Pobre Doutor
Já pisei no altar
Agora não posso mais me enganar
Sei das coisas que tem valor
E sei por onde não devo mais caminhar
Comida demais
Não me satisfaz
Castelos de pedra
Não me trazem mais paz
Pena de mendigo?
Isso é coisa que não tenho
O mendigo pode ser um rico
Se souber onde fica o paraíso
Pobre mesmo é o rico mendigo
Livre das amarras
Caminha por onde quer
Se não for mendigo do castelo
Poderá ser um mendigo esperto
Se confiar,
A espera comida trará
Roupas não precisa,
Pois autoimagem talvez não terá
Só não podem invadir o castelho alheio
Dos doutores, dos engenheiros
Mecanizados pelo dinheiro
Pra quem os mendigos são apenas pentelhos
Mas o mundo é grande demais
O castelo é apenas um formigueiro
Acumulado em regiões onde se pratica o dinheiro
O doutor não pode se sentar
No chão sujo onde a natureza se põe a descansar
Por onde caminham cachorros, gatos e aves
E por onde a grama se coloca a espalhar
O doutor tem que pagar pra descansar
Pra ver belas paisagens o final de semana tem que esperar
O doutor foi enganado pela televisão
Achando que precisa de roupas, carros e bela mansão
Eu tenho pena mesmo é do pobre doutor
E muita pena mesmo do dia que descobrir:
"Meu deus, o que que eu fiz?
De que vale o castelo que construi?
Se por toda minha vida,
A liberdade inteirinha eu perdi!"
~* Palavras que saem da Boca *~