Numa manhã de sábado, um rapaz apareceu naquela cidade e sentou-se em baixo de uma árvore alta. Logo que sentou, fechou os olhos, cruzou as pernas, colocou as mãos unidas sobre o colo, e fechou os olhos; imóvel.
Aquele rapaz, jovem, permaneceu uma semana ali, sentado, no mesmo lugar. Com os olhos fechados, do mesmo jeito. Imóvel todo o tempo.
Aquilo começou a chamar a atenção das pessoas da cidade, que passavam por aquela árvore se questionando: "ele está meditando?"; "é um buda!"; "o que ele está fazendo ali?"
Depois daquela semana, o rapaz continuou ali. Na semana seguinte, algumas pessoas, mesmo sem entenderem, caridosas por natureza, trouxeram água e algumas frutas e colocaram próximas ao garoto. Quem sabe ele precisasse de comida?
Mas o garoto permanecia imóvel, como se não estivesse percebendo nada do que estava se passando ao redor.
Passaram-se uma semana, duas... Três, quatro... Já houveram se passado quarenta dias e o jovem, agora mais magro, continuava imóvel. Do mesmo jeito, de olhos fechados.
Aquilo começou a atrair a atenção de pessoas de cidades vizinhas, que viajavam para aquela cidade em grupos, se aproximavam do garoto, faziam uma reverência - mesmo com ele não olhando - e declaravam: - "Bem vindo de volta, óh grande Buda!"
Um menino da cidade, bastante curioso e sem entender muito, foi conversar com seu pai.
- Pai, você viu aquele rapaz que está sentado na árvore a quarenta dias seguidos? Imóvel?
- Vi sim meu filho - respondeu o pai.
- Estão dizendo que é a reencarnação de buda - comentou o filho.
Seu pai deu uma gargalhada bem morna. Então disse:
- Não pode ser, meu filho, buda não estaria meditando.
- Como assim? - Perguntou o filho, sem entender. - Já vi várias estátuas de buda, ele está sempre sentado, meditando.
- Ah, não, meu filho - respondeu o pai. - É apenas um engano.
- Como assim? - Perguntou novamente o filho.
- Buda está apenas sentado, em descanso - contou o pai. - Ele não está meditando.
O menino fez uma cara estranha. Vendo isso, o pai prosseguiu:
- Um buda não medita, ele não precisa.
- Porque não? - Perguntou o filho.
- Meu querido, a meditação é apenas um remédio - respondeu calmamente o pai. - O buda não precisa mais de remédio, o buda está curado.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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