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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Encantamentos




Eles estavam todos animados para a primeira aula de encantamentos, principalmente a Esmeralda, que era uma bruxinha muito bonita, de cabelos compridos e cheios, bem esverdeados.

Esmeralda esperara o primeiro ano inteirinho da escola de magia, apenas ansiosa para poder começar a aprender encantamentos. Ela era apaixonada por encantamentos. Se ela tivesse que escolher algum ramo da magia para se aprofundar, certamente seriam os encantamentos.

Eles chegaram bem cedo no terceiro dia de aula do segundo ano letivo. Os alunos mais velhos sempre contavam que só em estar na presença da professora dessa matéria, já era uma experiência tri-mágica. Eles não contavam o porquê, apenas diziam que era mais fácil compreender na presença dela... Então isso deixava os colegas bastante curiosos.

Os alunos já estavam em frente à porta antes mesmo do horário. Assim que deu o horário, a professora não apareceu, ao invés disso, a porta da sala abriu sozinha... bem lentamente, bem suavemente.

Eles entraram e então se acomodaram. Esmeralda mal podia conter sua euforia, suas mãos chegam estavam suando... Só Deus sabe o quanto ela estava esperando por esse dia.

Depois de uns quinze minutos aguardando sentados, quando os alunos já estavam começando a ficarem inquietos, foi quando uma musiquinha baixinha de piano começou a tocar no ambiente da sala. Não havia nenhum aparelho de som ali, e a música parecia vir de todo o lugar. Não dava para dizer exatamente de onde ela estava surgindo, parecia uma música ambiente.

Era uma música bem doce, lembrava muito músicas de caixinhas de música. Aquelas que, quando você abre, surge uma bailarina dançando ao som de um piano.

A música pegou a garotada de surpresa, e era uma melodia tão bela, que tocava bem fundo nos corações de cada um. Em uns mais, em outros menos; dependia da atenção e da sensibilidade que cada bruxinho carregava.

Logo depois, a porta ao lado da mesa do professor abriu. Depois de aberta, uma moça jovem entrou na sala andando lentamente... O caminhar dela parecia uma música... Ela tinha um brilho fora do comum. Até os objetos por onde ela passava perto, davam a impressão de estarem celebrando, dançando junto com o seu caminhar...

Ela estava vestida como uma princesa, belissimamente atraente. O vestido comprido dela possuía uma longa calda, que parecia acariciar o chão por onde ela passava, como um tapete de seda.

Ela olhou para a classe e deu um sorriso. Posso dizer, com certeza, que metade da classe sentiu estar apaixonado pela professora assim que ela sorriu, tanto os meninos, quanto até algumas meninas. Era difícil de explicar o que tornava a presença daquela bruxa tão encantadora, parecia um conjunto de coisas. Ela não parecia ser humana, parecia ser uma Deusa.

Ela sentou com leveza em frente à classe, cruzando as pernas em um movimento bastante delicado. Depois ela bateu duas palminhas e a luz da sala reduziu de intensidade... Ficou uma luz fraquinha. Depois ela estalou os dedos para um lado e depois para o outro, e, de ambos os lados, uma sucessão de velas acenderam nas prateleiras que ficavam aos arredores da sala, desenhando com as luzes um belo padrão de fogo nas paredes.

Então ela olhou para a turma novamente e deu um novo sorriso. Oitenta porcento da turma sorriu sinceramente em retorno. Estavam todos encantados. Apenas algumas meninas olhavam para a bruxa com um olhar meio torto... Certamente elas não confessariam se perguntassem, mas estavam sentindo um pouquinho de inveja. Era muita beleza numa mulher só. Ninguém conseguia olhar para outro lugar depois que aquela bruxa apareceu.

- Olá, queridos! - Saudou a bruxa. - Eu sou Vênus, sua doce professora de encantamentos.

Era até um pouco difícil acreditar... Mas até a voz daquela bruxa era encantadora. Era doce, suave e gentil. Uma voz amorosa e infantil ao mesmo tempo. Uma voz brincalhona e compassiva ao mesmo tempo. Uma bela voz.

- Olá, professora! - Saudaram os alunos.

Ela deu um sorriso largo e animado. Então começou a falar:

- Bem, meus pequeninhos filhos de Merlim, a primeira coisa que vocês precisam saber sobre os encantamentos, é que eles são feitiços que exigem pré-requisitos. Vocês jamais poderão ser bons encantadores se vocês não obtiverem os pré-requisitos necessários para realizarem os feitiços...

Esmeralda mal estava respirando de tão atenta.

- Os encantamentos são feitiços muito poderosos, porque eles mechem com os corações dos encantados - prosseguiu a professora. - Então os encantadores precisam ser bastante cuidadosos, se não eles poderão acabar fazendo uma bagunça difícil de ajeitar depois.

- Antes de eu começar a ensinar a vocês esta delicada matéria, eu preciso alerta-los de alguns perigos. A magia, como vocês devem saber, possui dois lados: as trevas e a luz. Todos os bruxos carregam ambos os lados dentro de si, faz parte da magia. Cada bruxo deve escolher por si mesmo qual dos dois lados da magia ele irá seguir.

- Eu espero de coração - disse a professora, levando a mão ao peito - que vocês optem pela luz. O caminho das trevas, conduz às trevas; e o caminho da luz, conduz à luz. Os feitiços de um bruxo das trevas conduzirão as pessoas também para as trevas, e os feitiços de um bruxo da luz conduzirão as pessoas também para a luz. O que nós, bruxos, causamos nas pessoas, retorna para nós mesmos. É assim que funciona a magia. Então, um bruxo das trevas levará as pessoas também para as trevas, e trará trevas também na mesma proporção para ele; assim também será com um bruxo de luz.

- Um encantador das trevas - continuou ela -, usará de seus encantamentos para enganar os encantados, seduzindo-os e assim conduzindo-os a um beco sem saída... levando-os assim para uma escuridão sem fim. Já um encantador da luz, levará a beleza para os olhos dos encantados, preenchendo os corações deles com mais brilho e luz, levando ainda mais amor para o viver deles. O egoísmo, a ambição, é o que leva um bruxo a seguir o caminho das trevas; já o amor, a paixão pela harmonia, conduzirá um bruxo ao caminho da luz.

- Vocês estão acompanhando, meus docinhos? - Perguntou ela gentilmente à turma.

Os bruxinhos fizeram um aceno positivo com a cabeça.

- Então... - Ela deu um suspirinho brincalhão. - Vamos começar a falar de encatameeeeeentos - disse ela sorrindo.

Alguns riram, foi engraçado o jeito que ela falou.

- Como eu ia dizendo, os encantamentos necessitam de pré-requisitos. Você não pode realizar um encantamento bem sucedido se você não carrega o pré-requisito. O que são os pré-requisitos?.. Por exemplo: se você deseja realizar um encantamento de beleza, você precisa ter aquela beleza no seu coração antes de usá-la como um feitiço, porque é assim que o feitiço ganha vida. Se o seu coração estiver bem rico com aquela beleza, o seu encantamento será belamente poderoso. Você poderá levar essa beleza facilmente a muitas pessoas com os seus encantamentos. Vocês poderão fazer olhos brilharem por onde forem.

- Se vocês desejam realizar encantamentos de amor - continuou ela -, vocês precisam ter o amor bem firmado no peito de vocês para que o feitiço tenha uma boa performance. Se o amor no peito de vocês for imensamente grande, vocês poderão até mesmo levá-lo com seus feitiços para o mundo inteiro; sem fronteiras e nem limites. O tamanho do seu amor poderá resultar em feitiços milagrosos.

- Se vocês desejam realizar encantamentos de paixão - prosseguiu a professora -, é necessário que tenham um coração apaixonado... E assim por diante. Os encantamentos são feitiços que dependem mais dos pré-requisitos do que dos poderes pessoais de um bruxo. Um bom encantador, não precisa nem se preocupar muito com a execução do seu feitiço. Ele investe no pré-requisito. Ele cultiva a qualidade que quer usar para encantar, e então o feitiço começa a ganhar forma e a surgir daquela qualidade. Quando a qualidade foi bem cultivada, os encantamentos podem começar a brotar espontaneamente do bruxo. Ele começa a encantar às vezes até sem querer. O encantamento pode se tornar até parte do movimento pessoal dele.

- Eu tenho uma pergunta para vocês - disse a professora, fazendo uma pausa. - Como vocês acham que poderiam cultivar um pré-requisito?

A turma pareceu pensativa por um tempo... Então as mãozinhas começaram a levantar e a professora foi apontando para cada uma, dando oportunidade aos alunos de responderem.

- Com pensamentos? - Disse um garoto.

- É possível... - Respondeu a professora.

- Música? - Disse uma garotinha.

- Mole... mole... mole... - Respondeu a professora. - A música ajuda que é uma beleza...

- Animais, professora? - Perguntou Esmeralda, quando a professora apontou para a mão suspendida dela.

- Os animais são encantadores naturais - respondeu a professora, dando um sorrisinho para ela. - Eles podem nos ajudar a enriquecer o pré-requisito facilmente...

- Historinhas? - Perguntou outra menina, assim que a professora apontou para ela.

- As histórias podem ajudar bastante, principalmente belas histórias - respondeu a professora. - Muitos filmes também se incluem como belas histórias...

- A verdade é que tudo pode ajudar - começou a contar a professora, fazendo o restante das mãos levantadas serem abaixadas de volta. - Qualquer coisa que toque o seu coração da forma que deseja encantar, é de grande ajuda e cultivará o pré-requisito. Um grande catalizador desse cultivo, é a criatividade. Um bom encantador pode usá-la de diversas formas para cultivar o seu pré-requisito: ele pode escrever, pode sonhar, pode fazer poemas, canções... Diversas coisas. O importante é que cada bruxinho encontre seu meio de cultivar.

- Eu quero propor a vocês um exercício para a semana - disse ainda a professora -, mais para quem estiver realmente interessado em se aprofundar em encantamentos - ela deu uma piscadinha para Esmeralda. Como é que ela sabia? O.o - Quero que vocês encontrem algo que faça o coração de vocês responderem ao tipo de encantamento que escolheram. Por exemplo: se quer ser um encantador de amor, quero que você encontre algo que faça o amor em seu coração fluir, e então venha depois até a minha sala me contar. Para os outros tipos de encantamento, a mesma coisa: quero que encontrem algo que faça aquela qualidade fluir em seus corações. Podem ir me visitar quantas vezes quiserem. Estou disponível a vocês, bruxinhos...

- Por hoje é só, meus queridos...

Então a professora bateu duas palminhas de novo e as luzes aumentaram de intensidade. A melodia do piano ainda estava tocando, num volume bem baixinho.

A professora levou a palma de sua mão à boca e enviou um beijinho para a turma, um beijinho de despedida. Junto com o beijo que enviou, alguns coraçõezinhos saíram da boca dela, igual a bolhas de sabão, só que todos coloridos. Eles foram saltitando como borboletas pelo ar, até desaparecerem. Foi um belo feitiço.

Alguns garotos não queriam levantar, pareciam caídos de amor pela professora. A professora apenas sorria alegremente para eles. Ela já estava acostumada com isso. Era bastante cuidadosa com a sua magia e com aqueles que a sentia.

Esmeralda saiu da classe correndo para seu quartinho. Ela já sabia o que iria fazer... Ela iria escrever... Escrever uma história de amor. Ela queria ser uma encantadora de amor.


~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Carta de Amor

~ <3 ~

Preste bastante atenção: quanto mais fundo você mergulhar em si mesmo, quando mais você se conhecer e ganhar intimidade consigo; mais sensível será você e sua percepção.

Aos poucos, você perceberá que você é um ser bastante delicado, um ser que não possui armaduras. Você está vestido em seda. Se tornou vulnerável.

Descobrirá uma magia enorme em sua vulnerabilidade, pois ela torna possível o seu contato com o mundo. Você pode ver uma bela imagem, uma bela pessoa, ouvir uma música bonita, uma bela história; e se sentir imensamente tocado por ela. Algo tocará em seu coração, como uma onda, um movimento que conduzirá ele a um novo lugar.

Quanto maior for essa vulnerabilidade, é o mesmo que dizer que você está mais aberto. Sua vulnerabilidade é sinal de que você está abrindo seu coração. É sinal de que está tornando-o uma porta para que o mundo possa entrar e compartilhar com você.

Quando as belas histórias, canções, paisagens, flores... Quando toda a beleza, tanto humana quanto natural, puder invadir você; perceberá então que a cada novo toque que sente, cada vez que permite que o movimento entre, que envolva você... Notará que ele te enriquece. Entenderá que o seu coração é uma casa de tesouros.

Nesse ponto, a vida começa a enriquecê-lo, porque você está acessível a ela. Ela pode entrar, sua porta está aberta. Ela começa então a vir de todos os lados.

Quanto mais rico for o seu coração, ele perderá proporcionalmente espaço para as defesas. Elas ocupam muito espaço. Tudo o que haverá nele será a beleza, e ela é a coisa mais delicada desse mundo.

Como não possui mais defesas, porque a própria beleza as engoliu, você - aquela pessoa que carrega seu coração - precisará aprender a cuidar dele. Aprender a cuidar daquele seu precioso e belo tesouro.

Isso é muito bom, pois te ensinará a ser cuidadoso. Aprendendo a cuidar de seu próprio coração, acabará aprendendo também a cuidar de outros corações, pois são bem parecidos em seu funcionamento.

Perceberá que algumas pessoas, devido à própria natureza delas, são naturalmente violentas e carregadas... Por terem uma experiência dolorosa, aprenderam que o mundo é hostil. Então carregam muitas armas e armaduras; muitas defesas.

Como o seu ser agora não possui mais defesas, estando assim vulnerável e aberto ao mundo, ao se aproximar desse tipo de pessoas, sentirá a espetada das armas e dos metais pesados que elas carregam. Isso machucará, doerá. Você é sensível mesmo e não há nada do que se envergonhar. Isso é lindo. Nós que também somos, sabemos.

Com o tempo, aprenderá a andar perto das flores, a andar perto daquilo que também aprendeu - pela própria experiência - a cuidar de outros corações.

Talvez aprenda esse caminho através da dor. Lembre-se sempre que a dor é boa. Ela aponta que há algo de errado naquele caminho e com aquela pessoa. A dor é o seu anjo, o seu mensageiro, o seu guia... Aprenda a vê-la assim e aprenderá também a escutar o seu recado.

O bom caminho e as boas pessoas não te machucam. De jeito nenhum mesmo. Elas te preenchem, te enriquecem. Elas regam a sua semente. Elas também querem te ver uma linda árvore.



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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O Livro dos Bruxos


[*]

Ele descobriu finalmente que ela era uma bruxa. Foi um alívio e tanto para ele, porque já estava bastante cansado de ver sua mente entortando ao tentar compreendê-la.

Ele caiu de amores por ela facilmente, depois que a conheceu. Ela era uma menina muito bonita em muitos aspectos. Quando ele descobriu a identidade secreta dela, perguntou se ela não tinha enfeitiçado ele, porque aquilo não era comum. Era um amor meio louco.

Ela riu bastante com o que ele disse, e depois contou que não, que é normal, sim. Contou que os bruxos emitem uma beleza mais colorida.

Ele ficou um pouco confuso e curioso, querendo saber então que tipo de feitiços ela fazia.

Ela contou que havia vários deles, mas que ela gostava mais ainda de uma classe específica de feitiços: o livro dos bruxos.

Ele ficou curioso de novo, e quis saber que tipo de feitiços era os daquela classe.

Ela falou que não haveria problema em contar a ele, porque sabia que ele a amava. Mas disse também que seria mais fácil ele ver, porque falar era complicado.

Ele concordou.

\+*+/

Ela convidou ele então para dentro de seu quarto e mandou ele fechar a porta. Disse para ele não contar a ninguém o que veria.

Ele concordou.

Então ela sentou na cama e colocou a mão por debaixo dela, puxando um livro de capa dura de lá.

Na capa do livro, pintado em caneta, havia alguns desenhos: tinha algumas estrelas - sete delas para ser mais exato -, um chapéu de bruxo e uma varinha com uma estrela na ponta. Parecia um livro bem pessoal, tipo um diário.

Ela se levantou e foi até ele, com o livro.

- Preparado? - Perguntou ela.

- Uhum - confirmou ele com a cabeça.

Ela deu uma risadinha engraçada e abriu o livro.

_.~+ * +~._



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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sexta-feira, 16 de maio de 2014

A Identidade Secreta do Príncipe de Ahrmelinda


Todo ser humano nasceu um príncipe e uma princesa, pois foi o Rei de Ahrmelinda quem os deu vida. Porém, no decorrer da vida, se distanciaram da Realeza, fazendo suas reais identidades um segredo em seus corações.

Os príncipes, são demais para a sociedade. Eles são muito atraentes. Eles são como uma música que anda e fala. Mesmo o seu caminhar, cada passo particular, é uma nota musical. Eles são naturalmente sedutores. Delicadamente sedutores.

A sociedade foi criada pelos príncipes que se perderam, foi o único meio de encontrarem alguma qualidade de vida e aceitação. Todos os príncipes perdidos aderem ao padrão da sociedade, pois é o único meio que encontraram de se sentirem bem novamente.

No fundo deles, o príncipe ainda existe. Reprimido e sem vida, mas existe. Está coberto por uma maré de ressentimento, pois o ser ficou ressentido em não poder dar plena vida ao príncipe.

Quando esses seres veem um príncipe com vida - um ser que deixou o príncipe viver -, esse conjunto de mágoas tendem a rejeitar o príncipe. É demais para eles verem tanta beleza que não conseguem ver neles mesmos. Sentem-se feridos, insultados. Então, de alguma forma, mesmo que inconsciente, eles lutarão contra o príncipe. Talvez críticas, julgamentos... qualquer coisa. Eles não conseguem permitir um príncipe ser, não conseguem aceitar. É mais forte do que eles.

Por isso, muitos príncipes são reprimidos logo cedo, ainda durante a infância. Por sorte, sempre existiram alguns raros seres que lutaram pela vida do príncipe, fazendo todo o possível para que sua real origem não fosse perdida. Isso foi muito bom, porque a Realeza de Ahrmelinda manteve-se intacta e não extinta. Esses príncipes se tornaram exemplos, exemplos para todos os príncipes e princesas que sentem saudade da Realeza. Se tornaram exemplos de que é possível ser o príncipe mesmo em meio à sociedade que luta para reprimi-lo. Se tornaram exemplos também de que há muito mais alegria em viver o príncipe, do que em viver o padrão.

Eles descobriram que não há segredo, pois todos os seres carregam a essência de Ahrmelinda em seus corações, então basta revivê-los e o príncipe renasce.

A natureza Real de Ahrmelinda possui algumas características particulares que só ela tem. Isso é bom, pois ajuda a identificá-la. A natureza de Ahrmelinda é sonhadora, apaixonada por fantasias e cheia delas. A natureza de Ahrmelinda é um artista, encantada pela beleza. É como uma criança que quer brincar, que quer brincar inocentemente a sua verdade.

As crianças são muito parecidas com a natureza de Ahrmelinda, porque ela ainda está viva nelas. Ainda não foi totalmente corrompida pela sociedade. Por isso as crianças parecem príncipes e princesas: elas querem brincar, são amáveis, gostam do que tem beleza, e possuem um instinto natural em querer realizar suas próprias fantasias. Exatamente como o povo de Ahrmelinda.

Ressuscitar o príncipe é tarefa fácil, basta procurar pela criança que reside em cada um e ressuscitá-la. Se assim feito, retorna-se para Ahrmelinda, descobrindo-se herdeiro de todo o reino do Rei que os deu vida.

É simples, depende apenas de cada um. Com um pouco de coragem e paixão, o príncipe volta para a pele e retorna ao reino de Ahrmelinda: sua terra natal.



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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sábado, 10 de maio de 2014

O Primeiro Contato de Merida com a Magia


Era aniversário de Merida e ela estava acampando próximo à floresta, com sua família. Merida ainda era uma pequena menininha, mal chegava à cintura de sua mãe. Seu pai tinha feito um arco de presente, e estava ensinando-a como atirar as flechas no alvo. Merida seguiu as instruções do pai, mas errou o alvo, fazendo a flecha escapar para dentro da floresta. Sua mãe, carinhosamente, sugeriu que ela fosse lá buscar, aproveitando a brecha para reclamar em particular com o pai dela, deixando claro que isso não era um presente ideal para a dama que ela era.


Então lá se foi merida, entrando por entre árvores. Ela entrou animada, olhando para todos os cantos à procura da flecha. Entrou um pouco mais para dentro da floresta e foi então que a encontrou. A flecha estava agarrada ao tronco de uma árvore, em uma altura que dava para ela pegar facilmente. Merida foi correndo e a retirou.

Assim que retirou a flecha, Merida ouviu um barulho estranho e olhou ao redor, assustada. Olhou para todos os cantos com atenção, mas nada encontrou. Foi quando ouviu novamente um barulho estranho, mas agora vinha claramente de trás dela. Ela deu um giro de 180 graus e avistou uma luz azul, planando no ar, há meio metro de altura do chão. Era muito atraente. Tinha um brilho mágico.


- Uma luz mágica... - Disse Merida cheia de curiosidade, ao avistar aquela luz flutuante

Imediatamente, Merida foi correndo para perto da luz. Quando chegou, tentou tocá-la com cuidado, mas logo que aproximou a mão, a luz desapareceu.


- Elas são reais! - Sussurrou ela para si mesma, que mal podia acreditar no que estava vendo.

Assim que olhou para o lado, havia uma porção de luzes azuis flutuantes, iguais aquela, traçando um caminho.


Merida foi correndo, animada e saltitante, atrás delas. Sempre que chegava perto de uma, tentava agarrá-la, mas ela desaparecia... Então ela corria atrás da outra na sequência. Sumiu uma, duas, três... Até que ouviu a voz de sua mãe gritando: "Merida! Venha logo, meu amor! Estamos indo embora..."

Quando percebeu, as luzes a tinham levado para fora da floresta, de volta ao acampamento.

Merida foi correndo para perto de sua mãe, empolgada, mal conseguindo conter suas palavras:

- Vi uma luz mágica! - Disse ela para sua mãe, enquanto corria. Quando chegou, ofegante, disse novamente: - Eu vi uma luz.

- Você viu? - Perguntou sua mãe com uma voz doce, agachando ao mesmo tempo para olhá-la na altura dos olhos. - Sabe, há quem diga que as luzes mágicas levam você ao seu destino...

O pai dela, que estava logo ao lado ouvindo, deu uma risada desdenhosa, dizendo:

- Éhh, ou uma flecha! Venham, vamos sair daqui antes que vejamos um duendezinho dançando, ou um gigante se divertindo... - Disse ele, se retirando, rindo e fazendo uma encenação, ridicularizando o que estava sendo dito.

A mãe de Merida olhou para ele com uma face irritada. Então pegou Merida no colo e se levantou acompanhando o marido, um pouco atrás, contando a ela:

- O seu pai não acredita em magia.

- Ele deveria - disse Merida no colo de sua mãe -, porque existe.



BRAVE - Disney Pixar



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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quinta-feira, 8 de maio de 2014

A Iniciação




Havia um vilarejo, bem próximo à cidade, onde era tradição que, assim que completassem vinte e um anos - que era a maioridade -, os interessados no caminho espiritual deveriam procurar o ancião em busca da iniciação.

A cada vinte pessoas que atingiam essa idade, apenas um procurava o ancião. A maioria estava interessada em ir para a cidade iniciar os estudos, e assim iniciar sua carreira profissional.

Um garoto da família Miriáh, desde cedo, tinha experiências estranhas; coisas que não aconteciam com os outros garotos de sua idade. Chegando aos dezesseis, ele já passava por intensas depressões, e não conseguia encontrar a razão exata delas. Isso acontecia em épocas. Às vezes duravam dias, outras vezes meses; sempre indo e voltando.

Cada vez que acontecia, essas experiências faziam o garoto questionar sua existência, seu propósito, e o sentido da vida. Então, aos poucos, seu interesse pelo caminho espiritual foi se consolidando, e aos dezoito anos ele já sabia que assim que chegasse à idade adulta, iria procurar o ancião.

Assim que fez vinte e um anos, no dia de seu aniversário, ele foi na casa do ancião. No caminho, ele estava se preparando para ouvir os ensinamentos, pois sabia que ia se tornar um ouvinte até que se tornasse o mestre. Todo mundo daquele vilarejo sabia que o discípulo, no fim, se tornava o mestre; então o mestre não teria mais utilidade para ele.

Quando chegou na casa do ancião, bateu na porta, e o ancião o recebeu. Eles se cumprimentaram, o garoto contou o que estava fazendo lá, e então o ancião mandou ele entrar e acompanhá-lo até a cozinha, e ajudá-lo a terminar o chá que estava fazendo.

Depois que o chá estava pronto, o ancião serviu duas xícaras, e eles se acomodaram na mesa para apreciarem o chá. Então o ancião perguntou a ele:

- Garoto, o que você acha que faremos aqui?

- Não sei bem... - Respondeu ele. - Mas estou pronto para ouvir seus ensinamentos.

- Hum... - Pensou o ancião por um segundo. - Eu não tenho nada para te ensinar, essa é a verdade aqui. O caminho espiritual não é uma filosofia, então não há o que ser dito. Juntos, tentaremos fazer você enxergar com meus olhos, até que meus olhos se tornem os seus. Eu quero que você venha aqui todos os dias, agora no começo, e daqui há alguns tempos, observando o que for acontecendo, vou pedir que você venha em intervalos... Até que você só venha quando achar que deve vir.

- O interesse na relação mestre e discípulo, é uma mudança energética no discípulo - continuou ele. - O mestre, é aquele ser que está firmado na energia espiritual. O corpo dele está jorrando essa energia, e ela pode ser sentida pelo discípulo atento. A verdade é que não se precisa de um mestre, porque a energia espiritual pode vir por si só ao discípulo, se ele a buscar. Mas é um caminho mais difícil, porque o discípulo terá que começar do zero, sem instrução, sozinho... Então estará sujeito a diversas confusões e armadilhas. O mestre pode funcionar como um trampolim, e facilitar o salto até essa energia, porque ele pode emprestar um pouco dela, e então ela fica mais fácil de ser reconhecida pelo discípulo buscador, assim livrando ele de infinitos becos sem saída.

- Minha presença irá mexer com você, e no começo será estranho - prosseguiu ele -, você precisa estar consciente disso e atento. Na verdade, ela já está mexendo agora mesmo, eu estou percebendo... Você sente isso?

- Uhum... - Confirmou o garoto. - Estou me sentindo estranho.

- O que você sente? - Perguntou o ancião.

- É difícil dizer...

- Olhe diretamente para o que está acontecendo agora em você... Então me diga, o que é?

- Hum... - Pensou o garoto. - Parece que tem algo se mexendo em mim, mas não é constante...

- Isso... - Confirmou o ancião. - Prossiga.

- As vezes sinto um medo, mas logo se vai - contou ele. - Me sinto inseguro, é um pouco confuso o que se passa agora.

- Isso... - Confirmou novamente o ancião. - Continue...

- Sinto vontade de ir embora, e não sinto ao mesmo tempo - continuou contando o garoto. - Tem uma parte de mim que quer ir embora, porque se sente insegura, e outra parte que quer ficar, porque se sente segura. - O garoto fez uma pausa, olhando para o chão... Então continuou: - Eu vejo algo se mexendo dentro de mim... Não consigo dizer exatamente o que é, porque fica variando... Isso é loucura?

- Uhum, totalmente - confirmou o ancião.

O garoto fez uma cara estranha, se sentindo meio ruim. O ancião olhou para ele com cara de decepção por um tempo... Então começou a rir.

- O que foi? - Perguntou o garoto.

- Eu estou brincando - contou o ancião, ainda rindo um pouco. - Não é loucura, é exatamente assim que é. Se você buscasse o caminho sozinho, iria acontecer exatamente isso que está acontecendo agora, e você poderia achar que está ficando louco, e isso seria um problema.

O garoto se sentiu melhor, aliviado por não ser louco.

- A energia espitual que emana de mim, toca você como um vento, porque minha presença é forte - contou o ancião. - Ela vai mexer em todo o seu ser, e isso será muito confuso no começo. Você sentirá muitas coisas, e essas coisas irão variar, do prazer à angústia. Minha presença funcionará como uma faísca, que acenderá a pólvora existente em você, então acenderá a chama aí dentro.

- O que faremos é o seguinte... - Disse o ancião. - Vamos sentar frente a frente por um tempo, fecharmos os olhos, e meditarmos. Isso não é totalmente necessário, porque só minha presença já faz o trabalho... Mas desse jeito, como estamos aqui neste momento, de olhos abertos... Há muitas distrações, então fica mais difícil de apurar sua percepção.

- Quando digo meditar - continuou o mestre -, quero dizer apenas que iremos fechar os olhos, e ficarmos conscientes de tudo o que acontece. Quero que você preste atenção em sua energia, totalmente. Quero que preste atenção no que está acontecendo com você, sem que você faça nada... Só observar mesmo, como se você estivesse vendo um filme, que está passando em você mesmo. Você verá pensamentos, verá sentimentos, pensará nas pessoas, pensará na sua vida, sentirá medo, sentirá confusão, sentirá um calor, sentirá agonia... Você sentirá muitas coisas distintas. Não se preocupe, e não busque sentir nada diferente.

- Com o continuar disso - prosseguiu ele -, uma nova energia ganhará vida em você... Aos poucos... - O ancião olhou firme nos olhos dele, ressaltando suas últimas palavras. - Com ela, virá todo o entendimento que buscamos.

O garoto escutava atento. Enquanto o ancião falava, era estranho, mas parecia que ele já estava meditando... Porque o ancião falava, e o garoto olhava para o que estava acontecendo nele mesmo, pois era como se o ancião tivesse narrando o que estava acontecendo dentro dele.

- Quando a energia estiver ganhando vida em você, nossas meditações serão menos necessárias... - Continuou o ancião. - Porque você não precisará mais que eu te empreste minha presença. Quando ela tiver já bastante viva, você poderá fazer isso sozinho, pois já terá uma presença suficiente para deixar o processo acontecer em você, sem mim. É como se você já estivesse em minha presença, mas é sua própria presença que estará fazendo o trabalho. Sua própria presença estará intensificando ela mesma.

- À medida que a energia for ficando mais viva - contou o ancião -, algumas coisas na sua vida começarão a mudar. Você irá perceber isso... Coisas novas acontecerão, e você saberá que é fruto dessa energia. Haverá uma reciprocidade entre os eventos e a energia, então você começará a aprender algumas coisas... Isso te trará compreensão. Chegará um dia em que você perceberá: você será o mestre. Você saberá disso, uma certeza inquestionável e absoluta. Enquanto não sabe ainda, continuará fechando os olhos, num canto tranquilo, e deixando a energia atuar e ganhar mais vida, ok?

- Certo - confirmou o garoto, decidido. Seu peito estava cheio de empolgação.

- Ok - disse o ancião.

O chá já tinha acabado. O ancião colheu então as xícaras de chá e as colocou na pia para depois lavar. Então conduziu o garoto até outra salinha...

Era uma salinha bem aconchegante. Era uma sala pequena, coberta por um tapete fofo por todo o chão. Havia algumas almofadas espalhadas pelo chão. A parede era pintada em cor vermelho-vinho, e a luz era bem fraca ali.

- Essa é a sala que reservo para meditações - contou o ancião. - Tem uma energia bem boa, não tem?

- Tem sim - confirmou o garoto.

- Acomode-se por aqui - apontou o ancião para um canto. - Pegue quantas almofadas quiser. Apenas sente-se de forma confortável, de uma forma que seja confortável a você. Eu vou me sentar logo aqui - apontou ele para um outro canto, de frente ao canto do garoto.

Eles se sentaram, pegaram algumas almofadas, e acomodaram-se. Era gostoso sentar ali, aquele tapete era bem fofo. Já acomodados, o ancião disse:

- Certo. Agora vamos fechar os olhos e ficarmos alguns minutos assim. Faça como falei: apenas deixe a presença da energia mexer em você. Não se preocupe com o que acontecer. Seja como o espaço - disse o ancião apontando para cima. - Passará cometas, haverá galáxias, algumas estrelas... Planetas, com pessoas... Planetas com ets... - O ancião deu um sorrisinho brincalhão. - E até naves espaciais. Tudo estará passando em você, e você será apenas o espaço por onde todas as coisas estarão existindo, passando e se movendo.

- Vamos começar? - Perguntou o ancião.

- Vamos - confirmou o garoto.

- Vou marcar uma hora em meu relógio - contou o ancião. - Quando apitar, está bom; é o suficiente. Se você sentir que devemos parar antes, apenas me avise. Não é concreto o que estamos fazendo... Se ficar muito desconfortável, apenas avise, ok?

- Tudo bem - confirmou o garoto.

- Então vamos fechar os olhos...

(...)

~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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quarta-feira, 7 de maio de 2014

A Escolha



Você precisa fazer a escolha que decidirá todo o percurso de sua vida. Decidirá suas aventuras, suas conquistas e todo o seu caminho. Você precisa decidir. Decidir se você fica aonde está, no mundo comum, no mundo social; onde as pessoas te dizem o que fazer e onde você segue essa orientação... Ou decidir se você coloca seus sonhos nas costas, como uma mochila, com o peito cheio de coragem e confiança, e atravessa o portal em busca deles. É uma grande aventura, e você não saberá aonde ela irá dar. Mas há uma razão para você sentir tudo o que sente. A vida não é hostil, você tem que confiar. Ela te dá as coisas, coloca as coisas em você, e há uma razão para tudo o que ela faz.

A escolha é sua: ou você escuta os outros, ou escuta a vida que está em você mesmo. Essa escolha decidirá o seu caminho. Decidirá o tamanho de seu mundo. Qual mundo lhe parece maior: o que você sonha ou o que te mostram?

~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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