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quinta-feira, 30 de maio de 2013

No meio do Caminho

           
       No meio do Caminho


     Ele acordava todos os dias com uma inquietação. Sentia que algo estava errado, que algo estava faltando. Em suas reflexões, chegava à conclusão de que não estava seguindo o caminho certo
     Ele queria escalar montanhas, mas a falta de confiança na vida o dizia sempre que ele devia estudar e trabalhar. Ele seguia então o caminho do trabalho, e sentia que algo não estava correto, e isso o machucava por achar que de fato aquele era o caminho certo.
     Havia outra parte dele que o empurrava para escalar montanhas, e quando as escalava, ele sentia que estava no paraíso. Durante aquele único momento ele não tinha dúvidas de que era aquilo que ele queria fazer.
     Quando ele voltava para casa, ele ainda chegava leve, se sentindo no paraíso; mas logo em seguida a sombra do caminho que lhe machucava surgia sobre ele, fazendo o paraíso parecer uma ilusão, apontando que aquele outro caminho era o real.
     Então ele se tornava preocupado, porque a sombra o dizia que era ela o caminho correto, e por toda a sua vida aquele era o caminho que o tinha machucado. Então ele não sabia o porque, mas tornava a seguir o caminho da sombra.
     O tempo foi passando, e ele estava sempre dividido entre seguir o paraíso e também seguir a sombra. Então ele não saia do lugar, ficava no meio; não ia nem para um, e nem para o outro. Ele não conseguia ir nem para o paraíso, e nem para o inferno; permanecia no purgatório, no meio, no lugar onde estava dividido e machucado...
     Mas ele continuava a escalar montanhas também, e isso lhe dava um pouco de ar, o bastante para seguir em frente.
     Com o tempo, ele começou a sofrer acidentes enquanto escalava montanhas, e isso lhe privava meses sem seu ar. Então ele agora se machucava tanto no caminho do trabalho, quanto no caminho das montanhas; sofria acidentes em ambos.
     Aqueles tempos no meio, sem poder escalar e sem poder trabalhar, lhe trouxeram uma grande reflexão. Ele não conseguia chegar a nenhum lugar, pois não caminhava de verdade para nenhum deles dois. E ele se machucava tanto em um, quanto em outro, pois caia sempre no meio da estrada. Talvez ele estivesse no meio porque não escolhia seguir nem um, e nem o outro, e esse era o caminho que o machucava. Talvez ele estivesse se machucando tanto porque estava escolhendo o caminho do acidente, do machucado, da indecisão.
     Então agora ele tinha uma decisão crucial a fazer; continuar no meio do caminho, não caminhando verdadeiramente pra nenhum dos dois, ou encarar uma das duas jornadas: a do paraíso, ou a do inferno.

     Essa era a estrada dele que seguia ao paraíso:


♪ "This is your chance, this is your freedom


Passarinho que tem asa e não decola,
Não tem a oportunidade de descobrir o seu propósito.



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