Ego desejava salvar o mundo, fazer alguma coisa pela humanidade.
Ele tinha acordado tarde, estava desempregado. Mas ele confiava em Deus, acreditava nele. Estar desempregado era o seu destino.
Ego vivia matutando como ele ia salvar a humanidade. Ele tinha lido bastante, aprendido muita coisa sobre o ego. E ego agora assumiu uma missão: ele ia passar a mensagem e falar sobre o ego. Ego disse: "é meu destino!"
Ego saía para dar um passeio, saía com a mão no queixo, pensando e pensando o que ele iria fazer, como iria passar a mensagem...
Será que ele faria um vídeo? Será que ele escreveria?
Enquanto passava pela sua rua, os passarinhos das árvores saltitavam em voo e passavam por cima dele. Era bonito. Era engraçadinho. Bem fofo. Parecia que os pássaros estavam querendo chamar sua atenção.
Mas ego não percebia, ele estava ocupado. E não era uma ocupação qualquer, ele estava ocupado com o destino da humanidade. Ego ia salvar ela de algum jeito.
Ego, todos os dias, rezava e pedia a Deus que guiasse seus passos. E, depois de rezar, ego voltava a matutar como iria salvar a humanidade.
Um dia, ego saiu para uma volta na pracinha.
Antes dele sair, um rapaz tinha passado naquela pracinha, com um pichador. Ele pichou no muro da pracinha:
"Pare, escute, fique atento e descanse. Eu não posso chegar a você enquanto você não me deixa agir."
Agora que ego tinha chegado na pracinha, o pichador já tinha ido embora.
Ego começou a dar voltas pela pracinha, pensativo. Ele estava muito preocupado, ele sabia que todo o planeta estava perdido. Ele pensava nos seus pais, nos seus colegas, no pessoal da fazenda... Ego estava preocupado com o mundo.
Ego deu cinco voltas pela pracinha, e toda a vez passava em frente àquele muro. Mas ego estava ocupado, ele não olhava para o muro.
Ego estava dando a sexta volta, foi quando, logo que estava ao lado do muro, um garoto pequeno passou e pisou no pé dele. Ele sentiu dor.
- Olhe para a frente! Seu distraído! Preste atenção! - Disse o garotinho.
Ego olhou para a dor e para o garoto com raiva: Que insulto! O garoto que pisou no meu pé e ainda vem me pedir para ter atenção? Quem ele acha que é?
- Saía de minha frente seu garoto displicente - disse o ego irritado. - Quem você pensa que é para me insultar?
O garotinho pisou no pé de ego de novo, com mais força.
- Olhe para a frente, tenha atenção! - Disse o garoto.
Ego ficou furioso. Sentiu vontade de matar o garoto.
- Saía daqui seu garoto infantil. Olhe bem como você fala comigo! - Respondeu o ego.
O garoto sentiu a raiva de ego e correu.
Ego então seguiu em frente e foi para casa, não viu o muro.
Logo que o pichador saiu da praça, ele passou pela rua de ego e pichou, bem no chão:
"Olhe para frente, sou eu que estou falando com você. Me veja."
E então logo que ego passou pela rua, ele passou cabisbaixo. Chateado com o que o garoto tinha falado. Ele estava confuso. Sentia raiva, sentia desgosto... Ele sabia que era esse o mal da humanidade que ele tinha que curar, e ele o estava sentindo agora.
Mas então ego começou a raciocinar: eu não estava assim. É, eu não estava. É culpa do garoto. Foi ele. Ele é que me fez isso. Agora eu entendo. Isso vem dele.
Enquanto ego tentava se defender, ele passou, olhando para o chão, em frente à escritura do pichador, mas não a viu. Seguiu para casa.
Agora que ele tinha compreendido que o garoto era o culpado, voltara a pensar em sua missão.
E assim ego seguia. Ele tinha uma nobre missão, isso o dava forças para continuar vivo e em pé.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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