Ele estava preso. Os amantes da terra e da mãe natureza estavam desesperados. Era o fim. Aquele que podia os salvar ia ser condenado à morte.
Sem piedade, e com um largo sorriso de satisfação, os defensores da cidade tinham cristo nas mãos.
Eles celebravam! Era o fim do tumulto, fim dos abalos, a cidade estava à salva. O homem que estava abalando as estruturas pré-moldadas estava finalmente preso. Na cela, e depois na morte, ele estaria calado, fora silenciado. Não haveria mais como ele influenciar ninguém.
Os donos da cidade iam até a cela dele, rir dele e dizer:
- E agora, salvador? - Diziam eles, desdenhosos e cuspindo no chão. - Onde está seu Deus agora? Cadê o todo poderoso agora que você está preso? Porque não manda ele destruir as grades e salvar o salvador?
Todos riram. O rapaz permanecia calado.
- Agora que você vai morrer - disse um deles -, eu quero ver... Toda a terra vai olhar para o filho de Deus e dizer: "pobre mentiroso..."
- Vocês não compreendem - disse o rapaz. - Vocês tentam se esconder mas não podem. Vocês estão fazendo exatamente a vontade do Pai.
- O que você quer dizer? - Perguntou um deles. - O Pai quer seu filho morto?
Eles deram outra rajada de gargalhadas.
- Exatamente - confirmou o rapaz.
Os defensores da cidade ficaram confusos.
- Estou aqui porque meu pai quer assim - disse o rapaz. - Se não fosse a vontade dele, eu não estaria aqui e nem vocês estariam vivos. Foi meu Pai que os deu vida e que os mandou me prender.
- Deixe de asneira - vociferou um deles. - Você está aqui porque nós te prendemos.
- Vocês podem prender este corpo, e podem até tocá-lo, mas a voz que vos fala não está neste corpo, este corpo é só sua morada.
Os defensores da cidade não entenderam.
- Além de estar aqui - disse o rapaz -, estou em todo lugar. Remova uma pedra do chão e lá estarei eu. Vocês querem me impedir, mas vocês irão me revelar.
- Este corpo precisa morrer - continuou ele -, pois assim o mundo irá me conhecer. Vocês podem perfurar o corpo, podem tirar o sangue, podem até comer a carne... Mas vocês não podem impedir aquele que escreve o romance.
- Cale-se! - disse um deles, raivoso e cuspindo em cristo. - Você vai morrer!
Cristo riu. Era engraçado, mas ele riu de verdade. Um sorriso inocente, como se estivesse mesmo ouvindo algo engraçado.
- Vocês podem matar o filho, mas não podem tocar no Pai - disse cristo. - Eu voltarei em breve. Depois que este corpo morrer, o mundo inteiro vai saber da existência de cristo, da existência da verdade; então eu poderei ressurgir neles. Então, quando eu voltar, não vai ser só esta centena de pessoas que irão me ver. O mundo inteiro saberá que eu sou.
Os defensores da cidade sentiram uma espécia de temor. Apesar de parecer estar completamente louco, a voz daquele homem tinha um certo poder, uma força estranha. O coração deles, mesmo sem querer, acreditava no que ele dizia.
- Alegrem-se, meus filhos - disse cristo. - Por causa de vocês, e somente de vocês, o mundo inteiro verá cristo. Vocês não me matarão, vocês me revelarão.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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