!

!

domingo, 30 de junho de 2013

Mensagem de Osho


sábado, 29 de junho de 2013

A Surdez da Intuição


      A Surdez da Intuição




As vezes parece que fiquei surdo, porque não escuto mais as palavras, ou apenas não consigo captar o que elas estão querendo dizer. Parece que não confio mais em palavras. As pessoas me dizem várias delas e, no fim, nada me foi dito, eu não absorvi nenhuma. Como se as palavras não quisessem dizer coisa alguma.

Não acredito no que escuto, só no que sinto. Se eu sentir que você não me ama, e você insistir em dizer que me ama, até repete isso 100 vezes; ainda assim, para mim, você não me ama. Se eu sentir que você me ama, você pode repetir 200 vezes para mim que não me ama, eu vou continuar acreditando que você me ama.

Outro exemplo: eu estou triste, e alego estar assim porque você não quer ficar ao meu lado. Então você me diz que quer sim ficar ao meu lado, e como se não bastasse, você ainda passa três dias seguidos ao meu lado. Eu continuo triste e alegando que estou assim porque você não quer estar ao meu lado.
Enfim, eu não escuto a mais ninguém. Como se o mecanismo que escutasse as pessoas tivesse dado defeito e não funcionasse mais.

Será isso realmente um defeito? Ou será que ao invés de ter quebrado um mecanismo, foi outro mecanismo que passou a funcionar e prevalecer? Algo como uma intuição? Uma voz interior? Eu consigo discorrer sobre prós e contras de ser assim. Bom... Vamos lá:

- Ninguém pode me ajudar, porque eu não escuto ninguém. Por outro lado, ninguém pode me fazer desviar, porque eu também não escuto a ninguém.

- Talvez eu esteja sempre confuso, porque as pessoas me dizem uma coisa e eu sinto outra diferente. Mas talvez por ser assim, eu não possa ser iludido ou enganado.

- Talvez eu sinta uma coisa e a realidade aponte que ela não existe. Então eu posso sentir que estou louco. Mas talvez a intuição trabalhe no tempo, e talvez ela me mostre coisas que não estejam presentes no atual momento, mas que a existência daquilo em mim me encaminhe naquela direção. Como se chegasse antes em mim, do que na realidade de meu agora.

- Eu nunca tenho certeza absoluta das coisas, porque o mundo diz uma e meu coração diz outra. Mas como a voz do coração não silencia com a voz do mundo - e a recíproca é verdadeira -, eu acabo tropeçando o tempo todo na confusão, mas acabo caminhando na direção certa.

- Não consigo me comunicar claramente com as pessoas, porque eu não escuto o que elas dizem e elas não compreendem o que eu digo. Geralmente falo de coisas que elas não enxergam. Mas a comunicação social nos leva a ouvir muitas vozes distintas, que apontam para caminhos distintos; e, por não conseguir me comunicar perfeitamente, eu acabo tendo apenas um caminho a seguir, escapando assim de infinitas armadilhas e buracos.

- A voz do coração (a intuição) não tem lógica nenhuma e foge completamente ao padrão de como o mundo diz que as coisas são. O mundo pode dizer que amar se faz com carinho e mansidão, e o coração pode se ver gritando e querendo distância. Mas o mundo age a partir de experiências passadas, e talvez o que passou não seja o que o mundo atualmente precise.

A intuição vem da natureza, e a natureza é o presente e não o passado. O presente pode estar sempre mudando suas necessidades. Assim como o peixe se tornou um anfíbio e passou a respirar fora do mar, o presente pode estar se adaptando e se modificando à novas condições.

- As vezes posso me sentir sozinho, porque ninguém me entende e não vê nada daquilo do que digo, pois só eu vejo. Mas a intuição tem profunda conexão com a natureza, e a natureza sabe de tudo que a gente necessita para não cairmos em falso. Se minha intuição diz que estou caminhando para o amor, e meus olhos no presente apenas veem as pessoas se afastando de mim; ela sabe o que a mente pode pensar, e sabe que ela pode cair em dúvida e em desistência. Então ela trabalha para que isso não aconteça.

Ela pode me levar a vários lugares onde eu encontre pistas que, para minha mente, tenha significado com aquele caminho que a intuição está me levando. Por exemplo: posso caminhar pela estrada da vida e enxergar corações por todos os lugares por onde passar, e ela faz de tal forma que seja convicto a mim de que é ela quem está me mostrando. Por exemplo: ela me leva até um galpão, ou a um porão, onde eu imaginava estar apenas caminhando e sem rumo. Quando chego no galpão, me deparo com um coração desenhado na parede, que brilha no escuro, e que possui meu nome escrito em baixo. Como ela o fez, ou o que ela usou para fazer, é um mistério.

Outro exemplo é: a intuição está me levando para um caminho de alegria, e para isso ela precisa mover peças... Eu posso me ver cada vez mais sozinho - porque ela pode estar me retirando daqui, para me colocar ali -, e ela sabe que assim eu posso me enganar e cair no buraco da dúvida. Então ela desenha em meu caminho diversas pistas que minha mente compreenda o significado, que simboliza o meu caminho, neste caso, a alegria. E ela faz da mesma forma; de uma forma que me faça entender que é a natureza quem está agindo e me comunicando.


Será que eu deveria acreditar que eu tenho problemas e me esforçar para resolvê-lo, a fim de poder me comunicar por inteiro? Ou eu deveria continuar ouvindo somente a intuição, e tendo dificuldades em manter clara comunicação?


A resposta parece um pouco óbvia, não é mesmo?


~* Palavras que saem da Boca *~

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dar a cara a tapa

Dar a cara a tapa

Fecho as portas
Não há mais nada a fazer
Sinto que estou a esperar
Mas esperar pelo o que?

Não quero sua intimidade
Você não pode me entender
Se eu abrir uma parte de mim
Contar até três é suficiente e começará a interferir

Então fico sozinho,
Calado e sentindo.
Fico ouvindo o ruído de sua atividade
E mesmo que você não se abra
Não faz diferença
Estou ouvindo o criador de sua fala

É como um buraco negro
Que suga tudo o que está por perto
Posso ouvir até o seu silêncio
Que faz mais barulho que um dialeto


Se eu te revelo
Você se esconde
Eu fico confuso
Me perco em monte

Quando eu era criança
Eu me escondia também
Só que agora sei que não posso me esconder
Então parei de brincar de esconde-esconde

Para descobrir o que é real
Você precisa dar sua cara a tapa
O esconde-esconde tem que parar
Um passo contra a corrente será preciso dar















        ~* Palavras que saem da Boca *~

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Feitiço: "Construindo a Minha Realidade"

O Feitiço: "Construindo a Minha Realidade"




O mago andava para lá e para cá pelo castelo, vestido em seu manto azul de estrelas e carregando um livro grosso, com um pincel de tinta na mão.

Às vezes, ele sentava na grama do jardim, em baixo de uma árvore, outras vezes sentava num banco, e outras vezes ele ficava em pé; mas sempre carregando o livro.

Ele parava, abria o livro, e ficava grande parte do tempo olhando diretamente para ele. Ele estava tão absorto em sua atividade, que alguns passarinhos volta e meia pousavam em cima dele, e ele permanecia imóvel, como se nada tivesse acontecido. As formigas também faziam passagem sobre suas pernas, andando em fileirinha, e ele continuava imóvel, olhando para o livro e, bem ocasionalmente - de hora em hora -, ele passava uma folha ou outra.

Às vezes ele pegava o pincel de tinta e começava a rabiscar no livro, mas isso era bem raro, na maioria do tempo ele só observava.

Já havia dias que ele só fazia isso. Para quem observava-o, parecia que o mago não estava na terra. Parecia que ele estava em outro planeta, em outra galáxia.

Mas as pessoas já estavam acostumadas com isso. Só que dessa vez, era peculiar, estava extrapolando os limites; ele já estava assim a dias, sem dar sinal de que estava vivo e presente na terra. Nada desviava sua atenção, e ele não olhava para ninguém, como se nada mais existisse.

-----------
As pessoas estavam sempre andando para lá e para cá no castelo, pareciam estar sempre atrás de alguma coisa, sempre ocupadas; principalmente os adultos. Eles mal reparavam no comportamento excêntrico do mago.

Mas as crianças não; elas eram muito observadoras. Estavam sempre atentas ao que estava acontecendo, talvez fossem assim porque não tinham muitas ocupações.

Elas começaram então a reparar que o mago estava "out in space" por um tempo longo demais, e temeram que o mago nunca mais voltasse. Elas discutiam entre si: "o que será que está acontecendo com o mago? Porque ele não tira os olhos desse livro?" Mas elas não faziam ideia alguma do que estava acontecendo.

Um pequeno grupinho de garotos curiosos se reuniram no jardim - depois de alguns dias vendo o mago agindo assim - e, inconformados, resolveram tomar uma atitude:

- Gente, tenho medo de ir até lá falar com o mago sozinho - confessou um dos garotos -, pois não sei o que está acontecendo. Vamos todos juntos lá falar com ele e descobrir? -
 Todos concordaram, era a vontade daquela garotada.

Os garotos estavam receosos, mas eram meninos corajosos, então caminharam lentamente ao encontro do mago, que estava a uns 93 metros de distância deles, sentado sob uma árvore idosa, de troncos largos, e preenchida de folhas. Era uma castanheira. O mago estava daquela mesma forma, olhando para o livro, distante da terra.

Quando os meninos estavam já a uns 12 metros de distância, uma castanha gorda caiu exatamente em cima da cabeça do mago, e então ele gritou: "aííííí!!!" Na mesma hora, notou que os meninos se aproximavam.

- Sabia que essa castanha não tinha me acertado à toa, hehe... - Riu o mago. - Ela veio me dizer que a chegada de vocês foi elaborada pelas estrelas, e, portanto, devo permanecer alerta para não perder o propósito delas.


Alguns meninos ficaram confusos, mas o mago notou que outros haviam entendido.

- Vamos! Venham cá - chamou o mago, convidando com um aceno de mãos. - Sentem-se aqui perto de mim. Como vocês sabem, não precisam temer um mago, pois ele ama todas as formas de vida da natureza.


Então os meninos se aproximaram, e se reuniram sentados na grama, formando um círculo junto com ao mago.

 - Então... - Prosseguiu o mago. - O que os traz a mim?

- Mago, estamos curiosos e preocupados - disse uma garotinha do grupo, que estava sentada ao lado oposto do mago no círculo, de frente a ele. O mago apurou os ouvidos, redobrando a atenção. - Você anda tão distante, e por tanto tempo, que estamos com medo que você nunca mais volte, e que nunca mais brinque conosco e nos conte historinhas.


Enquanto dizia suas últimas palavras, seu rostinho foi corando e as sobrancelhas se curvando em um aspecto triste - ó_ò.

- Ôh, minha amiguinha... Venha cá - chamou o mago em tom amigável, e abrindo os braços, convidando-a a se sentar a seu lado. O peito do mago se aqueceu de compaixão. - Eu vou contar historinhas a você sempre que você precisar, eu prometo!

A menininha deu um sorriso confortante, abraçando o mago em sinal de gratidão. O mago se derreteu, e uma lágrima morna escorreu pelo seu rosto.

     
Um dos meninos apontou para o mago e disse: - olha gente, o mago está chorando!! - E todo mundo caiu na gargalhada, inclusive o mago e a menina.

- Sou tão criança quanto vocês - afirmou o mago, ainda rindo. - A única diferença é que eu ando descalço - e novamente todo mundo tornou a rir.


- Mago, você está de volta! - Disse um dos garotos, apontando para ele, contente.

- Eu nunca fui embora bobinho -  disse o mago, sorrindo e fechando os olhos em par com o sorriso.


- Então porque você estava tão longe, e nem falava mais conosco?

- Ahh, sim... - Deixou escapar o mago, levantando um dedo em sinal de atenção. - Eu estava fazendo um feitiço... - Apontou para o livro.

A garotada arregalou os olhos de curiosidade, avançando em cima do mago para ver o que havia no livro. O mago abraçou o livro com força, e começou a rir.

- Calma, calma - disse o mago, limpando as lágrimas de riso com as mãos. - Eu vou mostrar a vocês. Tome - disse ele entregando o livro nas mãos de um dos meninos. - Mostre a seus coleguinhas.

Eles abriram o livro apressadamente, e, na mesma hora, tiveram uma grande decepção. Não havia nada escrito em grande parte do livro, eram apenas folhas em branco. Em algumas folhas, havia desenhinhos infantis, ou algumas palavras escritas de forma avulsa; como: amor, carinho, paz, amigos, brincadeiras...
 Em algumas páginas, havia desenhos de um monte de gente de mãos dadas, estrelas, e gente cantando. Desenhos em bonecos de palito. Parecia que era um menino de cinco anos que os havia desenhado. Os garotos ficaram extremamente decepcionados.
     

- Mas mago, que feitiço é esse? - Perguntou um dos garotos. - Eu não vejo nada, só algumas palavras e uns desenhos infantis.

- Oh ho ho... - O mago deu um riso estranho. - Meu amiguinho, esse é o feitiço mais poderoso que já conheci! - Disse ele orgulhoso. - Eu o chamo de "Construindo a Minha Realidade".


- Porque? - Perguntou de novo o menino. - Porque você constrói a realidade de sua vida com ele? É isso? - O mago confirmou com a cabeça, e então o menino continuou: - eu não vejo como, só vejo rabiscos e folhas de papel em branco.


- Hum... - Pensou o mago por um instante. - É porque não importa o que está no papel, e sim os pensamentos que estou criando e enviando com eles.

Os meninos trocaram olhares confusos.

- Por exemplo - continuou o mago -, se eu quero minha vida cheia de amor, eu começo a pensar no amor e a imaginá-lo, criando situações onde ele esteja presente, e ai eu escrevo. O universo recebe minha mensagem-magia, e envia a resposta do meu pedido no tempo.

Os meninos começaram a olhar para ele muito interessados. Vendo isso, o mago prosseguiu:

- Veja, tenho este castelo rodeado de pessoas porque usei este feitiço por um longo tempo, e as peças para construí-lo começaram a aparecer nesse decorrer. Eu não tive esforço nenhum, ah não ser o esforço de mover minhas energias para realizar este feitiço; mas eu estava gostando, estava me divertindo, estava brincando. Se eu não tivesse usado esse feitiço para construí-lo, ele não teria como se materializar e se tornar real.

- Hoje - continuou o mago -, que adquiri plena confiança no feitiço, eu apenas faço desenhinhos ou escrevo as palavras, porque o que vale é o meu pensamento. O papel é apenas o que me ajuda a criá-los e a torná-los forte. Criando eles, pela minha experiência, eu já tenho confiança plena de que eles irão se materializar.

- Quando eu estava me iniciando no mundo da magia - continuou ele -, eu não tinha essa confiança. Então eu duvidava. Com a dúvida, o pensamento não conseguia ser enviado e captado pelo mundo da magia, e assim ele nunca se materializava. Então, o que eu fazia? Eu escrevia longas histórias no papel, para que pudesse criar pensamentos fortes, que atravessassem a barreira da dúvida e conseguissem chegar ao mundo da magia e serem materializados no tempo.

- Hoje - continuou ele -, não existe mais a dúvida, então basta eu simplesmente enviá-los. Às vezes, eu fico só observando o que escrevi, pois é como se eu tivesse mentalmente enviando os pensamentos mais uma vez, e assim apressando sua chegada no tempo.

- Que legal mago! - Disse a criançada animada. - Então podemos criar e ter qualquer coisa que quisermos?

- Sim, meus queridos - confirmou o mago, contente que eles estavam entendendo. - Mas tenham cuidado com o que pedem. Só peçam se tiverem certeza de que é isso mesmo que vocês querem, pois há uma grande possibilidade de que os pedidos realmente aconteçam. Quando ganha maestria, é certo. Vocês podem acabar criando o caos, pois é um feitiço muito poderoso. Imagine se alguém pede para ser rico, poderoso, e se esquece de pedir boas pessoas com quem compartilhar? Ele terá tudo o que quer e estará no inferno, sozinho, sem amor, sem ninguém... - Os meninos fizeram uma cara de reflexão. Eles não tinham pensado nisso. - Acontece com muita gente. Eles oram pedindo coisas, e quando acontece, percebem que criaram o seu próprio inferno.

Os meninos se assustaram.

- Mas não se assustem - disse o mago, numa tentativa de melhorar o que havia dito. - Se vocês seguirem os pedidos de seus corações, não haverá erro, terão criado um paraíso. Por isso é bom meditar, ver o que não querem, e ouvirem bem o coração antes de começarem a criar sua realidade.


- Devo alertá-los de que no começo é comum a presença de muita dúvida - prosseguiu o mago. - Foi assim comigo antes de ganhar maestria nesse feitiço. Para serem magos e dominarem esta técnica, vocês terão que atravessar a barreira da dúvida. Eu consegui, e todos os que se tornaram magos também conseguiram. Ninguém nasce um mago, são vocês que se tornam um buscando esse caminho. Se todos nós conseguimos vencer o mundo da dúvida, vocês também podem vencer! E então terão tudo o que desejarem, e terão sem demora. 


- E o mais legal é depois dos feitiços prontos... - Concluiu o mago. - Agora é só segurar na onda e esperar ela chegar.


~* Palavras que saem da Boca

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Liberdade de Expressão e suas Barreiras


- Liberdade em relação ao sexo

     Tenho percebido que a maior liberdade do universo é a liberdade em relação ao sexo. Sabendo que não tenho sexo, eu posso ser e agir como quiser, pois agora não há mais distinção entre masculino e feminino. É completa liberdade de expressão. 
     Não falo em relação ao sexo biológico, pois nasci com a biologia de um pólo que é atraído pelo outro pólo oposto. Falo em questões sociológicas; nesse nível o sexo é apenas uma ideia, uma criação, um condicionamento - não é de fato verdadeiro. É uma grande barreira à verdadeira expressão.
     A mulher é sentimental e o homem é durão. A mulher pode se enfeitar e o homem não. O homem xinga e a mulher não. A mulher pinta o cabelo e a unha, e o homem não. O homem tem que tomar a atitude e a mulher não. A mulher se ajeita, e o homem não. O homem pode brigar, mas a mulher não.
     Nada disso é real, somos todos iguais. Tanto homem quanto mulher, fora a biologia, ambos carregamos as duas energias. E é isso que mantém a pessoa equilibrada, a dança dessas duas energias que conceituamos e distinguimos como "masculina e feminina".
     Com a queda desses conceitos, você agora se sente livre. Você pode exibir tanto seu lado feminino quanto o seu lado masculino, e pode ver que há beleza e graça em ambos. Você se torna um ser completo. Você pode admirar e amar tanto o pólo masculino quanto o pólo feminino da vida. Você pode interagir com as duas energias, pode se expressar em ambas. Com isso, os julgamentos em torno disso cessam. Você não julga nem a si mesmo, e nem ao outro; agora tudo é lindo. É a vida dançando. Você vê beleza no seu sentimentalismo, no seu cuidado, no seu carinho - no seu lado que te lembra a fragilidade e a delicadeza de uma flor; e vê beleza também na sua atitude, que levanta a voz, que protege - no seu lado que te lembra a força e a rebeldia de um leão.
     Todo mundo carrega em si ambos os pólos, e todos sabemos disso. Mesmo que reprimamos um dos lados, sabemos que ele habita nosso ser, se não não haveria o que ser reprimido. Um homem machista, que acha que não deve chorar, ele sente a brisa do choro, e na mesma hora a reprime. Então aquele lado existe ali, mas ele não está permitindo que aquele lado brilhe e tome vida.
     Quando dividimos a energia e nomeamos um lado feminino, e um lado masculino, dividimos os seres humanos pela metade. Eles passam a viver apenas metade de seu potencial, metade da vida, porque passam a negar a outra parte de si. Os homens rejeitam o lado sentimental, e as mulheres rejeitam o lado mais animal; ambos estão se dividindo, ambos estão perdendo, ambos estão se tornando mendigos. E eu estou convicto em dizer que ambos não sabem o que estão fazendo. Eles rejeitam somente porque aprenderam que é assim que o homem, ou a mulher, deve ser. É apenas um mal hábito sendo passado adiante.
     Rejeitando parte de quem é, você nunca encontra seu equilíbrio, então uma sensação de incompletude passa a habitar o seu ser, e, intuitivamente, você sente que sua completude é exatamente aquela parte que você rejeita. Se você é homem, sua completude seria uma mulher, o lado feminino; então você passa a desejar possuir uma mulher, porque inconscientemente acredita que ela irá te completar. Mas isso nunca acontece, porque a completude é algo interno, sua própria natureza livre de repressões já é completa. Então, com o tempo, você descobre que o relacionamento não te preenche, então começam os conflitos, pois você sente algo como se o relacionamento não estivesse cumprindo o seu propósito. Mas é você quem está perdendo o propósito do relacionamento. A sua natureza já tem tudo o que precisa, e quando ela está livre, ela está completa, e o namoro passa a ser um luxo, um acréscimo, e não uma necessidade de completude. Então o relacionamento ganha beleza; duas pessoas já completas interagindo entre si, compartilhando a sua totalidade, a sua completude,  a sua compreensão, o seu amor, o seu bem estar.
     O outro não pode preencher o lado que falta em você, só você pode fazer isso. O máximo que a outra pessoa pode fazer é te dar uma luz e despertar em você o lado que te falta, o lado que você está reprimindo; mas será um despertar interno, um reconhecimento de algo que já habita em você. Mas, se você mesmo dentro de si nega aquele lado, ele nunca poderá florescer, e seu equilíbrio estará sempre lá fora, distante.

- Liberdade em relação à sanidade


     Outra liberdade extremamente preenchedora é a liberdade em relação à sanidade. Todo mundo é um louco reprimido. Não existe uma única pessoa que seja igual a outra, e uma pessoa dita louca é aquela que foge aos padrões normais de racionalidade, que é considerado "o normal".
     A normalidade é um padrão que as pessoas tomam para si, e que as faz reprimir suas loucuras na intenção de se incluírem dentro do que é normal. Todo mundo tem medo de parecer louco, porque o padrão é adotado pela mente coletiva, e se você fugir dele, será julgado. 
     Mas a tentativa de aderir ao padrão é extremamente nociva, porque sua natureza é mesmo louca; não existe um padrão ou lei que rege a ela. Ela é totalmente fora do padrão mesmo, e é sempre nova. O padrão é fixo, ele não pode mudar. É antigo, permanece o mesmo no tempo. Pequenas mudanças poderão ser feitas nele - para se adaptarem aos novos conceitos - mas a essência do padrão continuará a mesma. Então você acaba reprimindo sua própria natureza na intenção de ser normal, e novamente passa a viver pela metade, negando parte de si.
     Eu sou extremamente louco. Posso ser mais louco amanhã do que hoje, ou talvez amanhã eu seja mais "normal". Isso não depende de mim, eu vou com a vida, e a vida não tem padrões ou limites. Ela é o que é a cada momento, independente do que os seres da terra digam ser certo ou errado. A vida não obedece essa lei, ela segue sua própria lei. E sua lei pode estar mudando a cada dia.
     Se você assume sua loucura, você fica espantado... Milhões de portas se abrem a você. Agora você pode dizer e ser o que você quiser, os limites se dissolveram. Não há mais restrições, afinal, você é louco. É uma liberdade tremenda. Você ganha a possibilidade de viver todas as suas verdades mais íntimas, e eu estou certo em dizer - pela minha experiência - que nossas verdades mais íntimas são as mais loucas, e são também as que nos tornam mais felizes. Em contrapartida, nossas verdades mais íntimas são no geral aquelas que estamos sempre reprimindo. Ou seja, reprimimos a nossa própria felicidade, a nossa própria alegria, sem sabermos ao certo a besteira que estamos fazendo.
     É simples, é só você dizer: - não tente me entender, nem eu mesmo me entendo. Eu sou louco.
     Agora você é livre. Pode fazer o que quiser, não há mais necessidade de entendimento. Ora bolas, você é o louco, quem poderá entender isso? ^^














~* Palavras que saíram da Boca *~

terça-feira, 18 de junho de 2013

Poema O Sonâmbulo e o Acordado

O Sonâmbulo e o Acordado


Andando dormindo
Caminhava mas não via
Acordou de seu sonho
Caminhava e agora sabia

Sonâmbulo tropeça
Pois caminha sem se ver
O acordado não pode cair
Só tropeça se assim tiver que ser

Quem dorme, perde a pista

O acordado vai com a vida
Se a vida chorar, ele chora
Se a vida amar, ele adora

O acordado não está dividido
Ele vê o mundo como parte de seu umbigo
Ele não pode ser enganado
Pois através dos olhos, tudo lhe é revelado

Dormindo, você perde a comunicação
Acordado, a comunicação não perde você
De um lado, desorientado
Do outro, perfeitamente equilibrado

Você deixa de ser mulher
Você deixa de ser homem
Você não sabe mais quem é Deus
Pois ele agora não tem nome.



~* Palavras que saem da Boca *~

sábado, 15 de junho de 2013

Dia-Noite-Confusão-Investigação-Compreensão

.Dia<Noite<Confusão<Investigação<Compreensão.




     Em instantes sou belo, amoroso, confiante, com pensamentos agradáveis, criativo... e a essa fase é que chamo de dia. É a fase em que a nossa luz está brilhando, em que a energia dela está sendo lançada para fora. 
     Logo que ela é usufruída, vem aquela fase a que chamo de noite. Introspecção, pensamentos confusos. Parece que está havendo um rearranjamento dos pensamentos, e parece também que nada daquilo que passou sendo eu - ou seja, o dia -, era real, era de fato eu. Eu tento tocar naquilo que está na memória, mas parece que nada daquilo nunca verdadeiramente existiu. E eu tento tocá-lo na intenção de trazê-lo de volta, porque tenho guardado na memória como aquele momento estava sendo gostoso de ser vivido. Se era bom vivê-lo, porque então ele não continua ali?
     Com a continuidade da experiência, a gente vai aprendendo a ficar um pouco mais tranquilo a esse processo, pois a gente percebe que da mesma forma que o dia veio, ele está sempre voltando. E sempre quando ele volta, é como se ele fosse novo novamente, como se fosse a primeira vez que ele estivesse existindo ali, como se fosse a primeira vez que ele estivesse sendo vivido - assim ocorre também com a noite. Isso dá intensidade para ambos.
     Mas a noite é um pouquinho mais difícil de se lidar, pois ela faz tudo parecer uma ilusão. Ela pesa um pouco no corpo, e você se sente um pouco distante do mundo, e até das pessoas ao seu redor. Isto pode gerar um pouco de confusão. É como se você estivesse sendo transportado para uma ilha isolada, ou como se tivesse alguma coisa puxando você para um certo tipo de solidão. Algo que é somente seu, um lugar que só você está enxergando. Se você olhar até para seu próprio corpo, você também sentirá uma certa distancia dele mesmo.
     Quando a gente descreve para nós mesmos o que sentimos - e eu faço isso escrevendo -, as coisas começam a parecer mais claras. Mesmo se você estiver confuso, quando você começa a tentar descrever a confusão - olhando diretamente para ela enquanto tira as palavras -, é incrível... Parece que acontece alguma mágica! Mesmo sem ter total entendimento daquilo, mesmo sem conseguir descrever exatamente como aquilo é, da para sentir algo como uma claridade naquilo. Como se tivesse uma luz sendo acendida no meio do escuro. Você ainda está confuso, mas depois da tentativa de descrevê-la - olhando para ela diretamente -, parece que, emaranhado a essa confusão, há uma nova compreensão. Uma compreensão que não sabe dizer exatamente o que compreendeu. É apenas uma compreensão sem associação.
     É como se antes você estivesse confuso, mas depois da tentativa de descrição, agora você está confuso, mas não totalmente. Dizendo de outra forma, antes você apenas estava confuso, era parte dela, sem ter total consciência de seu estado ou do que estava acontecendo. Mas após a investigação, você sabe que está confuso, mas agora existe algo ciente de que está confuso. Esse algo não está confuso. Ele sabe que a confusão está presente - porque está olhando para ela - e devido a isso deixou de estar confuso.
     Sabe quando estamos no meio de uma multidão agitada? Em épocas de festivais ou de carnavais? A gente está ali, no meio do bolo, e acontece uma briga ou alguma confusão, e começa um empurra empurra. Como estamos ali no meio do bolo, de começo a gente não sabe de onde está vindo o foco da confusão, e olhamos para os lados perdidos à procura, pois todos a nossa volta estão fazendo o mesmo, e ninguém sabe se é briga ou o que é. É exatamente nesse lugar que nos encontramos antes da investigação: olhando para os lados e não entendendo nada.
     Quando a gente investiga nosso estado confuso, e podemos fazer isso olhando diretamente para ele e tentando descrevê-lo, é como se - no meio da multidão - subisse um cilindro que nos elevasse a 100 metros de altura. Como uma torre. Agora você está lá no alto. Você continua na confusão - porque ela está ao seu redor -, mas agora você observa tudo o que está acontecendo nela, sem que ela possa te tocar. Você adquiriu um ponto de vista mais amplo, e de certa forma separado da confusão.
     Quanto mais você tenta se transportar para esse outro ponto de vista, ele ganha cada vez mais vida. Ele começa a vir tão naturalmente a você, que você passa a não precisar mais buscá-lo. Então ele se torna o seu ponto de vista natural, um ponto de vista mais amplo. E, mesmo que você sinta, por alguma razão, que o está perdendo; ele tem ganhado tanta vida com a sua investigação, que qualquer olhadinha a procura dele você já o encontrará, fácil-mente, nova-mente. Porque é como se agora ele nunca tivesse saído dali. Na verdade, é como se ele não pudesse verdadeiramente sair. Como se a própria olhadinha, fosse somente ele piscando os olhos e lubrificando a vista.
     É isto que os magos chamam de compreensão, de entendimento. E esse novo ponto de vista trás consigo uma nova compreensão de como as coisas verdadeiramente são. Algo que antes dele, você não percebia. E isso muda completamente a vida de um cidadão, porque é a porta para um mundo totalmente novo e vivo. O mundo dos magos. O mundo da magia. O mundo do espírito.


~* Palavras que saem da Boca

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Conselho de quem ama

Conselho de quem ama

~



O que você quer?
Já pensou?
Já decidiu?
Você é o construtor
E a vida o orientador,
Só você pode se ajudar.

Você escolhe a direção:
Se quer paz ou não,
Se quer amor ou não,
Se quer luz ou não,
Se quer alegria ou não.

A construção começa agora.
Então não perca tempo,
Sua vida depende de você atento.

Como um cara que roteira um filme,
Você é o cara que cria seu próprio roteiro.
Sua vida é a tela que passará o filme;
O filme precisa de câmera, de energia, e de luz para passar o vídeo na tela;
E assim tornar o filme realidade.

Você constrói a verba,
Pois você é o construtor.
A vida trará a câmera, a energia, e os atores,
E a eficiência deles será a verba que você irá investir.

Verba é pensamento.
Sua ação interna a favor do vento,
Suas mãos e imaginação são o cimento.
Se você observá-los e orientá-los com suas verdadeiras vontades,
Como mágica, a vida tornará tudo o que acredita em realidade.

Mas se você não vigia,
Você não descobre o que está desejando.
Se na sua cabeça está sempre uma confusão,
Incerteza,
Indecisão,
Saiba que está sendo essa toda a sua criação.

Não existe tempo nem idade para começar,
Você pode começar a se criar agora mesmo.
É um trabalhinho que exige um pouco de tempo,
Pois de começo os pensamentos estão dispersos,
Você nunca parou para dá-los atenção.


∞ ~


∞ ~

Crie estórias,
Um papel pode te ajudar.
Imagine como você queria que sua vida fosse,
Como criancinha mesmo;
Criando sem julgamentos,
Como brincadeira.
Quando mais você tenta,
Mais você descobre,
Mais firme você direciona suas energias.

E então suas criações devagarzinho começarão a interferir no seu pensamento,
E o seu pensamento é a verba,
Você o tornará rico.
Rico na direção que deseja.
Então ficará sempre mais firme,
Pensamento forte e natural,
Sua própria vida começará a ajudar
A mover seus pensamentos para aquele certo lugar.

É você quem escolhe,
A vida não é apenas sorte.
Somos deuses criadores,
Pois somos nós que criamos e plantamos no nosso jardim.

Quem planta rosa, colhe rosa.
Quem planta discórdia, colhe discórdia.
Quem planta segurança, colhe segurança.
Quem planta confiança, colhe confiança.
Quem planta confusão, colhe confusão.
Quem planta beleza, colhe beleza.
Quem planta poesia, colhe poesia.
Quem planta amor, colhe amor.
Quem planta medo, colhe medo.
Quem planta raiva, colhe raiva.
Quem planta entendimento, colhe entendimento.
Quem planta atenção, colhe atenção.


Você planta, rega e espera crescer.
Pode ser que demore um pouquinho para virar árvore.
Mas quando a semente germinar,
Você observará a mudinha.
E você achará ela tão lindinha...
Você observará crescendo folha por folha,
Cada uma.
Tudo isso dentro de você, dentro de seu ser.
E tudo fica tão bonitinho,
Começa a acontecer tudo sozinho.
Você fica a cada dia mais confiante do caminho.

Você é o jardim do qual você mesmo planta,
Seu jardim é aquele lugar onde os pensamentos estão indo e vindo...
Sua consciência mais profunda.

Quem não planta, não colhe;
Se torna fruto da sorte.

~



~* Palavras que saem da Boca *~

Por dentro da casca, a guerra civil.


Por dentro da casca, a guerra civil




     Ele olha para os lados, não quer sair mais do quarto. O mundo parece duro demais. Só cimento, rocha, patrão, empregado, cobrança, desconfiança, grito, resistência, dor, raiva, ódio, competição, dinheiro, ignorância, incompreensão. Com toda essa insanidade vêm drogas, bebidas, acidentes, doenças, mortes, crimes, estupros, violência, agressão familiar. As pessoas vivem estressadas, brigando o dia todo, lutando noite e dia. Como podem ser felizes? Lutam para acordar, lutam para trabalhar, lutam para dormir; lutam até para relaxar e se divertir. Como podem ter alegria? Precisam de escapes, fugirem da agonia.
     O que o menino pode fazer na cidade? Não tem espaço para amor, ele está sempre sendo destruído. O mundo já está todo preenchido, e o amor só vem do espaço, do vazio. Será que o mundo está correto? E o menino quem está incerto? Porque as pessoas têm sempre certeza de que as coisas são mesmo assim? Mesmo se sentindo ruins, elas reclamam, mas continuam. Aceitam, mas não duvidam. Se todas as gerações passadas foram assim, porque a minha será diferente? - Elas pensam. - Não tem lógica, o mundo é mesmo assim.
     Eu confio é no menino, mesmo estando nós dois sozinhos. Olhando de fora, tudo parece loucura. Ninguém questiona, as pessoas parecem sempre seguras. Será que um dia as coisas irão mudar? Mesmo sem ninguém dando passos remando contra o mar?
    Se eu estou construindo um prédio que desaba, então eu sei que ele desaba. Então eu idealizo que se construísse um prédio diferente, ele não iria cair. Mas eu não faço nada, eu só penso e continuo construindo o prédio que vai cair; porque eu caí ali, foi destino, não posso mudar, só posso continuar. O que irá acontecer? Será que algum dia será construído o prédio que não cai?
     Então o menino fica no seu quarto, ele não quer sair. Há tantos leões querendo comer ele, que ali parece o único lugar seguro para se ficar. Mas o menino não quer ficar sozinho, então ele segue orando para encontrar outro menino. Porque ele enxerga a loucura, mas parece que ninguém vê. E é tão simples, é a verdade do ser.
     Como posso ter paz se tem sempre alguém me empurrando pra luta? Como posso ter paz se eu fui ensinado a cobrar de mim mesmo? A única coisa que vem da cobrança é luta, culpa. Com a culpa vem dor, tristeza; se sentir inútil, imprestável. Você começa a se depreciar, porque começa a se comparar com aqueles que parecem fortes e que estão sempre seguros na sua luta; que aprenderam a se cobrar e a espremer todo o suco de si mesmos.
     Mas você só enxerga a casca deles; e eles dão banho na casca, eles penteiam a casca, eles passam perfume na casca, eles arrumam a casca; então a casca parece bela, chama a sua atenção: - eu quero ter aquilo, quero ser assim. Mas você não é o único que vê a casca, todo mundo enxerga, e todo mundo a elogia. Então você fica cada vez mais convicto de que a casca é real. 
     Mas você não enxerga o que está por dentro. Por dentro da casca há luta. Há alguém que está sempre correndo, se esforçando, brigando consigo mesmo, cobrando, tenso, enrugado. E quanto mais esse interior luta e tem elogios de fora, mais ele tem que lutar para manter sua casca elogiada. Ele cria seu próprio inferno, um inferno que não tem saída, porque ele não pode mais parar de lutar, porque se não toda a sua luta cairá por terra. A sua casca só é vista assim tão bela pelos outros porque ela esteve sempre em movimento, sempre lutando, sempre correndo atrás. Então ela não pode parar, porque agora ela é reconhecida pela batalha, pela luta. Se ela parar de lutar, ela perderá toda a sua popularidade.
     As vezes ela ri sem ter vontade, trabalha sem ter vontade, abraça sem ter vontade, da a mão sem ter vontade, ama sem ter vontade, da conselhos sem ter vontade, ensina sem ter vontade, beija sem ter vontade, orienta sem ter vontade, estuda sem ter vontade, compra sem ter vontade, se veste sem ter vontade, conta piadas sem ter vontade, cria sem ter vontade, analisa sem ter vontade, julga sem ter vontade, vive sem ter vontade.
     Ela não está no céu, está no inferno particular. E as pessoas que enxergam sua casca, imaginam que ela está no céu. Então começam a seguir seus passos rumo ao inferno pessoal, porque ela parece um exemplo de vida. E ela sustenta isso, ela sustenta ser o exemplo. Ela não tem culpa, ela entrou num beco sem saída. Se ela parar, vai desapontar o mundo inteiro. Aquele mundo que sempre aprovou sua luta, sua guerra. Aquele mundo que sempre disse: "- você é foda!" Ela caiu na armadilha do mundo, sem saber as consequências que surgiriam disso.
     Talvez ela esteja descobrindo agora, talvez não; mas algum dia isso irá acontecer. Algum dia o reflexo da luta será sentido no corpo, porque as dores começarão. Algum dia as energias da guerra começarão a vir para a superfície, começarão a se materializar, porque foi isso que ela criou - essa é sua criação. A luta, a guerra, a corrida, a batalha.








~* Palavras que saem da Boca *~


Poema Sou o menino talvez mais menina

Sou o menino talvez mais menina


Eu?
Incerteza!
Menina?
Menino?
Fraqueza!

Medo
De parecer fraco demais
Acabo mostrando apenas metade
Minha fragilidade
Excessiva
Me faz enxergar
Desigualdade

Me sinto diferente
Do mundo corrente
Sinto medo até sozinho
Como o vai e vem das ondas do mar

Minha alma canta
O desespero
De me olhar no espelho
E não saber expressar


Então quero ficar sozinho
Correr atrás de abrigo
Medo de não ser compreendido
Desamparado

Desorientado
Perdido

Pois aprendemos que 2+2 = 4
Mas vivo em 2+2 = 3
Se eu assumir tudo a todo instante
É risco maior que ser jogado na jaula de leões

Pois assim como extra-terrestre
Posso virar motivo de teste
Motivo de riso
Julgado estranho, louco
Posso perder meu abrigo.

Então tenho uma alma calada
Entupida de palavras
Palavras estranhas e delicadas
Desconhecidas por este mundo de pedras e bombas armadas.

~
Palavras
Que
Saem
Da
Boca

~
.

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Abismo do Peito

O Abismo do Peito




     Quando o seu peito se abrir por dentro, e a dor surgir, não haverá escapatória. Do mesmo jeito que a dor veio, ela irá embora, mas enquanto ela está presente, não há escapatória. Não é uma dor física, então não existe algo que de fato esteja causando a sua dor, a dor está ali. Então existe a dor, e existe você, aquele que tentará manipular a dor.
     Você, aquele que observa a dor, certamente tentará manipulá-la, porque ela vem como furacão. Você sentirá um penhasco se abrindo por dentro, como se a gravidade estivesse sugando toda a sua energia vital para dentro do peito, uma gravidade que vem do centro do peito. Não é nada agradável. Você se sentirá no pior lugar do mundo, no inferno. Você não quer encarar aquilo, até a morte parecerá mais bem vinda. Você desejará a morte, desejará o fim de sua existência. É uma agonia profunda, parece o fim do mundo.
     Você procurará razões para a sua dor, e talvez elas existam, mas a dor está ali, com a razão ou não, ela está presente, e não vem de você especificamente, porque não é física. Se você olhar diretamente para ela, poderá encontrar ela sendo conectada a alguns pensamentos, talvez alguém, talvez uma situação; mas ela em si, a dor, não tem conectividade com nada específico. Ela não tem qualidade, ela é ela nela mesma. Ela apenas está ali, presente e viva.
     Quando você está amando, você sente aquela sensação quente no peito, gostosa, um conforto, e pensa no agente que parece estar causando aquela sensação em você, a pessoa amada. Mas se você entrar mais profundamente na sensação, verás que ela não vem da pessoa amada, vem da própria vida. Não existe um nome vinculado àquela sensação, ela é pura. É apenas uma energia que chamamos de amor, porque ela nos aquece por dentro. O encontro de vocês pode ter gerado ela em ambos, mas ninguém é o "culpado" dela. Ela surgiu, um presente.
     A dor também surgiu, como um presente. Um presente infernal, mas um presente porque veio sem você pedir. É o seu teste de fogo. A sua provação. Você poderá associar a dor com o seu objeto de amor, e poderá cair numa armadilha muito perigosa, que é procurar a solução da dor, agredindo o seu objeto de amor, que parece ser quem está causando a dor. 
Eu caí nela.
     Se você estiver atento, poderá perceber um animal surgindo em você. Alguém que não é a dor, porque está de certa forma separado (existe a dor, e esse alguém), alguém que acha que deve te defender daquela dor, dor que só irá realmente embora quando tiver que ir, não levando em consideração se você se esforça ou não em se livrar dela. Talvez quanto mais você se esforce, se desvie, mais tempo a dor permanecerá ali; pois ela é como um sangramento, tem que sangrar. Tem que esvaziar, tem que ser sentida. Então como você pode estar associando a sua dor, com o objeto amado, esse animal poderá surgir como um mecanismo de auto-defesa seu, e ele poderá vir como raiva, querendo agredir ou culpar o seu amado.
     Tome muito cuidado, porque assim que a dor passar, passará também a agonia, e todo aquele sofrimento e angústia. Você estará limpo e renovado. Pronto para amar de novo. Se você cair na armadilha do animal, de agredir o objeto amado, você poderá criar uma nova camada de dor, que agora foi criada por você mesmo e acrescentará valor àquela dor que já existia. Agora você perdeu a oportunidade de aprender com a dor e deixar ela passar, porque você causou uma nova dor. Transferiu ela para frente, e também para o objeto de amor. Então, no momento que a dor passaria, agora existe algo a mais. A dor vai passar, mas você causou um estrago no romance. E esse estrago será o seu visitante, que não existiria se você apenas aguardasse o dia amanhecer, levando a noite escura embora.
     Atente ao seguinte, você pode agredir o seu objeto amado, tanto verbalmente, jogando o peso da culpa sobre ele, ou psicologicamente, criando um mecanismo de defesa em você, um escudo, que estará presente e virá à superfície no próximo encontro de vocês. Tenha muita atenção e vigilância, porque se você não tiver, o escudo poderá estar sendo construído inconscientemente, um mecanismo automático. Ele é nocivo. Destruirá o romance.
     Falo agora, depois que a noite passou. Mas enquanto ela estava presente aqui, eu era um assassino. Queria matar a vida, queria matar a dor, queria morrer. Queria desesperadamente a solução, e agora que passou, e que fiz o possível para não cair em tentação, a dor parece ilusão. A tentação veio, o animal veio, eu fiz o máximo que pude para segurá-lo e não deixá-lo agir, assim a dor não deixou rastros, não criou novos filhos. Mas eu tive que olhar para ela de frente, encará-la, porque a função do animal é fugir dela. Fugindo, ela continuará viva. Estará apenas escondida aguardando a próxima brecha. Encarando-a de frente, a noite escura irá passar sem rastros, mas uma agonia profunda você sentirá. Visitará o inferno, onde cada minuto parecerá uma eternidade. Coragem será preciso, mas todos já nascemos com ela. 

     Se você se entregar a ela, sem resistir, sem interferir, sem agredir, sem criar mais dor; ou seja, senti-la totalmente, parecendo o inferno ou não - ela abrirá seu coração. Você se tornará mais gentil, mais amoroso, manso e dócil. E isso é belo, pois essa gentileza fará morada em seu ser, então você será gentil também consigo mesmo. Descansará em sua gentileza. 
     Se você quiser um conselho de amigo: deite, feche os olhos, respire e mergulhe na dor. Dê as boas vindas a seu inferno interior. Não estou dizendo que será fácil, será muito doloroso, o caminho mais doloroso que você irá tomar - será desesperador. Há milhares de caminhos mais fáceis, mas somente esse será transformador. A borboleta pronta quebrando o casulo para voar, ou o ovo chocando para dar vida ao pássaro; as famosas dores do parto.
     Não se engane, a dor não é ilusão, ela é real. Ela parecerá ilusão somente depois que passar, pois ela não estará mais aí.


~* Palavras que saem da Boca

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Consultando a Bola de Cristal

Consultando a Bola de Cristal


     O menino acreditou durante 2 anos que tinha chegado no fim da estrada. Ele tinha passado por dores, transformações, perdas, e muitos insights. Sua vida de antes não existia mais. Ele era outra pessoa agora.
     Agora ele via o mundo com novos olhos, ele escrevia canções, sentia amor, conectividade, intensidade, escrevia poemas, sentir prazer em descansar em sua presença, e ainda por cima diariamente ele presenciava as pegadas do espírito. Alguma coisa tinha acontecido a ele. Ele sentia que o mundo estava falando com ele, como se a sua chegada estivesse sendo aguardada pelo universo inteiro. Ele se sentia iluminado.
     Mas uma nova fase de sua vida colocou toda a sua convicção à prova. Ele começou a perceber que tinha criado uma entidade iluminada dentro de si mesmo, e que parecia ter vontade própria. Talvez ela tivesse sido boa até certo momento, um espinho utilizado para remover outro. Uma entidade mais poderosa que o fez investigar a fundo tudo o que a vida havia escondido dentro dele. 
Mas agora ela estava começando a se tornar uma pedra de tropeço, não estava permitindo que ele finalmente descansasse.
     Isso o assustara. Aquilo era o seu chão. Por quatro anos seguidos aquilo havia sido o seu escudo de ferro contra a mentira. Isso foi bom, mas o escudo estava enferrujado.
     Ele encontrou um barco de cachos no caminho, onde o seu escudo não era necessário, e ainda por cima, estava machucando o barco; que era simples, e não usava escudos de ferro.
     Então ele consultou sua bola mágica, entrando em contato com merlim, em busca de conselho e esclarecimento. Perguntou a ele o que estava acontecendo, e merlim o respondeu:


- Garoto, você está no fim da estrada, mas não está conseguindo atravessar ela porque você não pode amar com seu escudo. Você chegou longe, mas suas batalhas o endureceram. Mandei o barco de cachos para rachar sua concha, então se entregue ao trabalho dele, ele irá naturalmente dissolver seu escudo. Ele vai abrir seu coração, vai te pegar pela garganta, e não deixará você escapar. O seu peito irá abrir por dentro, você sentirá o toque no fundo da alma.
     Não tenha medo, esse é o toque final. Você já está preparado, você já consegue permanecer dentro do furacão.
     Lembre-se do que o mago Osho lhe disse: "
O alvorecer não está muito longe, mas antes que lhe seja possível alcançar o nascer do dia, a noite escura precisará ser atravessada. À medida que a alvorada for se aproximando, a noite se tornará ainda mais escura".
     E lembre-se também que todos nós sentimos o peso da humanidade inteira sobre nós, até que pudéssemos transcende-la. Não espere que com você seja diferente.
     Eu sei que você está curioso sobre a sua iluminação e tudo o mais, posso ler seus pensamentos. Mas a iluminação será o seu descanso. Não se preocupe em ser, ou não, iluminado. Uma vez que você enxerga o caminho da luz, a iluminação já está presente, só que sua árvore ainda não cresceu o bastante para brilhar sua luz. 

     Essa árvore é o amor.

~* Palavras que saem da Boca

domingo, 9 de junho de 2013

O Mago usa a Energia Luz

O Mago usa a Energia Luz


     E então ele prepara suas notas. Tudo o que tinha escrito até agora, ficara para trás. Sua magia não tinha funcionado, algo tinha dado errado. Sua próxima magia teria que ser melhor do que essa.
     Ele pega seus rabiscos do livro, e joga fora. Ele não sabe por onde começar, perdeu seu eixo, perdeu seu norte. Mas o mago sabe que não existem passos em falso em seu caminho, então ele apenas aguarda o passar do vento.
     Ele ia jogar seus antigos rabiscos ao vento, só para ter certeza de que tinha se livrado deles, então jogou pela janela da sala secreta, pois foi lá onde ele tinha criado grande parte dos seus rabiscos.




     Ele observa pela janela, as borboletas estão dançando, elas dançam de dois em dois, como se estivessem namorando. O mago sente saudades, há tempos que ele não namora. Vivendo apenas para propagar a magia, ele se sente cansado. Ele quer descansar num lugar onde isso não seja preciso, onde a magia ocorra naturalmente. Isso já o fez trabalhar demais.
     Ele senta na cadeira, e volta o olhar para o seu quarto. Está tudo tão quieto, e isso é lindo, mas ele se sente insatisfeito. Parece que algum brilho está faltando em sua vida. Há tanta gente a sua volta, ele tem um castelo, tem admiradores, tem amigos. Mesmo com tudo isso, um buraco estava sendo aberto dentro de seu peito.
     O mago mergulha então em reflexão - se aquele buraco estava se abrindo dentro dele, era porque algo estava por vir, porque a vida na magia não erra. 
     É como intuição.
     Quando a lagarta vai finalmente virar uma borboletinha, ela começa a criar o casulo. Como se houvesse alguma coisa movendo ela. Ela não sabe o que está fazendo, mas aquilo que a move sabe que a tornará uma borboleta. 
     Essa mesma coisa que move a natureza, move também os seres humanos, mas somos um pouco mais complexos, porque nós podemos sentir isso, podemos viver aquilo, temos consciência de que estamos vivos.
    Então nossos processos serão inevitavelmente mais complexos, porque nascemos auto-conscientes de que existimos. Podemos então questionar a nossa realidade.
     Há uma beleza enorme nessa complexidade, pois ela é misteriosa, e assim como faz cada lagarta virar borboleta, ela trabalhará também para que cada ser humano se torne a sua essência. Que ela já é. A magia da vida, a essência da vida.
     Nossa natureza é luz, ela caminhará sempre, sempre, sempre – inevitavelmente, nessa direção. Não importa para onde esteja indo, mesmo que para o erro.
     Como somos auto-conscientes de que estamos vivos, podemos cair no erro de achar que somos apenas um acidente. Que nada acontece por nada, que as coisas simplesmente acontecem, e que se não moldarmos o rumo dessas coisas, estaremos fritos, pois não estaremos saindo do lugar.
     Um mago é alguém que foi além da auto-consciência de sua existência pessoal, e passou a investigar a sua ligação com o universo total. Foi a fundo em seus sentimentos, em seus pensamentos, em seus atos, até que chegou ao ponto de observar de onde isso tudo está vindo enquanto está vindo. O Plano de Fundo. Aquele plano que abriga todas as coisas.
     Então o mago começa a viver como a lagarta que está prestes a virar uma borboleta. Ela se movimenta, e começa a criar o seu casulo, sem saber o que é aquilo que ela estará criando. O mago sente a vida colocando a energia em seu ser; ele observa a vida trocando peças, colocando amor aqui, colocando raiva ali, um pouco de dor aqui, um pouco de ação ali. Ele observa que agora ele conversa um assunto com um, fala de outra coisa com outro. Recebe pistas. As vezes se sente feminino conversando com alguém, masculino conversando com outro, parece não haver sexo. As vezes varia com a mesma pessoa. O mago começa a ver que alguma coisa está acontecendo a ele e que ele está apenas observando o acontecer dessa coisa.
     As coisas estão caminhando sem a sua ação pessoal, e ele não sabe exatamente para onde elas estão indo, mas assim como a lagarta que não sabe o que é fazer o casulo, o casulo aparece pronto no final de sua atividade.

     Existe algo desperto que move a lagarta, algo que apenas não é auto-consciente de sua existência pessoal, mas que está sempre presente. Nos seres da terra, isso também existe, mas não atua por si mesmo, pois exercemos controle sobre isso. Então ele está presente, mas os seres da terra não estão presentes nele. Estão caçando aqui, e ali. Mas eles caçam ele, aquilo que já está sempre presente, como se pudessem encontrá-lo em algum lugar, que não em si mesmos. Então eles caem no erro de moldar a energia luz, que é a fonte de tudo, a origem da vida. Mas a energia luz quando é moldada, ela se torna energia da terra, e uma vez assim, elas perdem total conexão, deixando de serem a mesma coisa. Se tornam coisas separadas. Agora existe a energia da terra que é produzida a partir da energia luz, mas que não é a energia luz. Porque a energia luz é tudo que existe, mesmo a energia da terra.
     Quando a energia luz entra em atividade por si só, o ser da terra se torna um mago. Ele estará sempre caminhando para ali, mesmo que por meios distintos, porque aquilo é a sua completude. Enquanto não existe a completude em si, o ser estará sempre buscando estar completo. E nisso reside o erro, porque ele é a completude inalterada.
     Então uma falta pode ser sentida. E por ser sentida, se busca a sua solução. Mas a solução da falta é ela mesma, então só poderá ser encontrada nela.
     Então o ser se vira pra dentro, da um mergulho dentro de sua própria natureza. Inevitavelmente se torna ela. Mais cedo, ou mais tarde, porque o mergulho já se iniciou.

     Mas enquanto os seres da terra estiverem buscando a sua completude, que não realmente na origem do erro de estarem moldando a energia original, estão ficando um pouco atrasados, porque estão perdendo o trem - aquele trem que está passando agora mesmo, enquanto eles estão procurando a solução na moldura.
     Quando o olhar do ser da terra se volta para a origem do erro - que é a sua busca de solução, fora da sua conexão com a atividade de buscar a solução -, o erro começa a ser solucionado, porque a sua solução vêm. 
     
     O mago é quem se tornou a solução, então ele sente a busca, mesmo que não necessariamente estando ela dentro dele, mas que de certa forma também está sim, porque é do que ele é que tudo vem. É como se ele sentisse o puxão da busca. Porque a busca está surgindo do puxão daquilo que ele já é. Mas só que o mago já não está no erro de estar separado da busca, porque essa foi a sua solução. A busca se dá a partir dele, então suga a sua atenção.
     Como o mago está no plano de fundo da busca, sua magia de luz intuitiva lhe da o poder certo para retornar àquele ponto. Ele sabe intuitivamente exatamente onde se encontra aquele ponto, porque aquilo vem dele. Porque ele é aquilo.
     Então o mago começa a soltar magias, começa a soltar frases estranhas, mas muito bem colocadas. Como se houvesse uma inteligência anormal controlando ele, como se ele falasse de algum lugar que não é exatamente a terra em que estamos.
     E quanto mais se escuta essas palavras, mais se sentem os pontos de onde ela também está surgindo, e essa é a solução. A descoberta desses pontos que estão moldando a energia luz. O mago não faz nada, é a sua intuição que faz. Pois o efeito desse moldamento, vem diretamente dele, que é aquilo que os seres da terra já são.
     É como se o mago estivesse dentro dos seres da terra. Então ele é despertado pela magia intuitiva dos próprios seres, que é aquilo que ele é, mas que está em tudo. Então ele solta a magia que você precisa para se tornar a magia que ele já é, que você é - sem a moldura -, porque ele é aquele lugar de onde a busca por solução vem. O lugar onde qualquer coisa vem.

     A magia do mago só será necessária enquanto a magia não estiver em todo lugar, porque quando ela estiver, ela estará sendo tudo. Mas a magia do mago só fará efeito, em quem estiver buscando a solução dentro da própria busca por solução, porque é aquele o lugar de onde todas as coisas vem, que é o que mago se tornou. 
     Se a pessoa não estiver buscando ele nele, estará sugando a vida que o mago é, e o mago perceberá isso, porque o puxão vem dele. Então o mago sente. Ele sabe a origem do erro, porque está dentro dele todas as coisas, que é de onde o erro vem também. O puxão simplesmente acontece nele, sugando sua energia. Mas o puxão acontece com todos. O mago está apenas sensível a isso, porque está no plano de fundo, que abrange tudo.
     Como ele está no plano de fundo, o mago tem uma energia maior, ele pode te aquecer enquanto você ainda não está plenamente lá. Mas, estando com o mago, você poderá perceber melhor de onde vem aquela mesma energia em você, porque além dela estar em você, ela está numa proporção maior nele, porque ele já está no espaço dela. No plano de fundo das coisas. Esse plano abrange um espectro maior de energia. De energia pura, natural, inalterada, completa. Abrange todo o espaço. E ela é sentida por você, porque também está em você. Está apenas mais vivo nele. É como se fosse um reconhecimento de algo que você já é, ou tem.
     Então você pode chegar perto do mago, e acelerar o seu processo de se tornar também a magia. Porque a magia é aquilo que tudo é. Que é o mago, e que também é você, o buscador. Você a reconhece com mais facilidade. Você se dissolve nela, porque o mago já está dissolvido. É como se ele se tornasse um atalho para o reconhecimento dele mesmo em você. Mas você tem que estar atrás da totalidade! Isso é um ponto muito específico, e essencial, porque se não a vida será sugada, ao invés de ser preenchida totalmente. E será sugada de ambos, porque ambos são tudo. Um está consciente disso apenas, e o outro não. Mas ambos já são a fonte. A fonte da vida, de onde surgem todas as coisas.
     A própria luz, que a lagarta também é. Desperta e presente.


~* Palavras que saem da Boca