As pessoas vivem se questionando a razão de viverem tão infelizes. Talvez a raiz disso não seja nada descomunal; é bem possível que seja algo bem simples, porque ser feliz parece ser algo intrínseco ao ser, e todo mundo parece saber disso.
Você, como todos, nasceu para ser feliz; ou talvez já tenha nascido feliz. Você nasceu para expressar a verdade de seu ser, a sua espontaneidade, e nesse próprio ato de ser espontâneo, sua energia natural fluiria harmoniosamente e o seu ser estaria sempre harmonioso e saudável. Essa é a forma de ser vivo, íntegro, e um com a vida e com a sua natureza. Mas nos tornamos divididos, porque?
Criamos um mundo exigente. Não podemos ser espontâneos, pois nossa espontaneidade é imprevisível. Se formos espontâneos, talvez não conquistemos os nossos objetivos. Mas se formos espontâneos, seremos contentes, e estaremos sempre unidos à nossa natureza - que tudo provém a todos, e a todos os seres em geral.
Buscamos dinheiro e segurança, buscando o nosso contentamento. E se o nosso contentamento e segurança existisse em nossa simples espontaneidade de ser - que nos levaria a ter sempre o que seja preciso, quando seja preciso, de forma a estarmos sempre completos e satisfeitos -, o que poderia estar acontecendo em deixar de ser espontâneo para buscar a segurança e o contentamento?
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Isso é apenas a ponta do iceberg. A razão de não sermos espontâneos vai um pouco mais além deste fato simples. Temos medo de sê-lo. Mas porque? Nós nem sabemos ao certo.
Criamos um mundo onde estamos sempre sendo vigiados - criamos o julgamento. E ele está tão enraizado em nós, que ganhou autonomia. Mesmo sozinhos, sentimos que tem alguém nos vigiando; e isso é muito sutil.
O empregado que trabalha, não consegue ser espontâneo em totalidade. Ele não pode. Ele precisa ser de determinado jeito que se adeque às condições de seu trabalho, e tanto também às condições de competitividade que se fazem presentes no ambiente. Ele passa o dia inteiro não sendo ele mesmo. Por exemplo, ele sente vontade de dançar, mas não pode dançar porque seu trabalho exige seriedade, e o chefe ou os colegas estão logo ao lado, observando-o; ou pelo menos ele sente que o estão observando. Mas o ser dele, a sua energia natural, quer dançar. Isso o faria contente e íntegro. Mas ele não dança, porque precisa ser de outra forma. Então ele passa dias, meses, anos não dançando e querendo dançar; e isso toma tal proporção que ele nem consegue mais sentir que deseja dançar. A energia se tornou reprimida, e agora ele atua integralmente como o empregado.
Como ele passa mais tempo atuando como o empregado do que sendo natural, o hábito se torna profundo, e ele passa a carregar o empregado mesmo quando não está trabalhando. Ele se sente vigiado mesmo em casa, mesmo com a esposa, e mesmo sozinho. Como se tivesse sempre um chefe o vigiando, e ele tendo que ser de outra forma que não a sua natural. Ele sente que se não for "o empregado" - aquele que precisa ser de determinada forma para ser aceito - ele vai perder a esposa, vai perder o carinho dos filhos, vai perder até a si mesmo. Isso tem um ar paranoico, mas não se engane; acontece com todos, e é muito sutil. É imperceptível, inconsciente; tipo um hábito.
Como ele passa mais tempo atuando como o empregado do que sendo natural, o hábito se torna profundo, e ele passa a carregar o empregado mesmo quando não está trabalhando. Ele se sente vigiado mesmo em casa, mesmo com a esposa, e mesmo sozinho. Como se tivesse sempre um chefe o vigiando, e ele tendo que ser de outra forma que não a sua natural. Ele sente que se não for "o empregado" - aquele que precisa ser de determinada forma para ser aceito - ele vai perder a esposa, vai perder o carinho dos filhos, vai perder até a si mesmo. Isso tem um ar paranoico, mas não se engane; acontece com todos, e é muito sutil. É imperceptível, inconsciente; tipo um hábito.
Criamos um mundo onde não podemos ser nós mesmos, e estamos todos nós nos ferindo sem saber. O professor que da aula, ele tem que ser de certa forma que não a sua espontânea; se ele sentir vontade de falar sobre a sua angústia naquele determinado momento, ele não o pode fazer, ou pelo menos sente que não o pode, pois seria incoerente e ele tem que ser um exemplo aos alunos, e então reprime sua naturalidade. O psicólogo que atua no consultório, se ele se irrita com as palavras de seu paciente, ele não pode demonstrar sua natureza, ele deve vestir uma máscara ao ponto de parecer calmo e receptivo ao paciente. O médico não pode descansar quando sente vontade, pois há muitas pessoas dependendo dele, então ele deve forçar a sua natureza afim de continuar trabalhando.
Eu sei que o professor, o psicólogo e o médico são importantes, e que sem eles estaríamos lascados. Mas eu to falando de uma ordem natural, e muitos dos nossos problemas de mau comportamento, de agressividade, de doenças físicas, de doenças psicológicas; nascem justamente do fato de não sermos espontâneos, e devido a isso, nossa natureza reprimida se torna energeticamente doentia. Disso vem distúrbios psicológicos, infelicidade, doenças no corpo e muitas outras patologias.
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Talvez o fato de sermos infelizes, de estarmos sempre em busca de nossa salvação, de necessitarmos de tantos escapes da realidade (drogas, esportes, remédios, filmes, livros, sexo...), seja porque não somos naturais e verdadeiros conosco e com nosso corpo. Sendo sempre algo que não nós, um buraco se faz sempre presente em nosso ser, e sentimos a necessidade gritante de um pouco de ar. No fundo, somos livres, mas ninguém é livre para ser a si mesmo. Então ninguém é livre de fato. Somos passarinhos voando, mas acorrentados a uma árvore. Podemos voar, mas não podemos sair do limite de nossa corrente.
Talvez seja simples ser feliz e pleno, talvez seja apenas ser a si mesmo. Mas será isso tão fácil assim? Há tantos medos inconscientes que nos impedem de ser nós mesmos: "vou perder aquilo; ele não vai gostar de mim; ela vai me rejeitar; meus pais irão se decepcionar". Talvez exija um pouco de coragem, talvez todos reconheçam isto mas não possuam tal coragem.
E se, sendo você mesmo, a vida inteira se ajustasse para estar de acordo com seu estado feliz? De acordo com seu estado natural? E se, você tenha nascido sendo de tal forma que você seja duzentas vezes mais querido, feliz, e rico se seguir sua natureza? E se, você descobrir que seguindo você mesmo, sua história seja parecida com a de um passarinho que viveu a vida preso numa gaiola, e que um belo dia encontrou uma brecha nela, tomou coragem, e saiu da gaiola voando sozinho, e sem tardar, encontrou um bando de semelhantes para viverem juntos, cantando? E se?
E se, sendo você mesmo, a vida inteira se ajustasse para estar de acordo com seu estado feliz? De acordo com seu estado natural? E se, você tenha nascido sendo de tal forma que você seja duzentas vezes mais querido, feliz, e rico se seguir sua natureza? E se, você descobrir que seguindo você mesmo, sua história seja parecida com a de um passarinho que viveu a vida preso numa gaiola, e que um belo dia encontrou uma brecha nela, tomou coragem, e saiu da gaiola voando sozinho, e sem tardar, encontrou um bando de semelhantes para viverem juntos, cantando? E se?
~* Palavras que saem da Boca *~