Por as pessoas
não viverem de verdade, por não terem coragem de viver plenamente; se
arriscando, tentando, sentindo medo, ou o que quer que seja; elas nunca estão
presentes. Estão sempre no futuro ou no passado, sempre
pensando em suas histórias, em outro lugar. O agora não as satisfaz, pois no
agora, elas são apenas crianças fracas, pequenas e infantis.
Em suas
histórias mentais elas podem representar papel de gigantes e de heróis. Talvez nem
saibam que estão sonhando. Se souberem, para mim, são idiotas; se
fossem inteligentes não iriam aceitar.
Para
ser inteligente você precisa ser corajoso, pois não aceitará nada fácil, não se
iludirá com facilidade; você trilhará o seu próprio caminho, mesmo que você
seja o único dentro dele. Se escolher ser um idiota,
poderá ser um covarde, pois você poderá viver ouvindo os outros, aceitando o que
eles dizem ser a verdade. Poderá permitir até que alguém lhe diga quem você é e o que você deve fazer, mas isto é iludir-se, é viver sem autenticidade.
Um idiota poderá
se iludir, mas um inteligente não. Ele jamais aceitará uma ilusão.
Jamais aceitará não saber quem ele é e irá até o fim para descobrir; mesmo que
essa busca o enlouqueça.
A
vida é a inteligência, e a inteligência é rebelde. Ninguém pode impor nada a ela. Se ela não enxergar aquilo que dizem, ela
não aceitará só porque alguém, ou muitos alguéns, estão dizendo. Ela não está
nem aí. Ela é a verdade dela mesma. Alguém poderá dizer a ela: “a vida é X. Ela
é assim.” A inteligência vai dizer: “é mesmo? Como você descobriu? Se você descobriu
eu posso descobrir também”.
Uma
pessoa inteligente jamais se aquietará se souber que está vivendo algo e não tiver
certeza de que aquilo é mesmo real. Só um idiota pode se enganar, um
inteligente não. Algo dentro dele vai começar a ferver, a borbulhar, a queimar.
Um inteligente poderá
tentar de tudo e no que ele não enxergar a verdade, irá descartar sem lamentar,
não importa o que digam ou insistam. Ele poderá até pensar: “talvez aquilo seja
real e eu que não tenha entendido”, então certamente tentará novamente e
verificará. Mas se não descobrir, não se contentará.
O
inteligente não permitirá que nenhuma voz prevaleça sobre a sua; não permitirá
que ninguém diga a ele o que ele deve fazer. Se alguém o
disser: “faça isso, isso é o certo”, e ele fizer e não achar aquilo coerente e
verdadeiro; ele vai achar que a pessoa é idiota, porque está se iludindo.
Se ele
encontrar algo verdadeiro, o mundo inteiro poderá cair em cima dele dizendo que
ele é doido, e que aquilo não existe. Ele ficará besta em ver que há tanta
gente idiota no mundo.
O inteligente vai
à frente. Ele opta por viver ao invés de se iludir. Ele verifica, ele não aceita. Se ele
descobriu algo, não foi porque alguém contou a ele; foi ele quem experienciou e
atestou aquilo. Ele saberá,
pois terá descoberto sozinho, será sua experiência. Como alguém poderá dizer a ele que
ele está enganado? Qualquer pessoa que disser isso a ele, para
ele está pessoa ou está falando da boca pra fora, ou não sabe de verdade o que
está dizendo.
Um inteligente
não precisa de ninguém para dizer quem ele é, e ele até acha que só pessoas
idiotas é que escutam alguém que fala isso.
O inteligente
é quem é o dono de sua própria vida, é ele quem segura a sua própria coleira, e
ele sabe melhor do que ninguém. Qualquer
pessoa que tente interferir em seu caminho, não obterá êxito, pois nele há
inteligência. Ele sabe o que está fazendo. Se não, porque faria?
As coisas que
ele vive, vêm através de sua própria experiência investigativa. Ele está sempre
investigando. Mesmo caindo
em ilusão, mesmo enganando-se; não poderá durar por muito tempo, pois a
investigação faz falhar qualquer ilusão; ela penetra fundo na raiz da questão.
Ninguém poderá
dizer a um inteligente o que ele deve fazer, pois ele sempre sabe o que ele
está fazendo. Seu próprio fazer é fruto de investigação. Se ele veio
até aqui, ele estava investigando no caminho até aqui, e está também
investigando agora que chegou aqui.
A inteligência
não se engana, não desiste, não dorme e não se ilude. A inteligência é atenta,
esperta, rebelde e corajosa. Outra coisa: é muito rara também. Por isso o mundo
tem tanto medo da inteligência; ela é a coisa mais perigosa do mundo! Nada que
não seja verdadeiro passará despercebido por ela.
E onde existem
mais ilusões do que no mundo? O próprio mundo é uma grande ilusão. Dentro dele,
outras pequenas ilusões são criadas. Sempre que uma ilusão não satisfazer mais
a seu propósito, a falta de inteligência criará outra para suprir a necessidade
da mesma; e a necessidade é
nos escondermos de nós mesmos, somos animais e temos medo disso, poderemos
perder o controle.
É sempre a
mesma coisa; as pessoas continuam no mesmo lugar e esquecidas de si. A verdade
é a única coisa que não é encarada, pois para encará-la, é preciso ter muita
coragem; é preciso ficar sozinho e não escutar a mais ninguém. Talvez não
goste do que descubra, talvez descubra que a própria pessoa que acreditava ser
era uma mentira. No fundo todos
nós temos essa intuição sagaz, só não temos é coragem o suficiente para encará-la
de frente.