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quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Os Doze Guerreiros Luz


     Doze guerreiros x oito bilhões de pessoas.
     Pensando por esse lado, parecia até uma tarefa difícil. Mas os guerreiros tinham uma força incomum, tinham luz própria.
     Eles se uniram e passaram a caminhar juntos. Onde iam, o espaço à volta deles ganhava cores e as flores ao redor começavam a desabrochar. As outras pessoas observavam aquilo, assombradas, as vezes maravilhadas, elas nunca tinham visto nada igual. Aquilo não era coisa desse mundo.
     Alguns curiosos - e eram muitos, mas poucos corajosos - sentiam o assombro e com ele uma maravilha confusa. Uma maravilha nunca sentida, estranha, desconhecida...
     Então eles se aproximavam de um dos guerreiros luz, perguntando: o que você tem?
     Eles respondiam: tudo.
     Então os curiosos perguntavam: eu posso ter tudo também?
     Sim, eles respondiam. No mesmo momento, eles desapareciam.

     Meses depois, eles reapareciam, diferentes, com luz própria também. Então passavam a caminhar junto com os doze.
     Eles iam caminhando, e os curiosos que antes não tinham tido coragem para falar com os guerreiros, observavam o que aconteceu e tomavam coragem de ir também.
     - O que aconteceu com vocês? - Eles perguntavam.
     - Não tínhamos nada, agora temos tudo - os novos guerreiros respondiam.
     - Eu posso ter também? - Eles perguntavam.
     - Sim - os guerreiros respondia.
     Neste momento, eles desapareciam.

     Meses depois, eles retornavam. Estavam diferentes, tinham luz própria. Eles caminhavam e as árvores à volta iam ficando coloridas, cheia de frutos e flores.
     Os curiosos que ainda não tiveram tido coragem, se espantaram com o que estava acontecendo. Muitos dos que tinham ido, estavam agora ganhando luz própria e caminhando com uma graça que nunca houvera sido vista.
     Esses curiosos não tinham coragem, mas sentiam medo. Medo de ficarem para trás e sozinhos. Então eles foram, relutantes, atrás dos guerreiros.
     - Estou com medo - eles diziam -, não sei o que fazer.
     O guerreiro respondia:
     - Aproxime-se e escute o som da minha presença, ele vai cortar você ao meio, pela garganta. Não resista, se entregue!
     Aquilo era estranho, mas depois de ouvir, os curiosos temerosos começaram a tremer. Sentiam medo de morrer, de desaparecer. Tentavam resistir, mas não conseguiam. Foram puxados para dentro de um vácuo e desapareceram.

     Meses depois, eles retornaram, com luz própria. Existiam apenas algumas outras almas no mundo que restaram e que ainda não tinham sentido curiosidade, pelo contrário, estavam sentindo nojo, repulsa, ódio. Um jeito leve de sentir inveja.
     Esses sentimentos, quando ficaram sozinhos, começaram a perder a razão de ser, começaram a perder sentido. Os sentimentos não tinham mais energia para continuar existindo, não havia sustento externo. Parecia que o sentimento estava morrendo.
     E estava. Aconteceu que os sentimentos desapareceram e aquelas pessoas ficaram vazias.
     A cada guerreiro que passava perto de um desses seres vazios, acontecia algo como a gravidade, espontâneo. Eles eram sugados sem escolha e desapareceram.

     Meses depois, eles retornavam, com luz própria.

     Algo aconteceu. Não existia mais ninguém separado. Dos oito bilhões, todos viraram guerreiros luz.
     Então os guerreiros sentaram. Eram todos guerreiros, todos iguais. Não havia mais guerra, não havia batalha.
     O medo desapareceu da natureza e ela então deixou de resistir. 
     Os frutos, flores, canções e amores, explodiram em toda a terra desenfreadamente.
     Não havia mais freio.

     O freio morreu - o impulso de vida cresceu.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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