Os Muros que Criaram a Divisão
Era um grande muro de dois lados opostos que os separavam no começo. Ele levava quatro letras no nome, e era vigiado por lobos famintos que poderiam devorá-los a qualquer momento. Mas aquilo era incontrolável, aquilo estava fadado a acontecer.
Ele iniciou com o presente, achando que assim seria mais fácil de destruir a muralha, e, aos poucos, os sinais foram chegando. Ele teve que ser corajoso; teve que entrar em terras perigosas, onde seu segredo poderia ser facilmente revelado. Mas não havia outro jeito, aquela era a única maneira de salvar a princesa.
Ele a conheceu pela primeira vez nos terrenos encantados, e sabia que somente ele poderia libertá-la de sua prisão.
Ela não sabia se essas coisas iriam mesmo acontecer ou não; mas algo que ele sentia, e que não tinha sentido racional, não havia motivos para não ser verdadeiro. Se não havia raciocínio envolvido, era porque aquilo não vinha de interpretação, e, não vindo de interpretação, não tinha como ser distorcido. Aquilo só podia ser real.
Então, ele esperou sem julgar. Suspeitou que isso pudesse vir do lado deles também, e que talvez eles estivessem apenas disfarçando, e foi isso que o motivou a levar fé na questão.
Ele criou uma forma de comunicação que era particular dele mesmo, e ele não se importava se o mundo não o compreenderia. O que ele tinha soube criar as forças necessárias para enfrentar todas as barreiras que certamente surgiriam.
Eram grandes as diferenças de cores e de raças, mas o que havia por traz da pele, em todos, parecia ser o mesmo, não importava o lado ou o tempo.
Ela deu sinais; mostrou que se importava. Isso o fez suspeitar que ela pudesse estar escondendo alguma coisa, e que talvez fosse algo similar com o que ele andava carregando. Ele botou então a inteligência dela em cheque: imaginou que só por haver um intervalo talvez grande entre suas caminhadas, ela não pudesse ter inteligência suficiente para sentir o mesmo que ele, e ter a esperteza de encontrar uma maneira segura de passar a mensagem. Uma maneira que não colocasse sua vida em risco.
No começo ela duvidou da parte deles, e foi a fundo nos questionamentos. Tudo o que ela queria era descobrir o que era real, descobrindo assim se era união o que surgiria, porque se fosse, só teria valor se compartilhado com um mesmo coração.
A partir de agora eles tinham um código; e esse código iria revelar o quanto cada um verdadeiramente se importava.
Esperar não era mais uma decisão,
Não era mais uma questão de tempo.
Esperar era o caminho.