~*~
Todos os dias tinha um rapaz que ficava sentado em um banco no meio da praça. Já haviam se passado cinco dias e ele não saia dali. Ninguém permanecia o dia inteirinho naquele lugar para saber por quantas horas aquele rapaz ficava sentado, mas ele nunca fora visto não estando sentado ali.
Sempre que aquele lugar era visto, lá estava ele na mesma posição, olhando à sua volta. As pessoas diziam que ele era louco, que tinha perdido a cabeça.
Sempre que aquele lugar era visto, lá estava ele na mesma posição, olhando à sua volta. As pessoas diziam que ele era louco, que tinha perdido a cabeça.
Mas não havia nenhum sinal de loucura em seu olhar, e nada que ele fazia era digno de uma pessoa desequilibrada. Ele apenas nada fazia. Permanecia o dia inteirinho sentado ali, observando o ir e vir das pessoas.
As pessoas ficavam curiosas, mas ninguém tinha coragem de ir falar com ele. Era muito estranho. "O que eu iria dizer a ele? O que ele iria me dizer? Será que ele gostaria de falar? Será que fala?" Eram muitos pensamentos que impediam as pessoas de matarem a sua curiosidade.
As pessoas ficavam curiosas, mas ninguém tinha coragem de ir falar com ele. Era muito estranho. "O que eu iria dizer a ele? O que ele iria me dizer? Será que ele gostaria de falar? Será que fala?" Eram muitos pensamentos que impediam as pessoas de matarem a sua curiosidade.
Havia um rapaz muito orgulhoso e ele dizia às pessoas que não tinha medo. Em um desses dias, ele estava com seu grupo conversando - perto do louco - e eles entraram nesse assunto de ninguém ter coragem de falar com o louco.
Como conheciam o tamanho do orgulho daquele jovem rapaz, eles disseram que duvidariam que ele tivesse coragem de ir ali falar com o louco, e perguntar a ele o que é que ele tinha.
Como conheciam o tamanho do orgulho daquele jovem rapaz, eles disseram que duvidariam que ele tivesse coragem de ir ali falar com o louco, e perguntar a ele o que é que ele tinha.
Então ele encheu o peito de ar e disse: - Eu vou! Não tenho medo. E lá foi ele de encontro ao louco, se tremendo, mas se mantendo firme.
Ele foi se aproximando do louco, e o louco que olhava na direção contrária ao rapaz, virou o rosto e olhou diretamente para o rapaz, como se já soubesse que ele estaria indo falar com ele. O rapaz olhou no olho do louco na mesma hora que o louco olhou para ele, e eles trocaram olhar.
O rapaz sentiu uma tremedeira por dentro, e desviou o olhar rapidamente. Seu orgulho tinha ido embora e o seu medo também, era estranho. Agora ele se sentia um pouco apreensivo porque se sentia diferente; algo fora do normal estava acontecendo. Era como se ele não soubesse mais quem era, ou como se ele estivesse sendo algo diferente do que sempre fora.
Ele olhou novamente para o louco - aquele olhar despertou tanto sua curiosidade, que enquanto ele não olhasse de volta, aquilo não sairia da sua cabeça -, e se sentiu mais à vontade ao olhar novamente. Sem medo, ele se aproximou um pouco mais e abriu a voz:
- Ei cara, as pessoas dizem que você é louco, você é mesmo?
- Hum... - Ele não parecia nem um pouco incomodado com a pergunta. - Se eu sou louco ou não, eu não sei te dizer; mas todo mundo parece louco para mim, inclusive eu. Se responder a sua pergunta: sim, as pessoas costumam achar que somente eu sou o louco.
- Só que você parece realmente diferente, não pode ser normal alguém passar o dia inteiro sentado sem nada a fazer. Porque você acha que as pessoas te chamam de louco?
- Ah... É porque pensamentos surgem na minha cabeça contra a minha vontade.
- Mas na minha também e eu não sou louco.
- Eu te compreendo, também acontece com você. Mas eu estou separado deles, então os vejo cada um como se fossem coisas.
- Hum... Mas todo mundo pensa, isso é normal.
- Não é bem assim que é. Ninguém pensa, o pensamento acontece. As pessoas que dizem que pensam é porque elas se tornam o que é pensado, como se fossem elas que o tivesse feito; mas não o é. Na verdade, muitas delas não tem nem consciência de que o pensamento está acontecendo; é como se o pensamento fosse a única realidade. Mas não é assim que é, o pensamento acontece.
- O que você quer dizer com "o pensamento acontece"? Você não para de repetir isso, já está parecendo música.
- Ora, quero dizer que o pensamento acontece e nada mais. Eu o vejo, você o é. Mas ele acontece para ambos.
- Eu até agora não entendi porque as pessoas dizem que você é louco.
- Eu sou louco porque vejo os pensamentos como "coisas", então eles acontecem sozinho na minha cabeça. Não sou eu que penso, eu sou quem o vejo. As vezes eu olho para alguém e começo a ver muitas coisas.
- Mas... Será que sou eu quem penso? - O rapaz ficou em dúvida.
- Rapaz, escute um conselho: se você não quiser se tornar um louco, não investigue isso. Continue vivendo como se você fosse o que é pensado e então não terá problemas. É o que todos estão fazendo e eu gosto de observá-los daqui, pois sei que eles não são loucos. Se você investigar, descobrirá que você não é o pensamento, então você passará a ver o pensamento como coisa. Então você passará a ver coisas, será um louco.
Ele foi se aproximando do louco, e o louco que olhava na direção contrária ao rapaz, virou o rosto e olhou diretamente para o rapaz, como se já soubesse que ele estaria indo falar com ele. O rapaz olhou no olho do louco na mesma hora que o louco olhou para ele, e eles trocaram olhar.
O rapaz sentiu uma tremedeira por dentro, e desviou o olhar rapidamente. Seu orgulho tinha ido embora e o seu medo também, era estranho. Agora ele se sentia um pouco apreensivo porque se sentia diferente; algo fora do normal estava acontecendo. Era como se ele não soubesse mais quem era, ou como se ele estivesse sendo algo diferente do que sempre fora.
Ele olhou novamente para o louco - aquele olhar despertou tanto sua curiosidade, que enquanto ele não olhasse de volta, aquilo não sairia da sua cabeça -, e se sentiu mais à vontade ao olhar novamente. Sem medo, ele se aproximou um pouco mais e abriu a voz:
- Ei cara, as pessoas dizem que você é louco, você é mesmo?
- Hum... - Ele não parecia nem um pouco incomodado com a pergunta. - Se eu sou louco ou não, eu não sei te dizer; mas todo mundo parece louco para mim, inclusive eu. Se responder a sua pergunta: sim, as pessoas costumam achar que somente eu sou o louco.
- Só que você parece realmente diferente, não pode ser normal alguém passar o dia inteiro sentado sem nada a fazer. Porque você acha que as pessoas te chamam de louco?
- Ah... É porque pensamentos surgem na minha cabeça contra a minha vontade.
- Mas na minha também e eu não sou louco.
- Eu te compreendo, também acontece com você. Mas eu estou separado deles, então os vejo cada um como se fossem coisas.
- Hum... Mas todo mundo pensa, isso é normal.
- Não é bem assim que é. Ninguém pensa, o pensamento acontece. As pessoas que dizem que pensam é porque elas se tornam o que é pensado, como se fossem elas que o tivesse feito; mas não o é. Na verdade, muitas delas não tem nem consciência de que o pensamento está acontecendo; é como se o pensamento fosse a única realidade. Mas não é assim que é, o pensamento acontece.
- O que você quer dizer com "o pensamento acontece"? Você não para de repetir isso, já está parecendo música.
- Ora, quero dizer que o pensamento acontece e nada mais. Eu o vejo, você o é. Mas ele acontece para ambos.
- Eu até agora não entendi porque as pessoas dizem que você é louco.
- Eu sou louco porque vejo os pensamentos como "coisas", então eles acontecem sozinho na minha cabeça. Não sou eu que penso, eu sou quem o vejo. As vezes eu olho para alguém e começo a ver muitas coisas.
- Mas... Será que sou eu quem penso? - O rapaz ficou em dúvida.
- Rapaz, escute um conselho: se você não quiser se tornar um louco, não investigue isso. Continue vivendo como se você fosse o que é pensado e então não terá problemas. É o que todos estão fazendo e eu gosto de observá-los daqui, pois sei que eles não são loucos. Se você investigar, descobrirá que você não é o pensamento, então você passará a ver o pensamento como coisa. Então você passará a ver coisas, será um louco.
~* Palavras que saem da Boca.