Deus ficava todos os dias lá em cima do monte, observando o príncipe no seu palácio reclamar das condições adversas pela qual estava passando.
O príncipe tinha uma beleza encantadora, mas não conseguia conquistar ninguém. Pelo contrário, acabava intimidando as pessoas, afastando elas... Parecia um fardo ser tão bonito, então começou a se torturar com isso.
Tinha também uma inteligência fora do comum, mas não era reconhecida por ninguém. As pessoas achavam que ele era louco, porque falava diferente, falava de coisas diferentes... Parecia um fardo ser tão inteligente, então começou a se torturar com isso.
Tinha um amor de outro mundo; um coração nobre, frágil, amoroso e doce. Mas o mundo estava corrompido, o que era praticado era o modo agressivo. Então não conseguia amar ninguém e ser amado também... Parecia um fardo ter tanto amor, então começou a se torturar com isso.
Cansado de ver o garoto se torturar, um dia, Deus resolveu descer na forma humana e apareceu como um simples camponês encapuzado, no jardim do príncipe.
- Meu querido - disse o homem encapuzado -, de onde você acha que os grandes compositores, pintores, escritores, santos e poetas retiram suas grandes obras?
- Eu não sei... - respondeu o príncipe estranhando aquele homem no seu jardim. Estava andando tão para baixo, que não se importou com as razões daquele homem estar ali, no jardim do seu palácio. Simplesmente levou conversa. - Da bem aventurança?
- Negativo - respondeu o homem. - A bem aventurança vem do prazer de ter a grande obra pronta e dos frutos que ela rende, mas a grande obra vem do cálice que eu os preparei. Foi bebendo do cálice que construíram a grande obra, foi bebendo do cálice que obtiverem o cimento da criação.
- Você precisa entender que para aquelas pessoas que preparo um grande futuro - continuou -, preparo um grande cálice também. É assim com todos. Eles precisam beber do cálice se quiserem o grande futuro. Alguns escapam do cálice, fogem dele, sentem medo do seu gosto amargo... Mas acabam escapando do futuro glorioso também, e às vezes sem nem mesmo saber.
- O meu cálice é uma escolha - disse ele mais uma vez. - Quem bebe da sua amargura, consegue construir uma grande doçura.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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