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domingo, 31 de maio de 2015

O Gigantesco Tesouro


Enquanto você estiver preenchido de razão, nunca encontrará o caminho de Deus. O caminho de Deus foge à lógica. As pessoas dizem: "sente-se, você vai se cansar!" Mas o menino fica em pé. As pessoas dizem: "descanse, você precisa de energia". Mas o menino fica sem dormir. "Vá por aqui, você vai ganhar muito!" Mas o menino pega a via contrária. "Coma! Bucho vazio não para em pé". Mas o menino fica sem comer.

Enquanto as pessoas se enchem de lógica e seguem o caminho iluminado pelos holofotes, o filho de Deus caminha num caminho completamente estranho. Quem o olha de fora, ou acha que ele é doido, ou que é burro, porque não vai ganhar coisa alguma com as coisas que está fazendo. Está pegando uma via que não vai dar em resultados. Todo mundo pode ver isso. Só que o final não ocorre bem desse jeito...

O menino do Pai caminha por dentro das sombras, atravessando os vales mais sombrios. Todos mandam ele não ir por ali, porque é perigoso; mas ele segue uma voz que diz para ir. Obediente à voz que vem do além, o menino vai. Do outro lado, ele encontra um arco-íris. Seus olhos brilham assim que o encontra. Só que isso não é tudo. Quando o menino vai de um lado a outro do arco-íris, encontra um gigantesco tesouro.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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Verdade que Liberta


Você pode passar a vida inteira mentindo para si mesmo, fechando as portas da verdade; mas é bom você saber que é a verdade quem te liberta e te salva. Assim que conhecida, boas portas são abertas. Por mais dolorosa que a verdade seja, quando ela é vista pelo que é, dezenas de caminhos antes escondidos são revelados.

Sua realidade externa fala de você melhor do que você mesmo. Você pode falar de si, mas você pode mentir. Mentindo, até você mesmo pode acreditar no que diz. E, se isso acontece, você cai numa grande armadilha. Falará, acreditará, mas nunca será aquilo que diz. Isso te conduzirá a um sofrimento cada vez maior. Estará enganando a si mesmo. Se você fosse pela verdade, veria que nada daquilo do que diz, de fato, é; então, desse jeito, veria o caminho para ser aquilo que quer.

Mas a sua realidade jamais mentirá. Ela será sempre o seu reflexo diga você o que disser. O que chega a você de fora reflete o seu conteúdo interno, porque o seu conteúdo interno é um ímã. Do mesmo jeito, o que sai de sua boca reflete o que você tem lá dentro, porque o que tem lá dentro é uma árvore que frutifica. Se você carrega a mentira, a mentira sairá de sua boca. Se você carrega a verdade, a verdade sairá de sua boca. Se você carrega o desaforo, o desaforo sairá de sua boca. Se você carrega a crítica, a crítica sairá de sua boca. Assim como se você carregar a beleza, é a beleza quem sairá.

Sendo assim, olhe para você e pare de se enganar. Tudo o que você vê lá fora está refletindo somente o que você tem por dentro. Nada mais, além disso.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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sábado, 30 de maio de 2015

Amar como os Anjos


Para amar como os anjos amam, a primeira coisa a ser feita é se libertar do ódio. O ódio te deixa ocupado. Faz você criticar, pensar no outro, em como vencer ele. Enquanto isso acontece, o amor poderia estar fluindo. Mas o ódio não o permite. Ele impede o fluxo.

Ódio não tem nada a ver com raiva. Sentir raiva é natural e também faz parte do amor. Os animais também sentem raiva. A raiva protege o seu amor quando o seu amor é rejeitado. A raiva também é como um anjo, quando é natural, livre do ódio.

Se o homem se liberta do ódio, então só há espaço para o amor acontecer. O amor é a natureza mais íntima do homem, o céu ensolarado. Coberto pelas nuvens do ódio, o sol pode até ficar mascarado lá no fundo, sem poder ser visto; mas continua existindo ali, esperando o céu abrir para poder lançar os seus raios de volta à terra. 

Tirar o ódio é como tirar a tampa de uma piscina. A água vai toda embora e deixa a piscina vazia. Desse vazio, o amor acontece. Desse espaço, ele começa a fluir espontâneo. Esse amor que vem do espaço reflete a luz como um cristal translúcido de rocha. A luz passa sem ser distorcida. É um amor angelical, com olhos que brilham. Tudo o que é preciso fazer é se libertar do ódio.

É por isso que as crianças amam com olhos brilhantes. O ódio ainda não se firmou. Elas ainda vão aprender com os homens a como odiar.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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quinta-feira, 28 de maio de 2015

A Externalização Desnuda


A externalização é outra porta para a magia. Mas tem que ser aquela externalização sem máscaras, sem distorções. Uma externalização do jeito que a coisa é e apenas assim. Se você externaliza seus sentimentos, seus questionamentos, usando de uma roupagem neles; eles não se satisfazem e o seu espírito acaba não mergulhando para as camadas mais profundas. Ele continua na mesma camada, esperando que você seja fiel a ela e a satisfaça. Ele só irá mergulhar mais fundo quando se satisfazer. 

Você é uma sucessão de camadas, de vontades, de desejos de expressão. Como uma cebola. Por fora da cebola, você não sabe que cor tem o centro. Você pode até suspeitar que cor ele tenha olhando a cor das camadas externas e fazendo uma projeção. Só que você nunca saberá se você não descascar uma a uma e finalmente chegar lá.

O mesmo acontece com você. O que tem lá no seu âmago é um mistério até que você cave camada a camada. Você pode suspeitar que cor ele tenha, pode cogitar sobre, mas só vai saber mesmo quando chegar ali. O mais comum é não chegar nem perto. É viver a vida inteira nas beiras, nas camadas, na superfície. O homem não tem coragem de tirar a roupa, de expressar o conteúdo real e desnudo do espírito. É por isso que vive uma vida medíocre, sem nenhuma aventura. O homem sofre por isso. Uma vida que poderia ser toda colorida, acaba rendendo numa vida em poucos tons de cinza. É um desperdício...




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Bite Me and Walk to Become a Giant


A cada lugar que você vai, com cada pessoa que encontra; você é alguém diferente. Isso acontece porque você é o padrão da mente. Está confundido com as coisas que acontecem nela. Então a cada nova situação, a cada novo padrão de energia que entra em ação; ele se torna quem você é. É assim que você permanece a vida inteira sujeito ao que está se passando ali. Você é o escravo da mente.

O espírito é aquela parte em você que é imutável. Aonde quer que você vá, com quem quer que encontre, em cada novo padrão de energia que entre; Ele permanece o mesmo. Então essa tem que ser a sua referência para encontrá-lo: para onde ir, onde estacionar, deverá estar no mesmo lugar. Seja sozinho ou seja na multidão. 

É por isso que a respiração é uma porta. A respiração independe dos padrões mentais. Se você consegue ficar com ela; então entrou em casa, entrou no imutável, entrou no espírito. É o espírito quem respira e não você. Se você está com a respiração, está com o espírito. É aí que a magia começa a acontecer.

Primeiro, você transforma o mundo. Você não está mais sujeito aos padrões mentais. Está separado deles, então não mais os alimenta. Desse jeito, começa a dissipar a energia dos padrões - que é o que está deixando todo mundo louco.

Segundo, que o espírito pode chegar mais perto... pode se aproximar, pode te dar Suas coisas. Você está alerta. Está receptivo. Está com Ele, então pode recebê-lo. Ele está sempre vindo, sempre mostrando o caminho; só que você não o vê. Não o vê porque está perdido nos padrões, distraído com eles. O espírito passa bem ao seu lado e você não o enxerga. Ele acena para você bem devagarinho e você não percebe. Ele até te belisca, mas você continua não percebendo. Você só consegue perceber aquilo que está se passando na mente.

Se você se segura na respiração, a respiração te segura também. Quanto mais você imerge nela, mas ela imerge em resposta. No começo, é difícil ficar com ela. A mente vem logo e te carrega junto, em um instantâneo lampejo de segundo. É compreensível, porque você viveu a vida inteira alimentando essa relação. É preciso de um pouquinho de esforço para quebrá-la e se libertar. 

Mas insistindo, a respiração por ela mesma estará te conduzindo. Ela não te deixará mais se perder com as coisas da mente. Nesse ponto, é o espírito quem está tomando o controle de sua vida. É isso o que significa a iluminação espiritual. É isso o que significa a magia.




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domingo, 24 de maio de 2015

Vivendo na Carne


Vivendo na carne, você só pode viver aquilo que os seus olhos são capazes de ver. Se você fizer um esforço para sair dela e libertar o seu espírito, verá que, além do que o que seus olhos estão vendo, existe outra realidade que está acontecendo por trás da carne e fora dela. No âmago e no externo. No visível e no invisível. Ao seu redor e por dentro. Em todo lugar. Existe um mundo além.

Você está dentro dele sem saber, porque vive preso na carne, então não pode ver. A carne é uma armadilha. Dentro dela, você é cego. Seu olho verdadeiro está adormecido, vendado, incapaz de ver o que é real, o sobrenatural, além do físico. O mundo infinito além do finito. Não é preciso entender porque a armadilha existe. Tudo o que é preciso fazer é sair dela. Então você vê o mundo real. Aquilo que os tolos estão chamando de loucura.




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sábado, 23 de maio de 2015

Follow The Wind


A vida se compadece totalmente com os seus desejos e pedidos, e caminha no sentido de atendê-los. É assim em tempo integral. Enquanto você dorme, ela está trabalhando. Enquanto você pensa, ela está trabalhando. Enquanto você trabalha, ela está trabalhando. Enquanto você assiste TV, ela está trabalhando. Se você soubesse escutá-la, estaria caminhando em linha reta em direção a eles. E se soubesse disso, estaria descansando e caminhando com fé. Abandonando cada preocupação que se apresentasse.

A inteligência da vida é total. É muito maior do que a inteligência humana, não há como comparar. É uma inteligência sobrenatural. Sabe de tudo. Está em todo lugar ao mesmo tempo, é onipresente. Não apenas isso. Além de estar em todas as coisas, ela pode interferir nessas coisas, pois tudo também está dentro dela e participa do seu comando.

Você é parte disso. A vida está em você assim como você está nela, ligados por um fio. Os comandos que você envia, os seus pedidos, são recebidos e caminham a um atendimento, porque a vida é uma mãe. A mãe faz de tudo para atender o desejo do filho, inclusive até sofre se não conseguir atendê-lo. A vida é a mesma coisa. Ela só não sofre porque não é humana, mas faz todo o possível (e mesmo o impossível) para atender ao desejo do filho.

Mas o homem usa a lógica, sem entender que a vida faz magia. O homem pede e confia. Quando se vê sentindo impulsos discordantes com a lógica racional, recua e não os segue. Fica com medo, com um pé atrás. Então não encontra a vida e não entra na estrada em direção ao que foi pedido. Se seguisse os impulsos, encontraria a vida, então entenderia que ela está trabalhando. Ao ter visto isso, o homem relaxaria e se permitiria ser conduzido mesmo fora da lógica. Quanto mais ele vai, mais ele vê os sinais.

Ao recuar, todo o plano que a vida montou é desfeito. Ela estava usando daquele impulso. Aquele impulso era crucial para desencadear todo um processo em escala mundial. Mas o homem o perdeu. Depois, continuou pedindo a mesma coisa. 

Então a vida traça novos planos, porque tem que mexer em toda a dinâmica do mundo outra vez. Tem que mover a energia de cada um, mover cada coisa de lugar, trocar cada peça. Aí quando vem novamente o impulso, o homem recua de novo, porque o acha irracional e está apegado à lógica. Então a vida tem que ficar montando e remontando os seus planos, sem parar. Ela não se importa em ficar fazendo isso, porque não é trabalho para ela. É a sua natureza. Mas o homem começa a sofrer ao caminhar pela vida sem ter os seus desejos satisfeitos.

Se você pede, se têm desejos fortes, vontades de viver; tem de aprender a seguir os impulsos naturais e ignorar a razão. A vida está ali, nos seus impulsos mais profundos. São impulsos que não seguem lógica nenhuma. Impulsos que, se você não vendar os olhos e segui-los, os perderá. Impulsos que, se você for racionalizar, ficará sem entender o porquê daquelas coisas.

Mas ao segui-los, você vê. Você vê a vida, vê os sinais. Então começa a caminhar cada vez com mais confiança, seguindo os impulsos e indo ao encontro total de todos os seus desejos mais profundos.


- Ei, menino da floresta... por que essas orelhas tão gigantes?

- Vocês, da cidade, estão protegidos por muros de concreto; então não precisam usar os ouvidos. Nós, da floresta, estamos em constante perigo. Precisamos ficar atento ao som do vento e segui-lo.




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sexta-feira, 22 de maio de 2015

A Busca pelos Sonhos


A busca pelos desejos - pelos sonhos - é uma busca contraditória. Quanto mais você vai atrás deles, mais você sofre. Você vai com ingenuidade, achando que a vida é amiga, que vai concretizar o seu desejo. Mas bate a cara. Tenta pegá-lo, mas não consegue. Só que no meio disso, algo acontece: o seu desejo cresce.

O desejo é uma energia de magia. Ele é mágico. Ele suga a força da terra, movimenta a energia dela. A frustração é apenas um gatilho para fazê-lo crescer, claro, se você for do tipo que não desiste, que são os tipos raros. Quanto mais o seu desejo cresce, maior se torna o seu poder. Quando ele atinge um pico, você se torna um centro de gravidade. Todas as forças invisíveis entram em ação na concretização do seu desejo. Agora é o desejo quem faz, e não mais você. Nesse ponto, você parou de sofrer.




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quinta-feira, 21 de maio de 2015

O Seu Deus


Você precisa encontrar a magia, e encontrar a magia significa encontrar Deus. Não o Deus de seus pais, não o Deus de seu mentor, não o Deus de seu mestre; esses Deuses não vão te libertar. Você tem que encontrar o seu Deus, aquele que se comunica com você através de cada evento de sua vida. É um Deus pessoal, não compartilhado. Um Deus que não tem nada a ver com o Deus do outro. Um Deus só seu, com características só suas. Um Deus que não exige algo de você, que não exige que você vá atrás dele. Um Deus que te abençoa simplesmente por você estar vivo.

Então todas as suas inseguranças vão embora. Você sofre por causa delas. Você toma uma atitude, e depois se martiriza, cheio de angústia, se sentindo ridículo e medíocre. É uma ilusão de sua mente, mas uma ilusão que se sente e que você não pode escapar. Mesmo sabendo ser uma ilusão, não deixará de sentir. Você não pode destruí-la por força da vontade. Isso é um trabalho que acontece naturalmente quando Deus passa a ser o seu dedo. Essas angústias vão existir até você encontrar o caminho, a magia. E isso é bom, porque o caminho até Deus estará sempre batendo em sua porta.

Se você a encontra, então descansa. E o descanso aumenta progressivamente. Em tudo o que você faz, tem o dedo de Deus. Você vê, porque as coisas se sincronizam de uma maneira surpreendente. Chega a ser assustador. Tudo faz sentido. Então você começa a relaxar. Você não pode mais escapar do propósito de Deus, ele está em todo lugar, em tudo o que você faz. Essa é a maior bênção da terra.




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A Chave Mestra


A coruja é o pássaro que decola com o maior silêncio. O seu bater de asas não deixa nenhum ruído, então ela pode passar voando bem ao seu lado e você nem perceber. O voo da coruja é perfeito.

Uma máquina, trabalhando em total eficiência, também faz o mínimo de ruído. O ruído é sinal de que há atrito, então é sinal de que alguma coisa no meio do caminho está desperdiçando a energia. Parte da energia é gasta para vencer o atrito, então a máquina perde a sua eficiência. Quanto mais ruído a máquina faz, mais energia ela está desperdiçando.

É possível trabalhar no silêncio, assim como a máquina eficiente ou como a coruja de voo perfeito. É aí que a magia acontece. A magia é como a coruja. Ela se move sem ruído, ela fala sem ruído, ela cria sons sem ruído. Para isso, você precisa imergir no silêncio. A partir daí, poderão sair sons e imagens, criações, coisas, palavras, preenchidas com um silêncio.

Esse silêncio é a chave mestra. Ela abre todas as portas, serve para todo mundo. Ela não se diferencia. Ela vem do silêncio, então pode abraçar qualquer ruído. Todo ruído faz parte do silêncio, assim como toda a vida faz parte da morte.




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A Inquietação é Sua Luz


O menino estava inquieto, e já estava cansado de ficar assim. Acontecia quase sempre, como uma visita mensal ou bimestral. Não conseguia se encaixar nos grupos, não se interessava pelos assuntos. Achava tudo pequeno, sem sentido. Se sentia excluído, estranho ao meio. Não conseguia dialogar, participar das conversas. Não sentia interesse pelas coisas que discutiam. Por vezes, sentia raiva de tudo, abandonado no mundo. Queria ser querido, amado. Odiava ser tratado como os outros. Queria ser tratado com valor.

Quando ia se abrir com alguém, as coisas que falava eram tão incomuns, que ele mesmo chegava a se achar um louco e preferia até ficar calado. Os pensamentos pareciam mais coesos dentro de sua mente. Quando compartilhava-os, eles pareciam distorcidos. Talvez fosse verdade, talvez sentisse a energia mudando. Ou talvez fosse apenas mais uma coisa louca de sua cabeça.

Até que conheceu o mago. De algum jeito muito esquisito, começou a se abrir com ele como se o conhecesse há vidas. O mago chegava perto e as palavras começavam a sair nuas de sua boca, cruas; como se estivessem sendo puxadas por alguma gravidade peito a fora. Era quase incontrolável não soltá-las. Queria contar tudo o que sentia. Falar de toda a sua vida.

Quando comentava que todo mundo o achava um louco, que se sentia um alienígena na terra; esperava que o mago fosse lhe dar algum consolo, mas o mago não o fazia. Ao invés disso, dizia que todos estavam certos, inclusive ele. Dizia que ele era mesmo um louco, alguém completamente insano, fora de si. Alguém de outro planeta.

Contou que ele era um mago, e a experiência de um mago, vista isoladamente, pode parecer muito perturbadora. Mas, quando vista pela perspectiva de outros magos, encontra ressonância e acalma o espírito. Disse que todos os magos passam por isso: por essa sensação de não pertencerem ao meio, ao grupo, ao contexto. E que é justamente isso que os leva às estrelas. Na verdade, o mago já nasceu nelas, só que caiu na terra. É a inquietação quem o guia de volta para casa.

Contou que alguns magos, por não compreenderem o que se passa, tentam se ajustar. Conseguem, mas não saudavelmente. Eles se forçam a serem iguais; talvez por terem ouvido alguém, ou talvez até por um desejo pessoal de si mesmos. Mas acabam destruindo a magia. Não conseguem ser felizes. Sofrem até o último respiro.

Mas que tem outros, que não, que por alguma razão, seguem perturbados, em conflito, inquietos, e que confiam que isso tem uma razão de ser - que foi Deus quem os fez desse jeito e que Ele sabe bem o que fez e o que está fazendo. Esses sobem, encontram o céu. Os magos têm experiências de gigantes, que geralmente englobam todo o planeta. A inquietação deles é o que os fazem não se tornarem pequenos. A inquietação é a sua Luz. É ela quem mostra o caminho.




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terça-feira, 19 de maio de 2015

O Seu Propósito


Há um propósito para você, te aguardando. Enquanto você não o busca, ele continua lá, intacto, esperando. Ninguém pode tocá-lo ou destruí-lo, porque foi feito exclusivamente para você e está guardado às sete chaves além do alcance humano. Pode ser que você passe a vida inteira sem se interessar por ele, mas ele não se importará com isso. Ele ficará aguardando você na próxima, com a mesma paciência que aguardou nessa.

Mas se você se interessa, se alguma inquietação surge na alma em busca da resposta de sua existência; então a caminhada começa. Seja como for, aconteça o que acontecer, vocês vão se encontrar. O seu questionamento jogou uma isca e o seu propósito a mordeu, porque é assim que funciona. Agora o seu corpo está enrolando o anzol e puxando o propósito. Vocês dois estão caminhando em direção a um encontro. E o sincronismo é a prova disso.

Esse propósito é rico em magia, porque envolve toda a natureza, do céu ao átomo. Foi a energia cósmica quem o bolou, como uma peça de teatro que será interpretada por você. Sendo assim, nada pode dar errado. Toda a realidade conspira a favor do seu propósito.




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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Karma Reativo


Se você reagir a algo, trará de volta do mesmo. A própria reação já implica em continuidade da energia, em alimento. O gatilho vem, ativado por alguma palavra, por algum gesto, por alguma visão; e você reage, dando solidez ao gatilho. Então o gatilho recebe combustível e entra em ação. O que antes era um gatilho se torna um ser vivo.

Esse é o estado comum, o estado reativo, a "porta larga". É o caminho mais fácil. É o caminho que, se você não colocar um freio em si mesmo, seguirá seguindo por ele pelo resto da vida. Então a sua liberdade não pode acontecer, porque você está sujeito aos gatilhos e às suas reações. Você é apenas um produto do meio e dos seus gatilhos.

Mas há a "porta estreita", o caminho do freio, da libertação. Ele poderá ser o caminho mais angustiante no começo, mas é o mais recompensador no final. Ele é angustiante porque implica em se tornar um ser não reativo, e isso no começo é extremamente difícil. Reagir é mais tentador do que comer do fruto da árvore proibida. Se você entrar pela porta estreita - evitar a reação -, logo descobrirá como a reação é tentadora. 

Entrando pela porta estreita, o meio poderá explodir, mas você não explodirá. Você será como o monge da montanha: observando de cima do pico mais alto tudo o que acontece lá embaixo.

Se você entrar por essa porta, todo o seu "karma" (a sua energia reativa) será purificado. Isso é um processo que leva tempo, às vezes anos. O gatilho virá, mas você não o alimentará. Ficará com a energia agindo que nem um animal sedento, querendo beber da água da reação. Nesse caminho, o seu trabalho é não alimentar o animal. Sem o alimento, o animal vai se dissolvendo pelas beiradas até desaparecer.

Quando o animal desaparece, o ser está translúcido. Está livre do animal, está livre do karma reativo. O ser se torna um céu aberto, um grande campo de terra fértil. Um espelho límpido, que reflete a natureza como ela verdadeiramente é. Então, agora, toda a beleza da terra pode brilhar através de você.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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domingo, 17 de maio de 2015

Caminho para o Silêncio


No caminho para a iluminação espiritual, a mente é uma barreira. Se você olhar para ela desse jeito, começará a se aproximar cada vez mais da magia. Existe outra forma de comunicação; uma forma de usar a mente apenas como um canal das coisas que vem do peito. Mas isso só acontece quando o homem centrou-se no peito e desconectou-se da mente. Então o sinal de descarga vem de dentro e não da mente. Esse sinal de dentro passa pela mente e toma a sua forma. A mente passa a ser apenas um filtro das coisas de dentro.

Então o sentido nesse caminho é desligar a mente. Mas você não pode fazer isso. Se tentar, verá que entrará em um conflito pessoal de você com você mesmo. Mas existe na natureza, acontecimentos, estímulos, que pausam a mente. É quando você sente escutar um silêncio, um som do além. Quando eles acontecem, você pode estimulá-los, dando mais continuidade a eles. Essa ação será mais intuitiva do que racional. Você encontrará o caminho do silêncio desse jeito.

Quando o coração é estimulado, quando ele é tocado, quando se emociona; a mente também se desliga. Uma descarga emocional acontece e preenche todo o corpo. Você sente a energia, sente um contato mais íntimo com ela. Disso vem um silêncio. Então sentir as coisas do coração é outro caminho para o silêncio.

Quanto mais você experimenta o silêncio, mais ele vai ganhando característica sólida em você. Ele se alarga, toma proporções maiores. Depois, vai migrando para todo o ser. O ser se torna silente. Desse silêncio, vem uma grande sensibilidade. A mente estava agindo como uma barreira para as ondas do universo. Quando o ser está silente, ele passa a captar essas ondas. Então pode usá-las para fazer magia.




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quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Bruxinha das Terras Distantes de Finniland


Ela era uma garota muito tímida. Ficava admirando aquelas mulheres cheias de coragem, que pintavam o cabelo com uma cor chamativa e saíam com os olhos pintados, vestidos compridos, sandálias de brilho; chamando a atenção de todo mundo no caminho. Quando passavam, centenas de olhares curiosos eram despertados. Adoraria estar na pele delas. Era lindo demais. Pareciam bruxas.

Sempre teve vontade de usar maquiagem daquele jeito, de colorir o rosto igual; mas morria de vergonha. Vergonha do que iriam falar, das críticas que poderia receber. Em casa, quando sozinha, pegava o estojo de maquiagem da mãe escondida e se enfeitava toda. Ficava horas se olhando no espelho, se sentindo poderosa. Chegava a tirar várias fotos. Depois que as tirava, ficava namorando-as quase que o dia todo; mas não tinha coragem alguma para mostrar. Vontade? Sim, tinha vontade. Uma vontade dessas incontroláveis. Mas tinha pavor de rejeição.

Quando ia ao shopping passear com a mãe, as duas acabavam voltando com vestidos maravilhosos dentro das sacolas. Sua mãe era um mulherão. Alta, bonitona, jeitosa com as coisas. Sabia se arrumar como ninguém. Vestia uns óculos de tampão escuro que ficavam perfeitos em seu rosto. Tinha muito orgulho da mãe. Ela tinha um feeling natural. 

A mãe sempre estimulava a filha a se arrumar mais um pouquinho. Tentava colocar um pouco de vida no corpo da garota, comprando roupas melhores do que aquelas que ela era acostumada a usar. A menina saía vestindo uns trapos horríveis, dava dó. Umas roupas velhas, rasgadas nos joelhos e nas abas das mangas. Parecia estar usando-as desde os 11 anos de idade. Não aguentava nem mais ver a filha desse jeito, doía. Sabia que não iria atrair atenção de ninguém. Não queria isso para a filha. Queria vê-la encantando o mundo todo e colhendo os frutos que surgiriam com isso.

Os vestidos que compravam juntas eram realmente lindos. Compridões, decotados, com a borda da saia quase que tocando o salto. Mas nunca saíam do armário da filha. No máximo, a menina os vestia em casa para tirar algumas fotos e depois os guardava, sem nem sequer sair do quarto para mostrar o vestido à mãe. Tinha vergonha da família. Medo dos comentários do pai, das piadinhas sem graça do irmão. Quando a mãe perguntava pelo vestido, dizia que não estava desenhando bem a cintura, que tinha engordado um pouco. Mas a verdade era totalmente oposta. O vestido ficava perfeito, e ela sabia disso. Mas essa era a única desculpa que conseguia encontrar na hora para escapar depressa dos comentários da mãe.

Num dia desses qualquer, deitada ao sofá enquanto a sua mãe tomava um café ao lado e assistia ao jornal da tarde, estava lendo um livro que havia comprado há poucos dias. O livro contava uma história antiga, de jovens feiticeiros que se reuniram com o propósito de combater o mal. O livro estava conquistando toda a garotada de sua idade, e eles não paravam de falar do livro. Não queria ficar por fora do assunto, então precisava lê-lo também. Depois que começou a ler, até agradeceu por esse impulso infantil, porque estava experimentando ótimos momentos segurando aquele livro grosso nas mãos. Mal podia imaginar que ler estórias era algo tão gostoso.

Agora mesmo, estava lendo um trecho interessante. O trecho dizia: "o sol estava prestes a cruzar o horizonte e se esconder por trás dos picos nevados das montanhas de Fergur. Precisavam fazer logo o ritual, antes que tudo à volta escurecesse por completo e os campos se tornassem um lugar perigoso, libertando da toca os predadores da noite. Se quisessem mesmo vencer o mal, teriam que superar os medos particulares que cada um veio trazendo desde que se despediram da aliança para iniciar a busca pela matéria prima da criação. Alex puxou a voz e pediu que todos se reunissem. O grupo deu as mãos e consagraram juntos um mesmo juramento. Foi um belo momento. O céu foi mudando de cor enquanto a palavra ia passando na boca de um e um. Juraram, pela vida da bruxaria e as dos demais ali presentes, que jamais, em nenhuma hipótese a partir de agora, escutariam a voz do medo."

Aquele livro era poderoso, estava mexendo com a garota. Não era apenas um livro de historinha infantil. Era um livro de magia. O livro ensinava, através de um conto, a ter coragem e encarar os medos. E ensinava de uma maneira gostosa, porque era uma agradável leitura. Falava de paisagens bonitas, de campos floridos, de entardeceres dourados; e junto com isso um montão de ação numa guerra mágica que abarcava todo o conteúdo. Era perfeito para melhorar a vida de uma geração inteira sem nem sequer fazerem ideia do que estava acontecendo.

Aquele trecho tocou tão profundo a garota que se viu refletida. Não estava tendo coragem alguma para encarar os medos, estava vivendo a mesma situação dos bruxos do livro. Na reunião do grupo, ela era uma das 15 ali reunidas. Quando chegou a sua vez, também fez o juramento. A partir de agora, faria tudo o que o medo a viera impedindo de fazer. Não iria mais dar ouvidos a ele. Jurou perante a todos os seus amigos feiticeiros, ali, à base da montanha, que não seria mais uma vítima do medo. Agora teria que cumprir com o juramento. Era o único modo de contribuir com a magia e assim ajudar a acabar com as forças do mal que assolavam as terras distantes de Finniland.

Nos meses seguintes, sem ninguém compreender o que havia acontecido com a garota, ela mudou radicalmente. Tirou do armário todos os vestidos que vinha relutando em usar e passou a respirar com coragem. Iria usá-los de qualquer jeito. Ainda tinha medo, mas essa era justamente a sua batalha. 

Todo mundo levou um choque quando a garota, de repente, apareceu diferente. O pessoal falou um montão de coisas. O seu irmão falou, os seus primos falaram, e as suas colegas também comentaram; mas ela tentou não ligar. Não era a única combatendo o mal, havia mais uma dezena e meia de bruxos que também estavam combatendo. Não demorou muito e acabou se acostumando com o risco. Estava sentindo um prazer tão enorme em estar fazendo tudo aquilo o que sempre quis fazer, que o medo foi rapidinho caminhando em direção ao vácuo.

Quando se vestiu melhor, quando encarou esse medo, novos impulsos de coragem foram surgindo. Pintava as unhas, maquiava o rosto, e coloria o cabelo com cores que sabia que iria chamar a atenção de todos. Era o que queria fazer, então tinha que fazer. Se não fizesse o que queria, estaria obedecendo à voz do medo e rompendo com o juramento. Não podia fazer isso. Se não fosse por ela, faria pelo juramento.

Apesar de receber algumas críticas, não eram muito convincentes. Em alguns momentos, quando se olhava no espelho do banheiro, conseguia ver uma linda bruxa. Chegava a duvidar da existência de outra garota mais bonita. Deveriam estar com inveja, ciúmes; só podia ser. E ela tinha razão mesmo, porque as críticas não condiziam com o que estava acontecendo. A menina estava mesmo bonita. Alguma coisa nela havia mudado, entrado em sintonia. Começou a vibrar uma beleza fora do comum.

Quando tomou essa coragem, a mudança em sua vida foi tão radical que a garota parecia ter nascido outra vez. Estava vivendo uma vida totalmente diferente agora. Antes, vivia toda murchinha, para baixo, com tristeza; sem vida e sem brilho. Agora estava cheia de graça. Às vezes ficava animada só porque estava prestes a sair de casa. Todo mundo iria notar a sua produção. Estava adorando isso. Se sentia feliz.




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terça-feira, 12 de maio de 2015

A Armadilha do Mestre


O menino virou discípulo de um grande mestre, que já tinha iluminado centenas de pessoas ao longo da vida. Era um homem experiente, que sabia o que fazia; então podia confiar nele. O seu primeiro ensinamento foi bem simples. Ele disse:

"Afaste-se da sociedade e fique sozinho. É desse jeito que encontrarás o iluminado caminho."

O menino obedeceu ao mestre e se afastou de tudo. Era o ensinamento. Havia se tornado um discípulo e já sabia como funcionava a tradição. Se quisesse mesmo obter a iluminação, se quisesse ser o novo mestre, teria que seguir o ensinamento por mais louco que fosse. 

Largou os cursos que fazia, os grupos que frequentava; parou de sair. Finalizou os namoros, rompeu as amizades, trancou a faculdade e abraçou a sua fria solidão. Ficou completamente só. Tudo isso só para seguir o ensinamento do mestre. Queria se tornar iluminado. Queria ser o mestre.

No começo, se sentiu bastante alegre. Ao seguir o ensinamento, uma calorosa esperança tomava conta. Estava seguindo o ensinamento de um grande mentor, então sabia que logo mais estaria vivendo a iluminação. Mas o tempo foi passando e começando a sentir falta de tudo aquilo o que já havia abandonado. Não era para ser assim, tinha certeza absoluta disso. Isso não era a iluminação. A iluminação era uma paz, e não uma saudade. Foi visitar o mestre de novo.

O mestre lhe deu um novo ensinamento:

- Agora você vai observar os seus desejos e os seus pensamentos, de forma passiva, sem interferir em nenhum deles. Você não é o que pensa, você é a consciência por trás do pensamento. Negue-se a si mesmo.

Agradeceu à generosidade de seu mestre e foi embora. Tinha uma nova tarefa a concluir e estava agora mais perto de encontrar o seu caminho. Toda vez que sentia a saudade, tudo o que precisava fazer era observar os pensamentos que surgiam com ela e depois negá-los. Era simples. Eram só pensamentos e nada mais. Apenas ondas no mar de sua consciência. Do mesmo jeito que estavam vindo, estariam indo embora. 

Adquiriu um alto grau de consciência com essa investigação. O desejo já não podia mais passar despercebido, já não podia mais enganá-lo. Assim que surgia, era visto; reconhecido pelo que era. Mas a saudade das coisas do mundo, por mais estranha que fosse, continuava se prolongando. Pior do que isso, aumentando. Foi visitar o mestre outra vez.

- Muito bem, você compreendeu a lição. Agora o seu novo trabalho será abandonar todos esses desejos, de uma só vez. Se quiser ser um mestre, terá que renascer em espírito. Entregue-se totalmente e encontrarás a luz.

Voltou para casa. Mais um passo vencido! Mais um ensinamento cumprido. Seu mestre o elogiou, estava feliz com isso. Sabia que quando o mestre elogia, é porque estava mesmo sendo um bom discípulo. A partir de agora, jogaria fora tudo o que era de seu desejo. Era simples e o mestre estava certo. Não podia ser um ser iluminado se ainda estava desejando por algo. Desejava estar com pessoas, desejava viver ao lado delas; mas tudo isso eram apenas coisas da carne. Precisava se livrar de todas essas coisas para renascer em espírito. Seu mestre não tinha desejos, e era por isso que era um mestre. Precisava ser como ele.

Quanto mais abandonava os desejos, quanto mais lutava contra eles, quanto mais os negava; mais eles vinham com força, brigando também. Estavam ficando mais fortes, mais intensos. Contrariá-los se tornou uma tarefa muito dura. Dava dor de cabeça. Era uma tortura. Queria muito voltar à sociedade, voltar a viver com os outros; mas tinha que rejeitar todas essas coisas. Algo estava errado. Era para estar se iluminando com o ensinamento, e não desejando cada vez mais e tendo que lutar contra isso. Voltou ao mestre.

Contou a ele como estava sendo difícil se livrar dos desejos. Disse que se sentia um fracassado, que não merecia a iluminação. Que tudo o que conseguiu fazer durante todo esse tempo foi desejar ainda mais tudo aquilo o que não queria estar desejando agora.

Seu mestre ouviu atentamente ao seu discurso. Depois deu um sorriso, um beijo no seu rosto, e disse:

- Não tenho mais nada a lhe dizer, então isso é um adeus. O nosso trabalho acabou.

"O quê?! Como assim? Não podia ser. Ainda não tinha atingido a iluminação, estava cheio de desejos. Do que é que o seu mestre estava falando? Era óbvio que lhe faltava algo a aprender. O mestre não podia abandoná-lo agora."

- Você já descobriu tudo o que tinha que descobrir, tudo o que tem importância e valor em sua experiência. Já desvendou o mistério do seu coração. Agora é hora de correr atrás de tudo isso e esquecer toda essa história de iluminação. Os iluminados são aqueles homens seguros, que sabem quem são, que sabem o que querem. São os homens que se conhecem. 

- O trabalho de um mestre é te desviar do mundo até conseguir fazer você se conhecer. É uma estratégia. O mestre não pode fazer isso por você, então tem de persuadi-lo de alguma maneira. Antes do ensinamento, você não tinha certeza do que queria. Ficava todo confuso. Era facinho alguém chegar e te influenciar, levando você, te fazendo desviar do seu caminho. Qualquer um tinha esse poder. Agora você tem certeza do que quer, então ninguém mais pode confundi-lo. Você é o dono de si mesmo.

- O mestre não é um guia. Ele é uma armadilha. Se você ficar seguindo-o a vida inteira, ficará a vida inteira preso nela. Ficará entrando e saindo da mesma armadilha o tempo todo. Você poderá até acabar sentindo um prazer em ficar preso, se acomodando nos braços do mestre. Mas isso não é a iluminação. A iluminação é quando você mesmo se tornou o seu guia. Então você não precisa mais de mestre nenhum. É isso o que significa a liberdade.
 




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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domingo, 10 de maio de 2015

Mude por dentro


A depender de como seja o seu espírito, serão os frutos que dele surgirão. Se o seu espírito for medíocre, tudo o que fizer será medíocre. Se o seu espírito for amoroso, tudo o que fizer será amoroso. Isso se aplica a todas as qualidades.

Então a sua realidade acaba se resultando um espelho do seu mundo interno. Tudo o que é feito e produzido por você, é contaminado pela mesma coisa que você carrega por dentro. Sendo assim, qualquer ação estará reproduzindo você mesmo. Se não quiser ver-se, por algum motivo, reproduzido no mundo; é melhor não tomar ação alguma. Mas é impossível viver assim.

Então, se deseja algo, precisa entender que o seu primeiro trabalho será interno. Mude por dentro e a realidade seguirá junta. Foi você quem veio criando-a desde pequeno. Antes você não sabia, então era acidental. Agora você sabe, pode ser proposital.



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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A Invenção Secreta


Era um garoto doce, meigo, gentil; mas que nasceu numa família de gente meio maluca. O pessoal ficava brigando. Na maioria das vezes era por motivos bestas; coisa que ele não conseguia entender. Ficava todo mundo irritado, com a cara grande e feia, deixando no ar um clima enfadonho. Era uma família, mas o medo era quem prevalecia. Não era para ser assim, tinha certeza disso. Sentia dor. Não estava certo. Sentia ser um príncipe vivendo na masmorra de um castelo.

Cresceu metade da vida com uma sensação estranha de que não pertencia àquele lugar. Seu lugar não era ali. Ali, era um menino estranho, tosco; como um alienígena. Todo mundo ficava brigando enquanto era ele quem sentia. E não fazia absolutamente nada, então era injusto. Enquanto a guerra explodia, tudo o que queria fazer era ficar cheirando as flores do jardim e sonhando com os amores que viriam de terras distantes. Era o patinho feio do grupo.

Sua desconfiança em ser alguém diferente o fez questionar as razões. Investigando, descobriu que tinha nascido com magia. Isso respondeu muitas das questões. Respondeu por que vivia em "outro mundo", num mundo mais bonito. Respondeu por que sentia o peso doloroso da tensão que pairava no ar. Também respondeu por que tinha no peito um amor grande apesar de todas as condições sombrias. Era um mago.

Quando veio a descoberta, percebeu que não podia mais ficar por ali, distante da magia, distante do seu verdadeiro mundo. Começaria a usar do seu poder. Em silêncio, em baixo da cama, começou a montar uma ferramenta. Ela iria tirá-lo dali, tirá-lo da guerra. Sempre quando alguém chegava por perto, a escondia. Ninguém iria compreender, era magia. Era capaz de criticarem. O menino sabia que isso poderia prejudicar a sua invenção, porque era tão delicada quanto ele. Precisava ser muito cuidadoso.

Passou um ano, dois anos, e o menino continuava trabalhando em segredo. Foi ficando a cada dia mais tranquilo. A esperança havia nascido. Mais cedo ou mais tarde, a sua invenção estaria pronta e isso mudaria todas as coisas. Estaria a salvo. Encontraria os seus amores, os seus jardins, as suas flores. Mal podia esperar.

Sua família de gente maluca continuava brigando, gritando uns com os outros, vivendo em clima de guerra. Mas já estava vestindo a sua coroa, sem se importar mais com o que acontecia ali por perto. Sua invenção estava quase pronta. Estava eufórico. Tentavam brigar com ele, mas a sua alegria já vibrava com tanta força que só ignorava em silêncio. Tomava o baque da energia, mas abraçava-a como se fosse uma bênção de Deus.

Quando ficou pronta, tirou-a da cama e a colocou em cima da cômoda. Era só apertar um botão... um botãozinho e tudo mudaria. Respirou fundo. Apertou. Todos os seus amigos imaginários ganharam vida. Eles pegaram na mão do menino e o levaram embora. Montaram um castelo, com um jardim gigantesco. Trouxeram amores, presentes; também pessoas gentis e doces, como ele. Agora sim, estava vivendo. Pela primeira vez em toda a vida.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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