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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Pescador de Almas




     A ele foi dado o conhecimento de ir além. De ver através das paredes, de ouvir por detrás das palavras, de sentir o invisível e de conhecer o não conhecido. Ele precisava deste poder, precisava para ver as vítimas com destreza, porque ele era o pescador de almas.

     Ele ia caminhar pela noite e invadir cada casa, cada prédio, cada construção onde houvesse uma multidão, e roubar o filho unigênito. Pois essa era a sua missão, ele era o pescador de almas.
     Com o filho unigênito em mãos, as pessoas se entregariam facilmente a ele, e ele ganharia muitas almas. Seu pai ficaria orgulhoso; há milênios que ele viera preparando o seu filho para a última guerra, para a última batalha. A batalha em que seu filho, o espírito guerreiro, iria finalmente derrubar as muralhas e dissolver as almas separadas que nunca houveram se entregado.
     Seu pai estava velho e não podia mais lutar, então era seu filho quem iria realizar esse papel. Ele sabia que seria uma longa jornada, mas o pai treinou seu filho muito bem. Ele sabia que seu filho poderia dar conta do recado.
     Apenas para ter certeza de que tudo daria certo, seu pai o revestiu com a armadura de ouro, que caminha sobre as águas da dor e da solidão, e lhe deu o cetro de luz, que revela o caminho e ilumina a escuridão.

     Depois de anos de batalha, eles teriam finalmente conquistado um número suficiente de almas. Então o pai iria fundi-las todas em uma só, ganhando assim uma super-alma, com grande poder, para a sua última investida: invadir o castelo do cofre e destruí-lo definitivamente.


~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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