- É que preciso de muito espaço vazio. Espaço vazio abarca o que é necessário para novas idéias, então eu deixo sempre um espaço vazio preenchendo minha cabeça.
- Mas Merlim, as ideias surgem do nada?
- Hum... Quase isso... É que o nada não é nada, ele só é nada para caber espaço para muitas coisas que não sejam nada, mas ele tem sua própria qualidade.
- Hum... Quase isso... É que o nada não é nada, ele só é nada para caber espaço para muitas coisas que não sejam nada, mas ele tem sua própria qualidade.
- E como surgem as idéias?
- Olha, é simples... É só você jogar algo no nada e esperar pelo retorno. Você só pode receber algo novo a partir do nada, porque para que algo novo apareça é preciso de espaço. Todas as grandes descobertas vieram do nada, surgiram quando a mente humana havia cansado.
Eu joguei a minha cabeça no vazio, então as idéias surgem diretamente nela. Eu devo salientar que é perigoso jogar a cabeça dentro do vazio, você pode se perder nele. A menos que você esteja ciente dos riscos que estará correndo, é melhor você nem se arriscar. Se você achar que mesmo com os riscos vale a pena, então você é um forte indicado a mago; mas alerto que poderá morrer sem conhecer a magia, ninguém poderá te garantir. Eu mantenho minha cabeça sempre mergulhada no vazio do chapéu, então as coisas surgem espontaneamente de lá.
Eu joguei a minha cabeça no vazio, então as idéias surgem diretamente nela. Eu devo salientar que é perigoso jogar a cabeça dentro do vazio, você pode se perder nele. A menos que você esteja ciente dos riscos que estará correndo, é melhor você nem se arriscar. Se você achar que mesmo com os riscos vale a pena, então você é um forte indicado a mago; mas alerto que poderá morrer sem conhecer a magia, ninguém poderá te garantir. Eu mantenho minha cabeça sempre mergulhada no vazio do chapéu, então as coisas surgem espontaneamente de lá.
De qualquer forma, você pode colocar a sua mão dentro do meu chapéu, já que você não tem um chapéu de mago, e retirar sua própria ideia.
Para carregar um chapéu e colocá-lo na sua cabeça, você precisará conquistar o seu próprio, como eu conquistei.
Vamos, tente uma vez, tente com uma pergunta. Pergunte algo que queira saber.
Para carregar um chapéu e colocá-lo na sua cabeça, você precisará conquistar o seu próprio, como eu conquistei.
Vamos, tente uma vez, tente com uma pergunta. Pergunte algo que queira saber.
Entenda isso: a pergunta tem que ser sincera, uma dúvida que seja absolutamente sua, do seu coração. Se assim não for, o meu chapéu não poderá ajudá-lo. Se perguntar algo que não venha diretamente de você, a resposta que receberá será confusa, pois a sua pergunta foi confusa para o chapéu. O chapéu é feito do mesmo material que o seu coração, então se a pergunta vier dele, ele saberá responder.
Você pode estar cheio de ideias que coletou no mundo externo, e assim perdeu sua própria pergunta. Então talvez você precise encontrar um espaço vazio primeiro, porque é de lá que vem os reais questionamentos. Vamos, coloque sua mão aqui dentro e faça uma pergunta...
Você pode estar cheio de ideias que coletou no mundo externo, e assim perdeu sua própria pergunta. Então talvez você precise encontrar um espaço vazio primeiro, porque é de lá que vem os reais questionamentos. Vamos, coloque sua mão aqui dentro e faça uma pergunta...
E, tirando o chapéu, estendeu-o para que o menino mergulhasse sua mão. O menino mergulhou a mão, fechou os olhos, meditou um pouco... Mais um pouco... Só um pouquinho mais... E algo lhe surgiu... Ele disse em voz alta: "- Quero saber o que é um vício, como posso me livrar dele, e se o amor também pode se tornar um."
O mago olhou curioso para aquele menino: que pergunta anormal, aquilo só poderia ser real! Mesmo o mago estava curioso para saber o que o chapéu responderia.
Logo após ter feito a pergunta, uma energia entrou pelas mãos do menino, percorreu os seus braços, tomou conta de todo o seu campo energético, e algumas palavras surgiram como mágica em sua consciência:
"Qualquer química que entra no corpo tenderá a gerar um ciclo vicioso. A química entra no corpo e abre um novo espaço que antes não existia. Uma vez que esse espaço foi aberto, a química que a preencheu irá embora, pois a química não é fixa.
Uma vez que ela vai embora, fica um buraco, um buraco que foi deixado por aquele espaço que foi criado e preenchido. O buraco será sentido como uma falta daquilo, ou mesmo uma nova sensação, uma nova química, que irá preencher o buraco e formará um grupo com aquela química inicial - elas estão de certa forma ligadas, são interdependentes, pois tem origem no mesmo espaço. Essa sensação gera um desequilíbrio, que vai se movimentar para se equilibrar, gerando novas químicas.
Uma vez que ela vai embora, fica um buraco, um buraco que foi deixado por aquele espaço que foi criado e preenchido. O buraco será sentido como uma falta daquilo, ou mesmo uma nova sensação, uma nova química, que irá preencher o buraco e formará um grupo com aquela química inicial - elas estão de certa forma ligadas, são interdependentes, pois tem origem no mesmo espaço. Essa sensação gera um desequilíbrio, que vai se movimentar para se equilibrar, gerando novas químicas.
A química pode ser encontrada também nas emoções, pois cada nova química gera uma nova emoção (que é o reflexo dela sentido no corpo), e cada emoção gera uma química associada (que é a informação captada pelo cérebro). O pensamento também pode gerar uma química, pois gera uma emoção.
Quando a química vai embora, ela deixa um rastro que não existia. Nosso cérebro gera novas químicas para equilibrar com a nova gerada pelo rastro.
Quando a química vai embora, ela deixa um rastro que não existia. Nosso cérebro gera novas químicas para equilibrar com a nova gerada pelo rastro.
Para sair de um ciclo químico, basta saltar fora daquele grupo químico específico - não alimentando-o -, e depois esperar observando toda a sua variação; seja em pensamentos, emoções ou diretamente da química. É como uma bateria, se você não a alimenta, quando ela está sendo consumida ela se dissipa com o tempo.
Você tem que esperar, pois qualquer química inserida gerará um novo ciclo, ou dará continuidade ao mesmo. Uma nova química poderá ser também uma reação emocional àquela química já existente.
O amor também gera uma química, pois gera um novo grupo de emoções, e então um novo corpo emocional, e então um novo ciclo. É ai que tá, vivê-lo ou não?"
O garoto ficou espantado. Como aquilo era possível? Ele não conseguia acreditar. Começou a duvidar mentalmente com a certeza de que aquilo não tinha sido real. Merlim percebeu sua apreensão e o perguntou:
- O que aconteceu?
- Veio tudo na minha cabeça, palavra por palavra...
- Sim... Mas é exatamente assim, parece mágica. Essa foi uma das razões para que muitos magos e bruxas do passado fossem condenados. Ninguém conseguia explicar de onde eles conseguiam fazer aquelas coisas, então as pessoas começaram a dizer que eles tinham pacto com algum demônio, ou coisas parecidas, então os caçavam possuindo a razão do grupo. Hoje temos sorte, não somos mais bruxos, somos loucos. Agora fazemos parte do mundo deles, então estamos seguros, não precisamos mais ser caçados.
- Hum... é possível fazer de novo?
- Creio que sim, mas eu não posso dar certeza. Essa mágica depende muito do vento, é ele quem trás... Mas porque não tenta?
Então mais uma vez o mago estendeu o chapéu e o menino mergulhou a mão. Dessa vez ele já sabia o que perguntar, então disse: "- O que pode acontecer quando eu estiver saindo de um ciclo químico?"
O menino ficou esperando com a mão lá dentro, mas nada acontecia. Ele sabia que algo tinha dado errado. O mago olhou para ele, desprendeu duas gargalhadas, e disse:
- O que você está esperando?
- Não aconteceu nada.
- Haha, isso acontece. No começo a gente espera que aconteça da mesma forma anterior, mas nunca é igual. O vento sempre te surpreende... Porque não tira a mão?
E então o menino retirou a mão do chapéu, e sobre a sua palma havia um bilhetinho escrito em letra cursiva:
"Você poderá sentir sonolência, tipo um "estar aéreo".
Acontece algo como uma carência, falta, vazio, uma necessidade daquela química específica. Dentro do ciclo, a falta seria sentida como uma busca, e passaria despercebida. Mas fora do ciclo, sente-se uma brecha. É um pouco hipnótico, parece que você está em transe porque sentiu um vazio. Mas o vazio não é uma química, ele é a ausência dela.
O alerta de que aquilo não está presente, a sensação de buscar aquilo - não é vazia, ela é cheia; e portanto tem uma química. O vazio é a ausência de conteúdo, e o conteúdo é conteúdo buscando por ele mesmo.
A sonolência é parecida com uma desistência em buscar conteúdo, ou o conteúdo em desistência de sua atividade. É conteúdo inativo, é o conteúdo da falta de conteúdo. A sonolência é o mais vazio dos conteúdos, porque vem da falta deles, vem da janela deles, é o vazio sentindo a química da falta dela.
O pensar também é conteúdo, estando assim sempre em busca dele mesmo. O pensamento pensa pensamento que pensa pensamento, e assim vai. A ausência do pensamento, uma brecha, pode ser confundida com uma sonolência, que é o conteúdo da falta de conteúdo ou o pensamento sem pensar. Você pode sentir essa brecha e pensar "estou com sono (... Quero dormir, deveria ir para casa... Que horas são? Nossa, vai demorar...)", ato esse que retornaria para o conteúdo do pensamento. A maioria cai nessa armadilha.
É fato que a química, o pensamento e a emoção, estão muito interligados. É quase impossível separá-los. É como se eles fossem a mesma coisa, atuando em diferentes planos."
O garoto ficou espantado. Como aquilo era possível? Ele não conseguia acreditar. Começou a duvidar mentalmente com a certeza de que aquilo não tinha sido real. Merlim percebeu sua apreensão e o perguntou:
- O que aconteceu?
- Veio tudo na minha cabeça, palavra por palavra...
- Sim... Mas é exatamente assim, parece mágica. Essa foi uma das razões para que muitos magos e bruxas do passado fossem condenados. Ninguém conseguia explicar de onde eles conseguiam fazer aquelas coisas, então as pessoas começaram a dizer que eles tinham pacto com algum demônio, ou coisas parecidas, então os caçavam possuindo a razão do grupo. Hoje temos sorte, não somos mais bruxos, somos loucos. Agora fazemos parte do mundo deles, então estamos seguros, não precisamos mais ser caçados.
- Hum... é possível fazer de novo?
- Creio que sim, mas eu não posso dar certeza. Essa mágica depende muito do vento, é ele quem trás... Mas porque não tenta?
Então mais uma vez o mago estendeu o chapéu e o menino mergulhou a mão. Dessa vez ele já sabia o que perguntar, então disse: "- O que pode acontecer quando eu estiver saindo de um ciclo químico?"
O menino ficou esperando com a mão lá dentro, mas nada acontecia. Ele sabia que algo tinha dado errado. O mago olhou para ele, desprendeu duas gargalhadas, e disse:
- O que você está esperando?
- Não aconteceu nada.
- Haha, isso acontece. No começo a gente espera que aconteça da mesma forma anterior, mas nunca é igual. O vento sempre te surpreende... Porque não tira a mão?
E então o menino retirou a mão do chapéu, e sobre a sua palma havia um bilhetinho escrito em letra cursiva:
"Você poderá sentir sonolência, tipo um "estar aéreo".
Acontece algo como uma carência, falta, vazio, uma necessidade daquela química específica. Dentro do ciclo, a falta seria sentida como uma busca, e passaria despercebida. Mas fora do ciclo, sente-se uma brecha. É um pouco hipnótico, parece que você está em transe porque sentiu um vazio. Mas o vazio não é uma química, ele é a ausência dela.
O alerta de que aquilo não está presente, a sensação de buscar aquilo - não é vazia, ela é cheia; e portanto tem uma química. O vazio é a ausência de conteúdo, e o conteúdo é conteúdo buscando por ele mesmo.
A sonolência é parecida com uma desistência em buscar conteúdo, ou o conteúdo em desistência de sua atividade. É conteúdo inativo, é o conteúdo da falta de conteúdo. A sonolência é o mais vazio dos conteúdos, porque vem da falta deles, vem da janela deles, é o vazio sentindo a química da falta dela.
O pensar também é conteúdo, estando assim sempre em busca dele mesmo. O pensamento pensa pensamento que pensa pensamento, e assim vai. A ausência do pensamento, uma brecha, pode ser confundida com uma sonolência, que é o conteúdo da falta de conteúdo ou o pensamento sem pensar. Você pode sentir essa brecha e pensar "estou com sono (... Quero dormir, deveria ir para casa... Que horas são? Nossa, vai demorar...)", ato esse que retornaria para o conteúdo do pensamento. A maioria cai nessa armadilha.
É fato que a química, o pensamento e a emoção, estão muito interligados. É quase impossível separá-los. É como se eles fossem a mesma coisa, atuando em diferentes planos."
~* Palavras que saem da Boca