O doente que seguia o brilho era um rapaz muito estranho. Ele não tinha o controle sobre si mesmo. Ele podia estar engajado em qualquer tarefa, a mais importante que fosse; mas assim que ele via algo que encantava os seus olhos, se perdia totalmente naquela coisa. Ia atrás dela como um bebê que acabou de ganhar um brinquedo novo. Ninguém conseguia segurar aquele garoto.
Ele estava sempre indo para um lado, e para o outro, para um lado, e para o outro; com os olhos brilhantes, seguindo tudo aquilo o que achava bonito. O que conseguia despertar o seu encanto, o seu interesse natural; lá estava o garoto, admirando, como se o mundo nem existisse mais. Ele parecia um doente mental.
Ninguém conseguia compreender por que o garoto vivia assim. Por que aceitava isso? Por que não lutava contra? Parecia ser algo maligno, inimigo; inimigo de sua sanidade. Uma sedução avarenta, que o levava embora das coisas que realmente tinham importância. Ele não conseguia fazer nada. Mesmo se estivesse com a maior oportunidade em mãos, se aquela coisa o puxava, se era seduzido - já era. O menino se perdia, perdendo também aquela oportunidade. Parecia um tolo. Era como se ele fosse um fantoche de tudo aquilo o que era bonito e agradável aos seus olhos.
Mas ele não lutava contra. Era isso o que deixava a cabeça alheia soltando fumacinha. Ele parecia permitir de bom grado. Por quê?!
A verdade era que o garoto não queria mesmo lutar. Apesar do que todos pensavam dele, ele sabia que, tolo eram os outros e não ele. Ele estava no caminho certo. Toda vez que era levado pelo encanto, o menino encontrava uma marca, uma coincidência. Era uma atrás da outra. Ele sentia estar seguindo pegadas, pegadas de alguma coisa; de alguma coisa mágica, sobrenatural; porque era muito, muito esquisito. Ele queria descobrir de todo o jeito o que era aquilo que deixava as marcas, o que aquilo significava.
O garoto estava seguindo as pegadas do espírito. Era por isso que o encanto era tão profundo. Era o único jeito de atrair a atenção do menino e não deixá-lo se perder no caminho. O encanto, as marcas, as pistas; estavam tirando o menino do buraco onde nasceu e levando-o até as estrelas - onde era o seu verdadeiro lugar.
Quando o menino estava lá no alto, na estrela mais brilhante de todas, as pessoas da terra não conseguiam compreender. Elas se perguntavam: "como aquele idiota conseguiu chegar lá em cima?" A resposta estava bem diante dos olhos deles o tempo inteiro. Eram eles quem não percebiam.
~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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