Depois de o homem vestido num manto negro mostrar ao garoto que era preciso coragem para abandonar o mundo antigo em função do mundo mágico, eles começaram a caminhar pelo jardim.
- Olha - disse o homem -, outra coisa importante no caminho da magia é a abertura. Os seres da terra vivem fechados em si mesmos, em seus próprios objetivos e em sua própria vida. Nesse sentido, o universo não pode chegar a eles e acrescentar coisas que estão além deles mesmos. Eles estão muito ocupados para isso. A magia não pode vir a eles.
- Olha - disse o homem -, outra coisa importante no caminho da magia é a abertura. Os seres da terra vivem fechados em si mesmos, em seus próprios objetivos e em sua própria vida. Nesse sentido, o universo não pode chegar a eles e acrescentar coisas que estão além deles mesmos. Eles estão muito ocupados para isso. A magia não pode vir a eles.
- Um mago - continuou o homem - é um ser totalmente aberto. Quanto mais aberto ele é, mais mágico é o seu ser. Quando mais aberto ele for, mais o universo poderá chegar a ele, acrescentar coisas e se comunicar. Um mago é como uma antena; por estar aberto, ele capta as ondas do universo que estão chegando ao seu redor. É através dessas ondas que a magia acontece, e ele pode ser guiado por elas.
Não havia muito o que dizer, então o garoto permaneceu apenas calado, atento. Eles estavam caminhando agora por um campo bastante florido, parecido com um parque. Tinham alguns bancos de madeira, algumas árvores, e uns canteiros de plantas floridas.
- Que tal sentarmos ali? - Sugeriu o homem, apontando para um banco duplo que ficava próximo a um desses canteiros.
- Uhum - confirmou o garoto. - É até bom... Estou um pouco cansado.
Então eles foram caminhando juntos e se sentaram no banco. O canteiro florido estava logo ao lado deles. O homem analisou o canteiro por um tempo, então perguntou ao garoto:
- O que você repara ao olhar para esse canteiro?
- Que tal sentarmos ali? - Sugeriu o homem, apontando para um banco duplo que ficava próximo a um desses canteiros.
- Uhum - confirmou o garoto. - É até bom... Estou um pouco cansado.
Então eles foram caminhando juntos e se sentaram no banco. O canteiro florido estava logo ao lado deles. O homem analisou o canteiro por um tempo, então perguntou ao garoto:
- O que você repara ao olhar para esse canteiro?
O garoto observou o canteiro por um tempo. Haviam diversos botões de flores amarelas, e algumas arroxeadas. Apenas alguns poucos deles, um décimo do total talvez, estavam abertos; eram flores. O garoto ficou raciocinando um pouco, tentando desvendar o que o homem queria lhe mostrar...
- Hum... - Deixou escapar o garoto, pensativo. - Não sei... Ainda não chegou a época do florescimento? E aquelas poucas flores vieram antes do tempo?
- Hum... - Deixou escapar o garoto, pensativo. - Não sei... Ainda não chegou a época do florescimento? E aquelas poucas flores vieram antes do tempo?
- Interessante - respondeu o homem. - Eu não tinha parado para pensar nisso, mas faz muito sentido.
O garoto deu um sorriso.
- Mas não é bem isso que quero te mostrar... - Disse novamente o homem. - Repare, imagine que todas essas flores e botões são seres humanos. É uma analogia perfeita. A maioria dos seres humanos estão fechados, como esses botões. São os seres da terra. Estando assim, eles estão de certa forma protegidos, suas pétalas estão protegidas. O vento não pode os machucar, a chuva não pode os machucar; quase nada pode os machucar.
- Isso parece bom, vendo por esse lado - disse ainda o homem. - Mas não é nada bom. Quando o ser humano está fechado, ele perde todo o contato com a vida. Ele se torna como uma pedra, dura e insensível. Ele não pode se machucar, mas também não pode amar. Ele não pode sofrer, mas também não pode sentir prazer. Ele não chora, mas também não se alegra. E todas essas sensações, essas variações, são uma forma de alimento. O alimento da alma.
- É por isso que a maioria dos seres da terra sofrem. Por estarem fechados, se sentindo seguros assim, eles perdem o alimento da alma; então suas almas estão sempre carentes. Os seres da terra, por estarem fechados também, perdem o ensinamento que a alma trás embutido com ela; então eles nunca entendem o que está acontecendo. Eles sentem aquela falta, aquela carência, e não encontram os motivos. Então eles começam a enlouquecer. Começam a buscar a solução em tudo. Mas é uma busca inútil, porque a solução está no alimento da alma; que é a sensibilidade, o viver, a abertura. O alimento da alma os preencheria.
- Como não encontram a solução para o seu vazio interior, eles a buscam em sexo, em bebidas, em relacionamentos, em comida, em jogos, em festas, em revistas, em música, em remédios, em consultas, em livros, na vaidade... Em tudo, e nunca encontram. Todo caminho se mostra inútil no fim, então acaba se tornando doentil. Eles vivem uma busca eterna pela solução, sem encontrá-la. A maioria vive a vida inteira assim, e morrem ainda sem a ter encontrado.
- É por isso que a maioria dos seres da terra sofrem. Por estarem fechados, se sentindo seguros assim, eles perdem o alimento da alma; então suas almas estão sempre carentes. Os seres da terra, por estarem fechados também, perdem o ensinamento que a alma trás embutido com ela; então eles nunca entendem o que está acontecendo. Eles sentem aquela falta, aquela carência, e não encontram os motivos. Então eles começam a enlouquecer. Começam a buscar a solução em tudo. Mas é uma busca inútil, porque a solução está no alimento da alma; que é a sensibilidade, o viver, a abertura. O alimento da alma os preencheria.
- Como não encontram a solução para o seu vazio interior, eles a buscam em sexo, em bebidas, em relacionamentos, em comida, em jogos, em festas, em revistas, em música, em remédios, em consultas, em livros, na vaidade... Em tudo, e nunca encontram. Todo caminho se mostra inútil no fim, então acaba se tornando doentil. Eles vivem uma busca eterna pela solução, sem encontrá-la. A maioria vive a vida inteira assim, e morrem ainda sem a ter encontrado.
- Um mago - prosseguiu o homem - é o botão que se tornou a flor. É o ser que tomou coragem para sair da segurança de estar fechado, encarando a insegurança de estar aberto, sem saber o que poderá vir disso. Estando aberto, ele está suscetível a tudo. Se vier uma chuva forte, poderá machucar suas pétalas sensíveis. O vento, se vier forte, também poderá machucá-lo. Ele se tornou um ser sensível, aberto ao mundo. Ele pode chorar, se alegrar, sentir dor, sentir prazer, sorrir, ficar triste... Ele vive o amor, e o amor vem com tudo isso embutido. Tudo isso, pode parecer estranho, mas cada coisinha dessas, mesmo aquelas que julgamos ruins, alimentam a alma. São formas de energia, e essas formas de energia são alimento. Todas elas.
- É perigoso estar aberto, porque agora tudo pode te machucar; é arriscado. Mas quando o botão se abre, ele começa a soltar um perfume que antes não existia. Um perfume delicioso. Ele pode sentir o sol tocando seu interior, aquecendo-o. Ele pode sentir o toque delicado do orvalho da manhã. Ele pode compartilhar seu pólem com a natureza. Sem contar que agora ele exibe a beleza que estava escondida em suas pétalas, que antes, fechadas, não podia ser vista. Agora a pintura da flor pode ser apreciada por qualquer um que observá-la. Ele pode compartilhar... Ele está muito mais vivo do que o botão. O risco é válido, vale a pena, porque a vida cresce indefinivelmente.
- Mas eu estou comentando apenas a capa, há muito mais agregado a essa abertura. Vem uma nova percepção, um novo jeito de ver e sentir o mundo. O universo pode se comunicar com você e você pode percebê-lo atuar. O mago é um sensitivo, ele está aberto a tudo o que se passa ao redor. Ele recebe as energias que estão à volta, ele sente tudo. Ele pode sentir a tristeza de quem está ao seu lado, do mesmo jeito que a alegria também. Ele é como um espaço, onde tudo que está à volta, é compartilhado nele. Mas não cabe a mim comentar muito sobre isso, porque pode parecer confuso se você tentar interpretar. Pela experiência você compreende melhor, e a experiência só vem através da abertura. Através da abertura, a alma se abre ao mundo, e é nessa abertura que a alma revela todos os seus segredos.
- Então um caminho para se aprofundar na magia e acelerar o processo, é se abrir. Se abrir e se abrir, cada vez mais. Entendido?
- Sim, senhor! - Respondeu o garoto, fazendo um gesto de continência.
O homem riu.
- Vamos, seu bobo - disse o homem, se levantando e convidando-o a se levantar. - Ainda tenho mais algumas coisas para te mostrar.
- É perigoso estar aberto, porque agora tudo pode te machucar; é arriscado. Mas quando o botão se abre, ele começa a soltar um perfume que antes não existia. Um perfume delicioso. Ele pode sentir o sol tocando seu interior, aquecendo-o. Ele pode sentir o toque delicado do orvalho da manhã. Ele pode compartilhar seu pólem com a natureza. Sem contar que agora ele exibe a beleza que estava escondida em suas pétalas, que antes, fechadas, não podia ser vista. Agora a pintura da flor pode ser apreciada por qualquer um que observá-la. Ele pode compartilhar... Ele está muito mais vivo do que o botão. O risco é válido, vale a pena, porque a vida cresce indefinivelmente.
- Mas eu estou comentando apenas a capa, há muito mais agregado a essa abertura. Vem uma nova percepção, um novo jeito de ver e sentir o mundo. O universo pode se comunicar com você e você pode percebê-lo atuar. O mago é um sensitivo, ele está aberto a tudo o que se passa ao redor. Ele recebe as energias que estão à volta, ele sente tudo. Ele pode sentir a tristeza de quem está ao seu lado, do mesmo jeito que a alegria também. Ele é como um espaço, onde tudo que está à volta, é compartilhado nele. Mas não cabe a mim comentar muito sobre isso, porque pode parecer confuso se você tentar interpretar. Pela experiência você compreende melhor, e a experiência só vem através da abertura. Através da abertura, a alma se abre ao mundo, e é nessa abertura que a alma revela todos os seus segredos.
- Então um caminho para se aprofundar na magia e acelerar o processo, é se abrir. Se abrir e se abrir, cada vez mais. Entendido?
- Sim, senhor! - Respondeu o garoto, fazendo um gesto de continência.
O homem riu.
- Vamos, seu bobo - disse o homem, se levantando e convidando-o a se levantar. - Ainda tenho mais algumas coisas para te mostrar.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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