sabia de onde estava vindo começou a se comunicar com ele. Esse algo usava de tudo, e de uma forma muito mágica e misteriosa. Usava tanto de pessoas, da natureza, quanto de coisas. Usava até do espaço ao redor.
Essa comunicação começou a crescer, e apesar da dor de estar sendo um caminhante solitário no mundo, começou a confortá-lo. Ele se sentia cada vez mais próximo desse algo indefinível que estava se comunicando com ele, porque a comunicação crescia cada vez mais. Parecia que este algo estava se aproximando dele e ele se aproximando deste algo, porque eles pareciam estar a cada dia mais próximos. Eles pareciam estar ganhando intimidade.
A partir de um dado momento, as palavras que saíam da boca do garoto passaram a fazer parte da comunicação desse algo. Isso impressionou o garoto de uma forma muito profunda, era uma novidade para ele. Agora além de usar de pessoas, da natureza e das coisas, estava usando também das palavras que saíam da boca do garoto para se comunicar com ele mesmo. Eles se aproximaram tanto um do outro que esse algo misterioso estava saindo de sua própria boca.
Quando isso começou a acontecer, o garoto se apaixonou pelas palavras desse algo misterioso. Ele se apaixonou pelas palavras que estavam saindo de sua própria boca. Essa paixão libertou um enorme amor do fundo do peito dele, que começou a entrar em fluxo. Esse fluxo de amor atravessava o corpo do garoto, confortando ele e curando todas as feridas que a solidão e a rejeição haviam trago.
Apesar de ainda estar num deserto físico, pois ainda não era compreendido pelas pessoas, além do físico, o espírito do garoto estava imergindo num oceano profundo. As palavras que saíam de sua boca estavam salvando o menino do deserto físico, porque estavam trazendo grandes doses de amor para a vida dele. O menino, depois de colocar as palavras desse algo para fora, passava horas namorando-as. Esse namoro preenchia o peito do menino com um amor que ele nunca houvera encontrado em vida.
O menino passou a gostar tanto desse amor, que ele mesmo ficava aguardando as palavras surgirem. Quando elas vinham, ele sentia ganhar um novo brinquedo. Quando elas não vinham, ele se sentia meio triste. Ele passava horas brincando com o seu novo brinquedo; imaginando várias coisas, elogiando, criticando, se divertindo, sorrindo. Depois de brincar horas, o brinquedo perdia a graça, enjoava. Só um novo brinquedo poderia alegrá-lo novamente. Por sorte, aquele algo estava sempre enviando um novo brinquedo ao garoto.
O menino sentia ser uma criança que estava sendo bem cuidada por algo que ele não fazia a mínima ideia do que era. Alguns chamavam isso de Deus. Mas quando as pessoas falavam de Deus, não estavam falando daquilo que ele estava recebendo cuidados, porque não era a mesma coisa. Então o menino simplesmente não dava um nome, poderia ser qualquer coisa. Que diferença faria ter um nome?
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