Quando desce a confusão
parece uma morte,
a gente perde o chão.
A gente olha pros lados,
recorda o passado,
mas que porra...
O que será que houve de errado?
Eu adorava escrever, não quero mais. Eu adorava comer, também não quero mais. Ler? Nossa, que paixão! Mas não, também quero não. Cantar? Ouvir música? Pior seria.
Mas o que aconteceu?
Onde foi parar meu passado,
aquilo que era eu?
Onde foi parar meu passado,
aquilo que era eu?
Se eu passar um dia parado, sentado em um canto apenas observando, vai passar tanta coisa em mim que eu não dá pra entender. Vou sentir alegria, conforto, tristeza, raiva, vazio, riqueza, agonia, amor, paixão, saudade, confusão, fome, sacies, vou sentir vontade de sair, vou sentir vontade de ficar, de não levantar... E é engraçado, é curioso, da até para observar a transição entre cada um desses estados. É como se eu tivesse sempre me movendo, para lá e para cá, mas ora bolas, eu estou sentado no mesmo lugar.
Qual é o sentido disso? Não tem nada específico causando essa variação, é como se fosse uma roleta girando e girando... Isso é completamente irracional.
Será que eu quebrei o meu centro emocional? Aquele conjunto de emoções que o Thiago costumava chamar de eu? Talvez eu tenha-o feito um furo, que nem bola de ar, e agora tudo que estava lá dentro começou a sair fazendo aquele barulho típico: "vishhhhhhhhH"
Hahahaha, se for apenas isso soa bom. Fui ensinado que é no vazio que ocorre o encontro com o Rio. Mas disso não há garantias, não é igual a saber que eu vou morrer um dia. E se eu estiver mesmo esvaziando, as poucos isso irá se aquietando, então essa será minha prova.
Confesso que com o passar do tempo me sinto cada vez mais leve, só que isso soa pra lá de enganador. Já faz anos que eu sinto que estou ficando mais leve, mas nunca fico totalmente. Olhando em grande salto para o passado, é obvio que ocorreu uma grande mudança. Então mesmo soando enganado, que houve a mudança já é algo que está pra lá de comprovado.
Me sinto mais consciente... Nossa, bem mais! Eu nem sei mais como era aquele rapaz que ficou para trás. Eu era um sujeito comum e agora eu sou um doidão, birutinha. Confesso a você, se eu pudesse voltar... Ahh, eu bem que voltaria! Hahaha, mas que feia mentira! Não voltaria jamais. Meu mundo cresceu de tal forma que fica até difícil de contar.
Eu vivia numa toca, e no fundo eu não sabia. Agora vivo tão confuso, pois descubro coisas dia a dia. Vivendo um dia meu hoje, parece que vivi 100 do tempo antigo. As vezes passo o dia sentado, e permaneço o dia inteirinho calado, aí vem um amigo e pergunta: "o que você fez hoje?" Eu não sei nem como responder, pois já fiz tanta coisa. Tanta coisa que passou, tanta coisa descobri, tanta coisa percebi, tanta coisa eu pude ver... Nossa, como fica difícil de dizer! Eu poderia responder: "- Nada, passei o dia sentado.", mas isso seria a maior mentira do mundo, pois apesar de sentado, hora nenhuma estive parado.
Sei que pode parecer loucura, pois eu também já fui normal. Hoje que sou um louco, percebo o quanto eu vivia pouco. Minha porta estava fechada, mas hoje eu a abri. E agora vivo tanta coisa, que fica até difícil dividir.
Eu adoraria compartilhar tudo que vejo, tudo que percebo; mas se você se juntar a mim, se você também abrir sua porta, você poderá se assustar... São coisas que se tornam até difíceis de falar. Não porque seja difícil de colocar em palavras, talvez seja um pouco, mas não é bem por isso. Pode soar confuso, e só um doidão poderá entender; ou seja, somente alguém que seja tão louco quanto você.
Enquanto não encontrar alguém que seja assim, ou alguém que tenha se tornado assim, a intuição o alerta de que falar pode ser o fim. Então se faz necessário um filtro, que para um verdadeiro louco não é preciso construir... O verdadeiro louco possui tamanha sanidade, que o filtro nasceu como parte de sua metade.
Com o filtro ele pode viver tranquilo. Pode encontrar um não-louco e se comunicar como se não fosse um dos poucos. Mas todo grande louco carrega um desejo e uma grande missão: trabalhar até que o filtro não seja mais necessário. Se isso acontecer um dia, poderemos até marcar no mundo a data de nosso primeiro aniversário!
Enquanto não encontrar alguém que seja assim, ou alguém que tenha se tornado assim, a intuição o alerta de que falar pode ser o fim. Então se faz necessário um filtro, que para um verdadeiro louco não é preciso construir... O verdadeiro louco possui tamanha sanidade, que o filtro nasceu como parte de sua metade.
Com o filtro ele pode viver tranquilo. Pode encontrar um não-louco e se comunicar como se não fosse um dos poucos. Mas todo grande louco carrega um desejo e uma grande missão: trabalhar até que o filtro não seja mais necessário. Se isso acontecer um dia, poderemos até marcar no mundo a data de nosso primeiro aniversário!
Nesse dia, os loucos serão normais... E eu posso até te dizer, as coisas serão também bem mais reais!
~* Palavras que saem da Boca