Ele abriu as asas pela primeira vez. Eram asas longas, branco prateadas. De ponta a ponta, de uma asa a outra, media em torno de três metros. Aquelas asas poderiam abraçar facilmente mais de dez pessoas.
Por longos séculos ele havia vivido na terra, aprendendo as lições e passando pelos testes de fogo do espírito. A Energia-prima estava muito contente; era difícil encontrar um espírito tão determinado em encontrar o caminho luz. Os seres da terra costumavam comparar o diamante - uma pedra preciosa - a uma das coisas mais valiosas que a Mãe-terra havia criado. Aquele espírito com certeza era um diamante.
Ele não podia ver a Energia-prima, mas todos os espíritos nascem com o conhecimento intuitivo de que existe algo que não se vê, e é exatamente isso que determina a prova dos anjos - seguir essa intuição cega.
Não vacilar, é algo muito difícil. Quanto mais se busca aquilo que não pode ser visto, mais o espírito vai ficando sozinho, mais o espírito se distancia dos seres da terra. Essa é a prova máxima: andar sem ser visto, caminhar sem saber, e seguir estando perdido. É como estar na beira de um precipício e ouvir uma voz desconhecida e amigável dizer: - "Pule! Confie em mim.", e pular sem segurança, completamente vulnerável e sujeito à queda. Não há segurança, nenhumazinha sequer.
Só um anjo pode ver um anjo. Quem não é anjo, ao ver um anjo verá um ser da terra, mas alguma coisa o dirá: "aquele ser da terra tem algo". As asas estão ali, batendo; mas elas não podem ser vistas com olhos humanos, apenas com olhos de anjo.
Os anjos estão no meio de nós, vestindo ternos e calças jeans. Estão nas faculdades, nos templos, nos consultórios e nas cidades. Eles são vistos como humanos, mas é bom que seja assim; faz parte daquilo que não se vê. Mas eles falam diferente, e algumas vezes se comportam diferente; também é exatamente como aquilo que não se vê.
Os candidatos a anjo, os espíritos que embarcaram na jornada invisível, são atraídos por essa coisa misteriosa - que vem tanto dos anjos, quanto dos eventos cotidianos -, e não sabem explicar com exatidão o que os atrai. Mas é exatamente assim que é: não tem lógica, não é visível, não tem cheiro e não é palpável. A vida dos anjos vai além dos sentidos humanos.
Quanto mais procura, menos se vê. Quanto mais se escuta, menos se ouve. Quanto mais se sente, menos se é sentido. Quanto mais investiga, mais se está perdido. Quanto mais se teme, mais se descobre destemido.
Quanto mais procura, menos se vê. Quanto mais se escuta, menos se ouve. Quanto mais se sente, menos se é sentido. Quanto mais investiga, mais se está perdido. Quanto mais se teme, mais se descobre destemido.
Soa estranho, mas é real; quanto mais se perde, mais se é natural.
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~* Palavras que saem da boca