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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Poder do Amor - Deepak Chopra


8ª Lição

O poder é uma faca de dos gumes.
O poder do ego busca controlar e dominar.
O poder do mago é o poder do amor

A sede do poder é o eu interior.

O ego nos segue como uma sombra escura. Seu poder é
inebriante e sedutor, porém essencialmente destrutivo.

O eterno conflito de poder termina na unidade.



Pouco antes de deixar a proteção de Merlim, Artur ficou muito melancólico. Ele já estava com quase quinze anos, e raramente vira outras pessoas.

- Você está triste por que vai ficar com eles? - perguntou merlim. - Afinal de contas, você pertence à espécie deles.
     Artur afastou o olhar.
- Estou triste, mas não é por esse motivo.
- Por que então?
- Quero lhe fazer uma pergunta, mas não sei como fazê-la, ou se devo fazê-la.
- Faça a pergunta.
     Artur mostrou-se hesitante.
- Não é sobre nenhuma lição que você me ensinou. Mas é uma coisa que desejo saber acima de tudo, quer dizer, se você quiser me contar... - Ele fez uma pausa, meio sem jeito.
- Talvez você queira saber como é estar apaixonado?
     Artur fez que sim com a cabeça, feliz por ter sido salvo pela intuição de Merlim. O velho mago pensou por um momento e disse:
- Em primeiro lugar, não se envergonhe, porque você fez uma pergunta realmente importante. Quando se está apaixonado, existe algo que não pode ser captado através das palavras, mas venha comigo.
     Merlim conduziu artur a uma clareira onde brilhava o sol do meio-dia. Uma vela acesa surgiu na mão do mago, e ele a ergueu contra o sol.
- Você consegue ver se ela está acesa ou apagada? - perguntou Merlim.
- Não - respondeu Artur. O sol estava tão brilhante que a chama da vela se tornara invisível.
- Mas veja - disse Merlim. Ele colocou uma bola de algodão perto da vela, e ela se inflamou imediatamente.
- O que tem isso a ver com o amor? - perguntou o rapaz. Mas Merlim não respondeu. Ele apenas pegou uma flor de genciana silvestre e espremeu duas gotas de seu sumo sobre os dedos de Artur.
- Prove - ordenou ele.
     Artur fez uma careta.
- É muito amargo.
     Merlim levou o rapaz até um lago e lhe disse que lavasse as mãos.
- Agora prove a água - ordenou ele. - Você sente algum amargor?
- Não - admitiu Artur. - Mas o que tem isso a ver com o amor? Novamente Merlim não respondeu, embrenhando-se ainda mais com o rapaz na floresta.
- Sente-se e fique imóvel - disse ele suavemente. Artur fez como lhe fora ordenado. Depois de alguns momentos, um camundongo surgiu furtivamente alguns metros à frente. Uma sombra passou pelo alto, e antes que pudesse se mover, o camundongo foi arrebatado por uma águia, que partiu voando com sua presa em direção a um ninho num penhasco escarpado.
     Desconcertado, Artur disse:
- Mas você disse que ia me ensinar o que é o amor. Por acaso alguma dessas coisas que você me mostrou tem relação com minha pergunta?
- Ouça - disse o mestre. - À semelhança da vela que se torna invisível diante do sol, seu ego se dissolverá na força arrebatadora do amor. Como o sabor amargo que não pode ser detectado quando é diluído pelo lago, o amargor da sua vida será mais doce do que a mais doce das águas quando combinado ao amor. E como a presa devorada pela águia, seu orgulho se tornará um lampejo aos olhos do amor que o consome.

 
     COMPREENDENDO A LIÇÃO

O poder do amor é o poder da pureza. A palavra amor é empregada de muitas maneiras, mas é uma palavra sagrada para o mago, porque para ele, o amor é "aquilo que dissolve todas as impurezas, deixando apenas o verdadeiro e o real".
- Enquanto você sentir medo, você não poderá amar de verdade - advertiu Merlim. - Enquanto você sentir raiva, você não poderá amar de verdade. Enquanto você tiver um ego egoísta, você não poderá amar de verdade.
- Como então eu poderei amar? - indagou Artur, por saber que o medo, a raiva e o egoísmo eram coisas que ele sentia com bastante frequencia.
- Ah, eis o mistério - replicou Merlim. - Por mais impuro que você seja, o amor irá à sua procura e trabalhará em você até que você seja capaz de amar.
     O amor procura a impureza para poder consumi-la. Não existe algo como uma pessoa sem amor, existem apenas pessoas que não conseguem sentir a força do amor. Por ser invisível e continuamente presente, o amor é mais do que uma emoção ou um sentimento; ele é mais do que o prazer ou até o êxtase. O amor é encarado pelos magos como o ar que respiramos, a circulação em cada célula. O amor tudo permeia a partir da sua fonte universal. Ele é o poder supremo, porque sem empregar a força, o amor tudo atrai para si. Até no sofrimento, o poder do amor continua seu trabalho, bem longe da vista do ego e da mente. Comparadas ao amor, todas as outras formas de poder são medíocres.


(...)


Fonte: Deepak Chopra - O CAMINHO DO MAGO.