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terça-feira, 22 de abril de 2014

Entrando no Mundo da Magia - 2* O Guia


Logo que entrou no castelo das sombras, a porta atrás dele reapareceu, trancando ele lá dentro. É... A primeira coisa ele já tinha comprovado: entrou não dá mais para sair.

Ele estava no saguão de entrada. Havia uma escada, que bifurcava em duas direções no andar de cima, e um lindo tapete vermelho ao longo do centro de todo percurso da escadaria. 

"Clássico" - pensou ele.

Aos arredores do saguão, havia diversas estátuas, todas iguais; estátuas de magos. Haviam plaquetas nelas. Curioso, o menino se aproximou para lê-las. Eram nomes: Siddhartha Gautama... Lao tsé... Lao tzu... Jesus Cristo... Confúcio... Merlim... Rajneesh... E diversos outros nomes que ele nunca ouvira falar. Em cada estátua, havia um nome diferente. Haviam várias, e eram todas iguais.

- Eu sabia que tinha algo diferente neles! - Disse o garoto. - Todos eles falavam diferente, pareciam loucos, porém muito atraentes. Eram todos magos. Eu sabia!

Ele olhou aos arredores e deu um grito:

- ALOOOOW! Tem alguém aí?!

Nenhuma resposta. Era um castelo enorme. Tudo bem, ele já tinha entrado... Mas e agora?

Ele escutou um barulho lá no andar de cima. Olhou para a escada e havia um homem ali, vestido em um manto preto.

- Oi? - Disse o garoto.

- Olá, meu jovem - respondeu aquele homem. - Deve ser um rapaz muito corajoso para querer embarcar nessa jornada...

- Quem é você? - Perguntou o garoto. Na mesma hora, o homem sumiu.

- O que sou eu, seria a pergunta mais correta - disse a mesma voz do homem, agora vindo de trás do garoto. O garoto se virou, aquele homem estava atrás dele.

- Você é um mago? - Perguntou o garoto, espantado.

- Hum... - pensou aquele homem. - Certamente não. Os magos são seres humanos, eu não sou um ser humano.

- O que é você, então?

- Agora sim, uma pergunta correta... - Disse aquele homem, sorrindo. - Sou a luz e a escuridão. Estou no claro e também no escuro. Você não me enxerga, mas pode me ver agir. Sou seu guia, te levarei até a magia.

O garoto olhou para aquele homem, estranhando-o. Aquele jeito de falar lembrava muito os magos... Mas ele não era humano. O que era ele, então?

- Você é Deus? - Perguntou inocentemente o garoto. Aquele homem gargalhou.

- Não tenho nome, nem cor - respondeu o homem. - Não tenho classe e nem cheiro. Muitos me chamam de Deus, outros me chamam de vida. Mas nenhum deles percebe, que sou aquilo que faz a magia.

- Só me enxerga, aquele que se entrega - continuou o homem. - Só me da cores, aquele que não me nomeia. Sou sempre novo, não faço parte do velho. Não dá para me compreender, sou um eterno mistério.

- Você fala bonito - afirmou o garoto. - Mas eu não entendo nada do que diz. O que eu preciso fazer para me tornar um mago?

- Para se tornar um mago, você deve entender os magos, pois eles falam através de mim. Mas entendê-los, não é tão simples assim, porque na verdade você não pode compreendê-los. Para compreender um mago, é preciso uma abertura. Porque a fala deles tem que entrar em você, tem que ser vivida por você; até que se torne sua própria experiência. A única compreensão, vem pela experiência. Por isso muitos poucos se tornam magos, eles precisam viver o ensinamento e não tentar compreendê-lo. Eles tentam compreendê-lo com seu raciocínio. É apenas um mal hábito humano. Então eles estragam a magia, porque a razão não consegue transmiti-la. Se torna um mago aquele que se entrega de coração ao ensinamento, permitindo que o ensinamento toque-o por dentro. Quando o ensinamento ganha vida dentro dele, e isso acontece quando ele se tornou o ensinamento, a magia começa a acontecer através, por, para e com ele. Ele se torna um mago, e passa a enxergar a magia. Enxergando a magia, a magia age através dele. Então ele se torna um propagador da magia.

- Venha comigo - disse ainda aquele homem, dando um passo à frente e acenando para ele vir atrás. - Quero que você compreenda algumas coisas. Vou te mostrar que você precisa de coragem, determinação e entrega nesse caminho. A magia é para poucos, pois poucos tem o que se precisa. Você precisa estar disposto a perder tudo, e até a morrer se for preciso.

- Venha comigo.




~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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