Ele estava cansado. Permaneceu dois anos inteirinhos buscando a paz e até agora não havia chegado a nenhum resultado significativo. Já havia tentado de tudo, e a paz ainda parecia algo distante. Quando ficava sozinho, ficava inquieto. Buscava de diversas formas encontrar companhias, ou coisas a fazer. Ficar sem fazer nada, desocupado, apenas sendo, parecia algo difícil de se fazer; e é nesse estado de apenas ser, que ele ouvia dizer que a paz estava.
Ele começou a frequentar igrejas, pois ouvia muito se dizer que a paz está em Jesus. Ele embarcou nas jornadas de orações, se enturmou com a galerinha e, por um tempo, se sentiu bem, bem recebido, e tranquilo. Só que não tardou muito e o incomodo retornou. Talvez ele nunca tivesse ido realmente embora, mas com as novas ocupações e novidades, ele tivesse ficado apenas encoberto, adormecido. No momento em que tudo não era mais novidade, mais uma vez o seu vácuo interno se abriu.
Para onde ele ia, aquele vazio era carregado. Às vezes, ele ia embora, e parecia finalmente ter encontrado a paz. Mas o vazio sempre retornava. E prevalecia. Algo só podia estar errado. Ele observava a natureza, e via claramente que ela toda permanecia em paz. Porque os seres humanos não estavam assim? Não seriam partes do mesmo mundo? Talvez o homem estivesse se distanciando, perdendo esse contato com a sua própria origem. Quando pensava nisso, fazia muito sentido as estórias que havia aprendido com a Bíblia; como a estória de Adão que deixou o Jardim do Édem, ou quando Jesus falava para observar a natureza e que era preciso renascer para o espírito. Talvez os animais e as árvores estivessem em comunhão com este espírito. E talvez este espírito fosse a natureza. E talvez nós fizéssemos parte desta natureza. É... Talvez... Talvez...
...~* Palavras que saem da Boca *~...