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sábado, 23 de junho de 2012

Paradoxo Escutar o Que Não Se Ouve

Vamos começar, contando uma estorinha pro boi se levantar.
                 A galinha segue a rima, procurando sempre um galo pra cantar.
A menina se esquiva, procurando um colo pra se encostar. 
                 O sol nasce pra todos, mas nem todos podem enxergar.
Vivo de repouso, sem nem um segundo eu repousar. 
                 Descanso tranquilo, mas a anos não sei o que é descansar.
Respiro profundo, mas eu nem sei o que é respirar.
                 Canto uma canção, mas eu nem sei pra que cantar.
Santos todos somos, mas precisamos santificar. 
                 O mar é cheio de cores, mas só o azul da pra enxergar.
Quem faz o retorno, acaba voltando pro mesmo lugar. 
                 Quem acende a luz, não descobre o que na escuridão há.
Quem tem coragem de se enfrentar, o pão de todo dia há de conquistar. 
                 Mas como diz o corajoso, nem só de pão o homem viverá.
 
       
 
Como diz um poeta: "...implodir! implodir! implodir! De novo."
 
 

domingo, 17 de junho de 2012

O Espírito e o viajante

O Espírito e o viajante.


     Existe o Espírito, que é único e está em todos nós, mas nem todos sabemos de sua existência. Ele segue seu próprio curso, seu próprio movimento; e a pessoa nada faz, apenas permanece nele enquanto ele se move. Como uma pedra que cai no rio: ela segue, imóvel, até o fim do curso, sabendo que no fim dele ela chegará ao mar, o lugar onde todos se encontram.
     Todos estamos dentro desse Rio. Se um de nós tenta se mover por conta própria, vai pular para fora do Rio e vai tentar puxar as pessoas para fora do Rio também; mas ele não sabe o que está fazendo, pois ele ainda existe de forma separada, ainda não se tornou uma molécula do Rio. 
     Quem se tornou uma parte do Rio, sente quando alguém sai do Rio. Quem está nadando no Rio ainda não desenvolveu essa percepção e pode facilmente ser levado para fora do Rio. Se não por conta própria, pode também segurar na mão de alguém que saiu e ser puxado pelo mesmo, mas eles não sabem o que estão fazendo; apesar de estarem no Rio, eles não vêem o Rio.
     Uma vez fora do Rio, há várias distrações que te levam cada vez para mais distante, e mais distante, cada vez mais. Quando o viajante por algum motivo olha para onde está, sente uma saudade enorme do Rio, mas isso é sentido como uma dor, uma angústia.
     Como o viajante não sabe o que está acontecendo, como não enxerga a si mesmo, aonde está, e nem aonde está o Rio; ele se recorda de que quando estava distraído não sentia dor. Então, rapidamente ele retorna para as distrações, se distanciando cada vez mais do Rio. 
     Vendo que isso o livra da dor de não estar com o Rio, toda vez que o Rio o chama de volta, ele corre para as distrações, pois esta cego e não escuta mais a voz do Rio. Por mais que o Rio o chame, ele não compreende o chamado e fica cada vez mais distante.
     Chega um dia em que as distrações não o distraem mais, e como a distância já é longa, a saudade começa a falar alto. Então o viajante para e começa a abrir seus ouvidos para seguir a Voz e retornar ao Rio. Como ele entrou muito fundo na floresta que bordeia o rio, não vê mais o caminho de volta. O único guia passa a ser essa Voz, e quanto mais se escuta a ela, mais alta ela fica. Ouvindo melhor, fica mais fácil encontrar o caminho de volta, para sair do labirinto, e ir de encontro ao Rio.


    
     Não devemos culpar o viajante. O viajante não sabe da existência do Rio, não sabe que é parte do Rio, e não sabe do poder que se tem ao estar com o Rio. Enfim, ele não sabe o que faz e não sabe o que tem.


~ * Palavras que saem da boca.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Prisão Mental


Tem gente que diz que não é criativa. Mas eu lhe digo: sua mente é tão criativa que inventa estórias sem a sua permissão. A cada hora há uma nova criação.


Enquanto você não parar para escutar, será um eterno prisioneiro de seu próprio filme.

~ * Palavras que saíram da Boca.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Visão de Mundo

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     Eu vejo o mundo como uma grande bola de energia em constante movimento. Somos todos guiados pela fé que temos. Ela está de prontidão para atender o nosso pedido e começar a mover as peças. Está sendo bombardeada para todos os lados: esta em mim, em você, nas pedras, nos animais e nas plantas. O pedido tem que ser verdadeiro, um pedido do coração. A cada movimento nosso, esta energia se move, movendo circunstâncias, pessoas, e a própria natureza, para que o objetivo seja atingido. Não importa muito o que se faz, se diz ou deixa de fazer, ela se move e se adapta às novas circunstâncias.
      Esta energia é de tal forma fiel as nossas escolhas, que se decidirmos por não seguir tua lei, as situações vão ser ajustadas para que a nossa crença seja efetivada. Como se fosse uma brincadeira de criança: você acredita ser um super herói, e de certa forma você se torna um, se sente poderoso, inabalável. Por exemplo, você acredita que não existe uma lei que rege a vida. Este é teu pedido, e esta energia irá mover-se a ele. Você irá encontrar pessoas que pensam igual, descobrirá coisas sem sentido, desejará coisas que não tem, etc.
     Mas se há confiança na caminhada, ela ajustará situações para lhe mostrar que isso é verdadeiro. Traz eventos sincrônicos, pensamentos sobre eventos futuros, coisas que provem que ela é real. É uma escolha, você pode escolher estar a favor ou em desacordo com ela, mas ela sempre estará a favor de você.
      Perceba como as pessoas que acreditam ser algo que não são, tem plena convicção de que são. De fato esta energia traz provas a ela de que aquilo em que acreditam é real, como se a vida fosse uma brincadeira, um jogo que criamos com a nossa capacidade de imaginar.
     Hoje há várias correntes tratando sobre o poder do universo, sobre a lei da atração. Quantos de nós não queremos um mundo mais coeso, mais unido? Fé nisso! Imagine um milhão de pessoas acreditando. Imagine a velocidade com que isso iria se propagar. Nós não precisamos fazer nada, se um movimento precisar ser feito, ele será, mas a controle desta energia.


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Poema Desejo, Quem Tu és?

O Desejo
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Escute o Desejo
É uma voz
Se não tem
Pra que o medo?
~o~
Essa voz é uma criança
Ela pede mas se cansa
Ela insiste mas desiste
Ela chora e se apavora
Mas no fim ela retorna
>>/\\//\<<
O choro pode incomodar
Pode fazer você ceder
Mas a estória se repete
Isso faz você entender
Não importa o que você faz
A criança sempre pede mais
Se ter tudo o que ela pede
Irá falir os seus pais
~~^~~^~~
Será que a voz para?
Não sei, ela pode ficar clara
De sua clareza vem a calma
E um pedido do fundo da alma
Não desiste, não se cala.
~~~~~~~~~~~~~°~~~~~~~~~~~~~

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O desejo é astuto
Ele pode te enganar
Pode te contar estórias
Pra você se endividar
Cuidado quando ele pensar
Ele pode te machucar
Pode fazer você lembrar
De coisas que não quer escutar.
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terça-feira, 12 de junho de 2012

O Verdadeiro Sentido da Meditação



Antes de tudo, há uma palavra que resume de imediato o que é a meditação, e de forma completa; sem reserva para dúvidas ou questões - é autoconhecimento. Qualquer prática real de meditação tem a intenção de te encaminhar nesta direção, na direção de você mesmo.

Não é preciso de postura para meditar porque a meditação nada tem a ver com a postura ou com uma prática específica. Qualquer coisa que nos leve para dentro de nós, que nos faça olhar para nós mesmos, pode ser chamado de prática meditativa. 

Meditação significa apenas tornar-se mais meditativo; o que significa apenas olhar mais para si mesmo. É deixar as opiniões alheias de lado e olhar diretamente de você para você, se conhecer. Quem sou eu de fato? O que se passa aqui dentro?

Podemos meditar em pé, deitado, correndo, pulando, de quatro, engatinhando, de cabeça pra baixo; pois a meditação nada tem a ver com isso. A meditação não ocorre no plano externo, ocorre interiormente. Não ocorre lá fora, ocorre dentro de nós. 

Então tanto faz o que o corpo esteja fazendo, a meditação nada tem a ver com ele no sentido externo. Mas importa sim o que a nossa mente esteja fazendo. Se ela estiver trabalhando sem a nossa presença, sem a nossa vigilância, estaremos perdendo o ponto da meditação.

Estaremos distraídos. Saímos para dar uma volta e deixamos o nosso supervisor trabalhando sem a nossa supervisão, sem as nossas ordens. Então ele está livre para fazer o que ele quiser, e não poderemos culpá-lo depois, pois fomos nós mesmos quem permitimos.

Quando retornarmos, poderemos descobrir que ele trocou tudo de lugar; que está tudo uma bagunça. Talvez seja bem trabalhoso colocar tudo em ordem depois. De certa forma, é isso o que viemos fazendo ao longo da vida inteira: deixando o empregado trabalhar livremente e sem a nossa supervisão.

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A meditação é um abandono de controle. É um permitir, um abrir espaço para qualquer coisa que surja em nosso interior. Sem querer modificar, fugir, rejeitar ou interpretar; aceitando, recebendo, abrindo os braços. É observar tudo o que acontece, minuciosamente. Prestar atenção a cada movimento da mente.

A meditação virou um esporte, mas isto não está correto. Temos a ideia de que um bom meditador é aquele que tem anos de prática. Isso não é verdade. Geralmente, esses que praticam meditação há anos são na verdade bocós. Não compreenderam que a função da meditação é autoconhecimento, e que para isso não há tempo, é algo integral.

A meditação não é uma prática. As práticas poderão levar-nos a nos tornarmos meditativos, mas a meditação não ficará reservada à prática. Se a meditação começar a acontecer, a prática poderá mesmo ser abandonada e a meditação continuará presente durante os momentos em que não se está praticando.

A prática funciona como um abrir da "Porta da Meditação". Quando você abriu a porta e a atravessou, agora você está no plano da meditação. Para que você continuaria a tentar abrir a porta se você já a atravessou?

Para meditar, não se precisa de técnicas; lembre-se disso. É apenas olhar para dentro, para os processos da vida atuantes em você. Estou dizendo isso porque quando ouvimos a palavra meditação, imaginamos algo sobrenatural. Uma posição mística que nos traga luz; uma imaginação fértil que nos leve para o céu. Isso é babaquice!

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Quando começamos esta autoobservação, as coisas que sentimos poderão começar a parecer que se tornaram loucas e confusas, e isto poderá levar-nos a acreditar que as coisas estão fora de ordem e que estamos perdendo o ponto da meditação. Mas, olhando por outro ângulo, quanto mais as coisas vêm a nós e quanto mais intensas elas se tornam, elas vão se tornando cada vez mais visíveis. 

Imagine uma brincadeira de esconde esconde onde você é quem está a procurar. Se as pessoas escondidas ficarem quietas e silenciosas, você terá dificuldade em encontrá-las e terá que vasculhar todo o ambiente. Mas se elas estiverem inquietas e agitadas, farão barulho e isto te indicará diversas pistas de onde elas estão.

À medida que começamos a buscar o equilíbrio e o silêncio interior, nossa mente poderá começar a ficar muito barulhenta, o que poderá também nos levar a acreditar que estamos fazendo alguma coisa errada. Se buscamos o silêncio, porque agora tudo parece mais barulhento? Se buscamos a paz, porque agora enxergamos apenas mais conflitos?

Quanto mais barulho a mente faz, mais visível ela se torna, e maiores são as oportunidades para identificá-la.

Talvez ela sempre fizesse esse mesmo barulho, mas antes o barulho era quem éramos, então não o víamos. Agora que estamos nos tornando aquilo que observa o barulho, estamos vendo-o.

Se vivemos em um lado de um rio e queremos passar para a outra margem, não poderemos passar para ela sem antes termos atravessado o rio. A travessia do rio é necessária.

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Outra coisa legal da meditação é que meditamos buscando atingir algo eterno, e quanto mais nos aprofundamos nela, vamos descobrindo que não existe hora e nem lugar para meditar - a hora é sempre agora.

A meditação é uma constante. Devemos meditar andando, meditar lendo, meditar conversando, meditar trabalhando, meditar dormindo, meditar meditando, meditar não meditando... Estar sempre meditando.

Uma prática real da meditação fará com que aos poucos abandonemos a prática, pois a meditação nada tem a ver com a prática em si. A prática é apenas um esforço para que o ser torne-se meditativo. Quando o ser torna-se meditativo, é aos olhos da meditação que o mundo é visto.

As práticas meditativas verdadeiras aos poucos devem tornar a nossa vida inteira uma meditação. Como se começássemos a praticar e o praticar trouxesse a meditação para o primeiro plano, para o plano principal. A meditação passa assim a ser aquilo que somos, passa a ser os nossos olhos.

Acredito que muita gente não compreenda a meditação e a veja apenas como mais um esporte. Algo para dar prazer, para relaxar, para quebrar a rotina; como um piquenique, por exemplo. E isso poderá até ser real, o sentido poderá ser trocado.

Mas a meditação de que falo é algo diferente; é algo que nos tira do tempo psicológico, que nos tira da nossa mente. É uma revolução no ser. É algo que nos leva para além da dor e do prazer, para além do sofrimento. É algo que muda completamente a nossa forma de ver o mundo, e que nos leva a uma nova compreensão.

É algo com a finalidade de descobrir o que somos de fato e o que é real nisso tudo. É algo que nos torna um observador constante de nossa consciência, de nossos pensamentos, de nossos atos, de nossos movimentos, de nossos sentimentos, de nossas qualidades, de nossos defeitos, de nossos objetivos, de nossas intenções, de nossos medos, de nossos desejos...

É vigiar o tempo todo. Como alguém que espera o patrão exigente e que não tem horário para chegar. Enquanto ele não chega, pode ser sempre agora, é preciso permanecer alerta!



~ * Palavras que saíram da Boca * ~
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